Pular para o conteúdo principal

Reflexões de um inciante ... "seria bom comer da árvore , pois era atraente para os olhos e desejável para se alcançar o conhecimento."


Quaresma: tempo de graça e conversão! Momento oportuno de recolhimento pessoal e de acolher a misericórdia de Deus que nos faz homens e mulheres novos, capazes de vencer as tentações dos prazeres imediatos, do poder e das riquezas.
Celebramos, com firme esperança, o primeiro domingo da quaresma. Na liturgia fica muito clara a escolha desobediente do homem e da mulher diante dos presentes que Deus lhes deu (a criação) e obediência do Cristo que se entrega e oferece para salvar a cada um de nós, mesmo sendo tentado, no deserto, pelo diabo.
Na Primeira Leitura (Gn 2,7-9;3,1-7) percebemos que Deus forma o homem e a mulher, sopra neles o sopro da vida e dá-lhes toda a criação para que cuidem e recebam dela o necessário para viver. Interessante é que eles não conseguem viver com o que é oferecido por Deus, mas desobedecem a ordem do Criador e comem da “árvore proibida” porque era atraente para os olhos e para se alcançar o conhecimento. Estamos neste momento quaresmal e refletimos igualmente na Campanha da Fraternidade sobre a vida no planeta. Parece que a realidade de Adão e Eva não é diferente da que vivemos atualmente. Mais uma vez desobedecemos a Deus diante da criação que ele deixou em nossas mãos para que dela cuidássemos. No entanto, o que vemos é uma falta de compromisso imensa com os bens criados e ofertados a nós.
Mas Deus nunca abandona o seu povo e não cessa de amar-nos, inclusive enviando o seu próprio Filho para ser nosso Salvador. Se pela desobediência de um homem entrou o pecado no mundo, pela obediência de outro, veio-nos a salvação. Se a morte reinara até então, com Cristo, a vida volta a brotar e reinar superabundantemente. É o que nos diz São Paulo na Segunda Leitura (Rm 5,12.17-19).
Jesus, Filho de Deus, quis ser igual a nós (menos no pecado). Ele veio para que a vida reinasse novamente entre nós e para que não ficássemos imersos no sofrimento que aprisiona, nos males que nos afastam do Pai. Mas, como nós, Ele não estava isento das tentações e provações que o diabo coloca nos nossos caminhos. Como relata Mateus (4,1-11), Jesus também foi tentado como nós somos muitas vezes. E foi provado pelas mesmas razões que, na maioria das vezes, nós somos também. Ele também teve que escolher diante das propostas diabólicas do prazer fácil e imediato, do poder e das riquezas que podem nos fechar diante da bela criação de Deus.
Hoje percebemos que as tentações são muitas e variadas: egoísmo, individualismo, consumismo e tantos outros males que estão diante de nós e que nos encantam e seduzem. Mas é Jesus mesmo quem nos ensina a vencer estes obstáculos e dificuldades do nosso dia-a-dia. Ele nos ensina a obediência ao Pai, a respeitar a vontade de Deus em nossa vida e a acolhermos a sua obra como presente divino.
A nós, cabe meditar nesta semana: Como é minha relação com Deus? Obediência? Desobediência? Como me porto diante da criação? Qual meu compromisso nesta quaresma diante dos apelos da Campanha da Fraternidade? Estou resistindo às tentações que procuram afastar-me de Deus e dos irmãos?
Vivemos um tempo privilegiado na Igreja, tempo que nos faz esperar confiantes a vitória do nosso Deus sobre o pecado e a morte. Que nesta liturgia, o mesmo Espírito que conduziu Jesus ao deserto para ser tentado, esteja junto de nós na escuta atenta da Palavra e da vontade de Deus para que possamos cumprir com amor e fidelidade a nossa missão de cristãos frente aos desafios e tentações do mundo em que vivemos. Amém!

Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO: Introdução à eclesiologia

11.        INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo resumir o livro “Introdução à Eclesiologia” de Salvador Pié-Ninot. Evidentemente não é uma tarefa simples, dado a complexidade do tema e, ao mesmo tempo, as discussões polêmicas que o mesmo está envolvido. Por exemplo: Jesus fundou a Igreja ou ela simplesmente foi aquilo que seus seguidores conseguiram oferecer? Essa e outras questões polêmicas perpassam na mente de qualquer estudante de teologia. Por isso, o resumo aqui apresentado fez questão de ser fiel ao autor nas observações, nos apontamentos e, ao mesmo tempo, na disposição dos capítulos que foram lidos e analisados. Para isso, no desenvolvimento está elaboraram-se tópicos que correspondem aos capítulos em número de 6 mais a conclusão. Assim, fala-se no estudo da história do Tratado de Eclesiologia, dos conceitos fundamentais relacionados à Igreja, de Jesus à Igreja, da Igreja primitiva e edificada pelos sacramentos, das dimensões da Igreja, da missão da Igreja e, final

ESSÊNCIA, PESSOA E SUBSTÂNCIA

I – INTRODUÇÃO             O presente trabalho apresenta uma breve definição das palavras ESSÊNCIA, PESSOA e SUBSTÂNCIA. A ordem de apresentação foi estabelecida a partir da ordem alfabética. Ao longo do texto notar-se-á que se buscou apresentar a origem do termo pesquisado, bem como a sua evolução e o que ele significa no campo teológico, mais especificamente em relação à Trindade. II – ESSÊNCIA, PESSOA, SUBSTÂNCIA             O problema inicial que permeia a definição de essência, pessoa e substância começa pelo fato de os gregos falarem de uma essência e três substâncias e os latinos de uma substância e três pessoas [1] . Sendo assim, corre-se o risco de confundir os termos e seus significados. Por isso, estudou-se apenas a concepção latina sem fazer as devidas comparações com a grega. a)       ESSÊNCIA Por esse termo é entendido, em geral, a resposta à pergunta “o quê?” [2] , por exemplo, na pergunta: ‘o que é o homem?’. A resposta, em geral, exprime a essên

A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)

RESUMO: A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)   1.       INTRODUÇÃO   O presente trabalho é um resumo da obra de Bruno Forte “A Igreja ícone da Trindade”. A leitura foi realizada de forma atenta e interessada tendo em vista a importância do tema. Divindade em três grandes partes, o livro apresenta a “ ECCLESIA DE TRINITATE – de onde vem a Igreja?”, a “ ECCLESIA INTER TEMPORA – o que é a Igreja? A forma trinitária da Igreja” e a “ ECCLESIA VIATORUM – para onde vai a Igreja?”. Dessa maneira, a apresentação desse resumo seguiu o mesmo esquema apresentado pelo autor. No entanto, no livro ele faz divisão de capítulos ao apresentar cada uma das três partes. Aqui, no entanto, pensou-se em apresentar em um único texto corrido a reflexão de Bruno Forte no intuito de elaborar um pensamento único que faça a conexão dos assuntos entre si, dado que todos estão inter-relacionados.   2.       A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE   Bruno Forte escreve este