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ÉTICA DA JUSTIÇA – Adriano Sella (Fichamento)

1.      A JUSTIÇA NO SEGUNDO MILÊNIO DA IGREJA
p. 189 – “A rica tradição da Bíblia, dos Padres da Igreja e dos doutores como Santo Tomás, sobre a justiça como um grande compromisso e dever do cristão e da pessoa humana, foi se reduzindo gradativamente no segundo milênio até desaparecer por volta da segunda metade. A época moderna assombrou esta grande dimensão da vida cristã e humana, pois colocou o bem individual como prioridade da vida”.
p. 190 – “Perdeu-se também a convicção, bem presente até São Tomás, de que cada ação econômica, tendo como fim em si a acumulação e o enriquecimento, é uma atitude imoral cristã”.
Nós não falamos que Tomás seja o Evangelho, nem que a vida econômica conhecida por ele fosse a nossa. Mas aquilo que nos interessa é a coerência e a constância da tradição cristã dos textos do NT até os Padres e São Tomás: em todo este prazo – cerca de 1200 anos, e todo o espaço geográfico e cultural, onde o Evangelho foi transmitido, a mesma visão moral do relacionamento entre a pessoa e as riquezas ficou constante, apesar das condições culturais, estruturais, econômicas muito diferentes entre elas”.
p. 191 – A realidade católica do segundo milênio [...] gerou [..] uma consciência que considerava a miséria não como produto da história humana, mas algo produzido pela fatalidade e pelo destino”.
Afirmar que a pobreza do pobre (sua morte) é natural ou vontade de Deus, ou pretender a reconciliação antes de odiar o mundo e fazer justiça, são propostas de uma teologia da demonização”, declara Dussel.
p. 192 – “Esta concepção de pobreza absolveu o homem e acusou o destino ou até Deus, gerando uma ética de resignação, pois não se podia mudar o destino ou ir contra Deus. Como consequência, temos o desaparecimento do compromisso pela justiça [...]”.
“A doutrina da pobreza causada pela natureza levou a dois caminhos de ação para enfrentar a questão da miséria: os pobres deviam aceitar a própria situação como pobreza e se resignar, enquanto os ricos eram incentivados a se comprometer [...]”.
“[...] o dever da justiça [...] tornou-se apenas um dever de esmoa”.
p. 192-193 - “A Igreja não ficou despreocupada com os pobres [...], porém a única preocupação ficou somente em nível de esmola para que os pobres pudessem aceitar a situação de miséria.  [...] Para fazer aceitar a amarga pobreza sem revolta, a Igreja criou a espiritualidade do sofrimento, ou seja, uma espiritualidade do sacrifício que salvava a ala e garantia a alegria do paraíso”.
p. 193 – “Este tipo de espiritualidade foi também um fruto da Teologia da Alma que tinha como pilar a concepção de uma vida cristã empenhada somente em cuidar da alma. [...] E para realizar isso, precisava desprezar o corpo, pois era considerado a fonte dos males”.
p. 194 – “Como consequência e fruto desta concepção cristã, se gerou uma espiritualidade da purificação do corpo, tendo como ideal a eliminação do corpo para poder libertar a alma e conduzi-la assim à vida eterna. A época medieval elaborou vários métodos de flagelação corporais que foram usados ao longo do segundo milênio”.
“O imaginário cristão era sofrer para se sentir parte da dor de Jesus Cristo”.
“A espiritualidade do sofrimento alimentava a doutrina da resignação, inibindo qualquer tipo de revolta porque o pobre não conseguia perceber a injustiça social, pois tudo era visto como motivo de redenção do corpo para poder alcançar o desejado paraíso depois da morte”.
p. 195 – “A riqueza, na linha da atual Teologia da Prosperidade, elaborada sobretudo pelo pentecostalismo, era vista não como fruto de um processo de capitalização, mas simplesmente como algo provocado pelo destino. Diante deste destino de prosperidade, a única maneira de purificar o corpo do rico e ganhar a salvação da alma era dar esmola aos pobres para aliviar um pouco o sofrimento deles”.
