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PARA QUE FILOSOFIA?


           

1. FILOSOFIA?

            A filosofia pode ser entendida como ato de pensar, ou seja, pensar, refletir, fazer perguntas. Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas: “que horas são?”, “que dia é hoje?”. Além disso, dizemos frases: “ela ficou maluca”, “ele está sonhando”. Fazemos também afirmações: “onde há fumaça, há fogo”, “não sai na chuva para não se resfriar”. Avaliamos coisas: “Maria está mais jovem do que Marta”, “esta casa é mais bonita do que a outra”.
            Por trás de cada uma dessas perguntas há o desejo de uma resposta, que já na pergunta, contém várias crenças que não são cotidianamente questionadas por nós. Quando alguém sonha acredito que sonhar é diferente de estar acordado; que o tempo existe; que existe um dia, mês, ano; existem relações de causa e efeito e muitas mais.
            Como se pode notar, nossa vida cotidiana é sempre feita de crenças silenciosas, da aceitação de evidencias que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias.

1.1 A ATITUDE FILOSÓFICA

            Imaginemos, agora, alguém que começasse a fazer perguntas inesperadas: em vez de “que horas são?”, O que é o tempo?; em vez de “está sonhando?, ou está maluca?”, o que é o sonho?, a loucura? A razão? O que é a causa?,  O efeito?, O que é a verdade?, O que é a liberdade?, O que é a moral? O que são os valores? Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam nossa existência.
            Ao tomar essa distância estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos, no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica, ou ato de pensar filosófico.
            Uma primeira resposta à pergunta: o que é filosofia? Seria: a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.

2. ORIGEM DA FILOSOFIA
           
            A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras palavras: Philo, que deriva de philia, que significa amizade, amor fraterno, amor entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
            Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, a estima, o procura e o respeita.
            A origem da palavra filosofia é atribuída ao filósofo grego Pitágoras de Samos, que viveu no séc. V a.C. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

2.1 O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Os historiadores da Filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI a.C, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto.
A filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: a cosmologia. Esta palavra é composta de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado e logia, que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, conhecimento. Dessa forma, a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza.



3. PARA QUE FILOSOFIA?

            Interessante esta pergunta. Afinal não vemos ninguém perguntar: para que a matemática, a física, a química, a geografia , geologia, a história? A literatura, a pintura, a música? Essa pergunta parece receber uma resposta irônica: não serve para nada, é uma ciência sem a qual o mundo permanece tal e qual. Por isso o filósofo parece ser alguém distraído, com a cabeça no mundo da lua, dizendo coisas inúteis e que ninguém entende.
            Em nossa sociedade alguma coisa só tem razão de existir se tiver uma finalidade prática, imediata. Todas as questões levantadas pela ciência e que o cientista parte delas como já respondidas: verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, são, na verdade, questões filosóficas. É a filosofia que as formula e busca respostas para elas. Assim o trabalho da ciência pressupõe o trabalho da filosofia.
            Então a filosofia não é uma pesquisa de mercado para conhecer preferências dos consumidores e montar uma propaganda. É muito mais: é um trabalho intelectual. Ela trabalha com enunciados precisos e rigorosos, opera com conceitos e idéias com fundamentação racional e experimental. A filosofia preocupa-se com a verdade das questões colocadas por ela, que esclareçam-se as dúvidas, formando conjuntos coerentes de idéias e significações.
            Enfim, a filosofia é ainda, interligada com a ética, a arte de viver. Estudando nossas paixões, desejos, vícios humanos, liberdade, vontade, capacidade de nossa razão, ensina-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, ensina-nos a virtude.

REFERÊNCIA

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12.ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.

Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR


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