Este comentário acerca da Contra-reforma fez parte um trabalho do Curso de Licenciatura em filosofia e agora, desejo compartilha-lo com vocês!!! Que seja de bom efeito, apesar de sua simplicidade e limitação. Boa leitura!
Os avanços do protestantismo na Europa ameaçavam seriamente a supremacia da Igreja Católica. Com exceção de Portugal, Espanha e dos territórios sob domínio papal, o restante do continente se encontrava diante de vários conflitos religiosos.
Esse fato apressou a reforma católica que não visou simplesmente a combater a expansão do protestantismo, mas procurou reformular seus conceitos e se adaptar às novas condições políticas européias.
O Tribunal as Inquisição, instituído em 1225, foi fortalecido e colocado sob a direção dos dominicanos em 1542 a fim de combater os progressos do protestantismo. De acordo com Monterio (1963, p. 40):
De um momento para outro a conduta oficial de Igreja modifica-se. Os poderes da Inquisição são reforçados e Paulo III nomeia como inquisidor-mor o cardeal CARAFA, que mais tarde, quando sobe, por seu turno, ao pontificado, com o seu ódio pela heresia, espalhará por todo orbe católico uma onda de terror.
Mas este é apenas um dos muitos expedientes de que a Igreja lança mão, e talvez aquele que, pela reação que provoca, menos resultados virá a dar.
Em 1564, o papa Paulo IV, antigo inquisidor (Carafa), investiu contra as obras científicas: estabeleceu a Congregação do Índex, com a função de selecionar os livros que os cristãos poderiam ler ou não.
A era da repressão da liberdade de pensamento começou, e é (ó ironia do destino!) um papa humanista que a inaugura, criando a Congregação do Índex, que exerce a censura eclesiástica, mas que só começará a trabalhar em pleno rendimento, queimando livros aos milhares e perseguindo os seus autores (não-conformistas ou inculpados de audácia herética), no pontificado de Paulo IV. (MONTEIRO, 1963, P.43)
Deve-se ressaltar que a intolerância religiosa existiu tanto em Estados católicos quanto em Estados protestantes. Quando alguma Igreja protestante conseguia estabilidade para se tornar oficial, os católicos os consideravam hereges e os perseguiam.
A ação da Igreja católica após o Concílio de Trento (1545-1563), momento em que a reforma católica teve início, baseou-se em alguns princípios entre os quais se pode destacar: a restauração do poder da Igreja Católica, a ordenação dos padres após um período de formação em seminários (os quais foram criados neste período), a confirmação do celibato clerical, a proibição da venda de indulgências e relíquias, a fixação do Direito Canônico, a edição oficial da Bíblia e do catecismo.
Além dessas inovações na doutrina da Igreja, é necessário relatar que os conciliares atribuíram ao clero o direito exclusivo de interpretar o dogma e confiaram ao papa o encargo de reformular a ordem interna da Igreja. Nesse período o único texto considerado autêntico para leitura e interpretação da Bíblia era a Vulgata, tradução latina feita por São Jerônimo no século IV.
Grande destaque neste movimento de Contra-Reforma merece Inácio de Loyola. A sua influência é percebida ainda hoje como magnífica no sentido de restaurar a Igreja com seu novo método de evangelização. Nunca a relação entre homem e os acontecimentos foi tão íntima como no caso de Inácio. Monteiro (1963, p.48) explicita bem o aspecto pessoal de Loyola frente ao desejo de se colocar a serviço de uma idéia:
Esse soldado que odeia a guerra, esse mendigo que reprime a mendicidade e que um dia governará por obediência, pratica sobre si todas as experiências que há de impor aos outros. Ao contrário da maioria dos homens, que, supondo os seus semelhantes melhores do que ela, deles exigem mais do que de si mesmos, LOIOLA, que e supõe melhor, exige de si mesmo mais do que ninguém.
É esse homem que funda em 1534 a Companhia de Jesus, em Paris. Às armas violentas da Inquisição, contrapõe-se, agora, o processo mais doce da persuasão. O método desses religiosos é o da conquista do espírito através da educação.
Adaptados a todos os meios e situações, a sua ação no meio social é muito mais profunda do que de qualquer outra ordem. Organizados como um exército, mas ligados por um liame de obediência, ficam à frente, dirigindo ou orientando quase todas as escolas e universidades do mundo católico.
É notável que procederam uma obra de evangelização que sempre esteve, diferentemente da Inquisição, ao serviço de interesses da Igreja, nunca em com outros. Realizaram além deste trabalho educacional, uma reconquista dos territórios perdidos para o protestantismo, conseguiram novos adeptos em terras recém-descobertas, exerceram forte influência sobre as camadas mais abastadas da sociedade e fizeram-se presentes também nas colonizações portuguesas e espanholas, defendendo, sobretudo, o interesse dos indígenas, convertendo-os ao catolicismo e catequizando-os.
Colonizaram o interior de novas colônias, fundaram missões e divulgaram a cultura através de suas grandes obras, inclusive no Brasil. Nesta terra, merecem reconhecimento os padres Manuel de Nóbrega, Antônio Vieira e o grande José da Anchieta.
Em outras palavras: “A Companhia de Jesus é a verdadeira alma da Contra-Reforma. E é ela que, de fato, consegue não só impedir a expansão geográfica da Reforma, como limitar e mitigar seus efeitos” (MONTEIRO 1963, p.52).
REFERÊNCIAS:
BARBEIRO, Heródoto; CANTELE, Bruna Renata; SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História: volume único para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004. (Coleção de olho no mundo do trabalho)
BIHLMEYER, Karl; TUECHLE, Herman. História da Igreja. V.3. São Paulo: Paulinas, 1965.
FARIA, Ricardo de Moura. História. Belo Horizonte: Editora Lê, 1989.
GOMES, Paulo Miranda. História geral. Belo Horizonte: Livraria Lê, 1977.
MONTEIRO, Domingos. O livro de todos os tempos: história da civilização. V.7. Rio de Janeiro: Editora Lidador Ltda, 1963.
REALE, Giovanni. História da filosofia: do humanismo a Kant. V.3.São Paulo: Paulinas, 1990.
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR
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