“A vida eterna dos ricos era conquistada, então, por meio da esmola que ofereciam aos pobres”.
p. 196 – “A espiritualidade da esmola produziu também a imagem do pire como ‘o coitadinho’, o sem sorte, o destinado, o sofrido querido por Deus. Escondendo completamente que o pobre era portador de direitos e que no coração do miserável havia um anseio profundo de justiça e de busca do bem comum”.
“Um dos meios para aliviar a pobreza foi o instrumento da caridade privada [...]”.
“[...] a caridade privada leva ao assistencialismo, que não é libertar os pobres do peso da miséria, mas, por meio de programas de assistência, é ajuda-los a suportar a amargura da situação”.
p. 197 – “[...] a verdadeira caridade é sempre comunitária e nunca poder ser privatizada. Enquanto a caridade for privada, nunca poderá mudar de situação, mas estará sempre a serviço do ‘status quo’, ou seja, do sistema atual de opressão e empobrecimento dos pobres”.
p. 197-198 – “A religião se colocou a serviço do sistema imposto, fazendo o pobre engolir a miséria amarga com a promessa de que amanhã tornar-se-ia dignidade humana, mas isso somente depois da morte”.
p. 198 - “Diante disso, Karl Marx fez dura crítica à religião como ópio dos povos, pois, ao invés de acordar as populações na busca da justiça social, tornou-se um poderoso sonífero religioso para adormecer os povos oprimidos e para acordá-los somente depois da morte”.
p. 199 – “A modernidade inventou o homem econômico, ou seja, a pessoa não mais preocupada principalmente em trabalhar para a melhora da vida, mas para acumular capital. [...] O homem econômico teve como objetivo não a qualidade de vida humana, mas aumentar sempre mais a vantagem econômica e, por isso, tornou-se proprietário dos meios de produção e sujeito do processo que, quanto mais aumenta a produção, tanto ais consegue maximizar o lucro”.
p. 200 – “A atividade econômica, segundo Locke, não tem mais a prioridade de se preocupar com o bem comum, como exigiu a concepção bíblica, patrística e tomista, mas o seu objetivo fundamental se tornou a liberdade do indivíduo na busca da própria vantagem. Está aqui o começo da era do liberalismo. Com Locke nasce o conceito de modero de propriedade que é o domínio dos bens da terra por parte do indivíduo”.
p. 202 – “Esta virada do bem comum par ao individual, por meio da mudança da concepção da propriedade trouxe consequências tristes para a justiça social, pois se absolutizou o indivíduo á custa do bem comum”.
p. 203 – “[...] o capitalismo liberal renega o dever de justiça ou o dever de esmola para os pobres, porque o pobre é assim, não por natureza ou destino, mas por causa da própria negligência”.
p. 204 – “O capitalismo liberal, por meio da consolidação da sociedade industrial, sobretudo no início do século XIX, gerou forte aumento de riqueza. Como consequência houve o enorme enriquecimento dos empresários [...]. Para a classe operária, os efeitos foram bem contrários àqueles previstos pelo sistema liberal, pois a maximização da vantagem pessoal não maximizou o bem de todos, mas criou um processo de empobrecimento sobretudo dos operários, a maior classe social gerada pelo sistema industrial”.
“Contra esse sistema liberal se fortaleceu o socialismo [...]. Foram, verdadeiramente, os líderes do socialismo que perceberam as causas da miséria, sobretudo do salário injusto, e começaram a denunciar o sistema liberal como opressor e injusto, revelando assim que a pobreza não era uma questão de destino, mas de injustiça social”.
p. 205 – “Rousseau [...] declara que a origem da desigualdade são a propriedade e as leis, porque no estado natural não existia a desigualdade [...]. Esta desigualdade, admitida pelo direito positivo, é, porém, contrária ao direito natural [...]”.
p. 206 – “Quantos assassinatos guerras, homicídios, quantas misérias e horror teria poupado ao gênero humano aquele que, erradicando as estacas e aterrando os fossos, tivesse gritado aos seus próprios iguais: cuidado em ouvir este impostor; são perdidos, se esquecem que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém".
p. 207 – “A preocupação central de Mark é a miséria que afeta e massacra o proletariado industrial [...]. A análise marxista da realidade indaga as causas da injustiça social e deslumbra saídas a partir dos oprimidos”.
