Celebramos, com muita esperança e fé, o terceiro domingo da quaresma. Tempo da nossa conversão pessoal e comunitária, a quaresma é momento de encontrarmo-nos com o Cristo que sofre pelos pecados do mundo, pelos nossos pecados.
A liturgia deste final de semana insere-nos no Mistério da fé, pois coloca-nos diante da fonte de água viva que não seca jamais (Sl 35). Na primeira leitura (Ex 17,3-7) vemos o povo acompanhado de Moisés a caminho. Mas este mesmo povo estava com sede e, por isso, murmurava contra Moisés perguntando por que os tirou do Egito, para matá-los de sede? Então Moisés, clamou a Deus e foi ouvido. De uma pedra, brotou pela fé de Moisés, água para o povo beber. No Evangelho (Jô 4,5-42) situação semelhante acontece. Jesus, cansado da viagem, senta-se à beira do poço de Jacó. Chega uma samaritana e Jesus pede a ela de beber. Mas como pode um judeu, pedir a uma samaritana de beber? Ela é impura! Vemos, numa primeira atitude de Jesus a quebra de paradigmas. Ele não veio para o que estão sãos, mas para os que estão doentes. Muito mais do que pedir água, Jesus queria dar aquela mulher a água da vida eterna, ele tinha sede da fé dela. Ao longo do diálogo, vemos o Cristo, o qual ela e seu povo esperavam, entrar em sua vida e fazer uma mudança radical a ponto de transformar sua vida e de fazê-la uma anunciadora da Verdade que liberta, do próprio Cristo. Dentre os vários aspectos interessantes desta narração de João vale destacar a atitude da mulher após o encontro com o Mestre na beira do poço. Ela não fica fechada na sua experiência, mas partilha-a com os seus. Mas partilha e comunica de um jeito bonito o encontro com Aquele que é, com o Salvador, feito homem. Esse encontro com Jesus é tão decisivo que leva também outros homens e mulheres. Encanta-os, preenche-os. É um encontro do amor. É um encontro da terra seca, árida com a água que faz gerar vida. Que sacia toda sede. Esta experiência profunda com o Cristo marca tanto que as outras pessoas diziam: “Já não acreditamos por causa daquilo que você disse. Agora, nós mesmos ouvimos e sabemos que este é, de fato, o Salvador do mundo”. É encontro libertador! Por isso é que Paulo (Rm 5,1-2.5-8) diz que estamos em paz com Deus por meio de Jesus Cristo. De fato, nós nos gloriamos na esperança da glória de Deus, motivo de nosso deserto, de nosso jejum, de nossa oração e de nossa ação caritativa. É na esperança que não engana, no amor de Deus derramado em nós pelo Espírito Santo que confiamos toda a nossa vida, todo o nosso caminhar penitente.
A nós, cristãos e cristãs desse terceiro milênio, cabe a reflexão: Será que ainda temos sede de Deus? Será que nosso encontro tem sido verdadeiro? Percebemos Deus em nossa vida, no nosso cotidiano? Ou reclamamos como o povo de Israel: o Senhor está no meio de nós ou não?
Que Maria, a serva fiel e obediente, nos auxilie em nossa caminhada rumo aos céus!
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR
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