“Marx questiona fortemente a economia liberal por meio do seu famoso livro O Capital, onde apresenta que a transformação do dinheiro em capital acaba transformando a mão-de-obra e mercadoria, ou seja, explorando o operário. [...] A economia liberal gerou duas classes: aqueles que possuem o dinheiro e a mercadoria e aqueles que ficam somente com a própria força de trabalho”.
p. 208 – “[...] condição do capital é o trabalho assalariado”.
“A justiça, segundo Marx é um salário digno ao proletariado, mas sobretudo a possibilidade de a classe operária se organizar para defender os próprios direitos”.
p. 209 – “No século XIX surgiu uma geração de ‘católicos sociais’ [...] eu incentivou a hierarquia da Igreja Católica a fazer seu o clamor dos operários que estavam sendo explorados pelo mundo industrial”.
“Um dos maiores pioneiros doi o bispo alemão dom Emmanuel Von Ketteler [...]”.
p. 210 – “A contribuição destes católicos sociais no processo de amadurecimento de uma consciência social da Igreja foi: a denúncia da ‘miséria imerecida’ dos proletários [...]”.
p. 210-211 - “Partir da França, no final do século XVIII, o movimento radical que irá mudar em todos os sentidos a Europa: a Revolução Francesa (1789-1799) [...]. A revolução lançou a base de uma nova sociedade, fazendo da igualdade o princípio e o ideal da nova realidade no lugar do privilégio do velho sistema. [...] No século XX houve a importantíssima e inesquecível Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, proclamada pela ONU”.
p. 211 – “Estas declarações sobre os direitos humanos deram uma contribuição muito importante [...] ao introduzir a igualdade como pilar da construção da nova sociedade, afirmando que todos os cidadãos são iguais e têm direitos às mesmas dignidades, acabando com os privilégios da classe nobre. O princípio da liberdade, outro pilar da modernidade, acabava com toda tentativa de escravizar e oprimir o outro, mas dava, porém, plena liberdade à iniciativa econômica e de comércio, tornando-se o grande princípio liberal do capitalismo industrial: a livre iniciativa de mercado”.
p. 211-212 – “A Revolução introduziu a máquina no lugar do homem, dando origem à indústria e ao capitalismo moderno, mas criou também um novo regime de privilégios e de arbítrio nas mãos da classe burguesa, formada pelos empresários ou proprietários das máquinas. [...] o mito da liberdade foi o braço direito do capitalismo industrial”.
p. 212 – “A justiça social não foi prioridade da época moderna, pois o dever de justiça se tornou apenas uma esmola do rio para aliviar o sofrimento dos pobres”.
p. 213 – “A época pós-moderna ajudou a compreender que a pobreza não era uma questão de destino ou vontade de Deus, mas que era causada pelos sistemas opressores, como os operários do mundo industrial [...]. O bem comum voltou a ser prioridade, no pensamento da pós-modernidade, para poder combater a injustiça social e para assegurar os direitos humanos que garantem as condições básicas da dignidade humana”.
2.      A JUSTIÇA SEGUNDO A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
p. 214 – “Foi o clamor dos assalariados industriais, dos operários, que provocou o magistério da Igreja a assumir a questão social, marcada pela injustiça e pela opressão, como parte importante da vida da Igreja”.
“A encíclica Rerum Novarum [...] inaugurou a Doutrina Social da Igreja. Com isso, o Magistério da Igreja assumiu a questão social como algo importante para a reflexão teológica e para a ação da Igreja”.
p. 215 – “Leão XIII, o primeiro papa da Doutrina Social da Igreja (DSI), declara: ‘Mais ainda: é para as classes desfavorecidas que o coração de Deus parece inclinar-se’ (RN 15)”.
“O que deu origem à doutrina social da Igreja foi [...] a tomada de consciência, por parte do Magistério eclesiástico, da ‘miséria imerecida’ do proletariado industrial, primeiramente, e depois do proletariado internacional”.
p. 216 – “As intuições de Leão XIII sobre a questão operária são:
1. A miséria dos operários é imerecida.
2. O operário é usado como instrumento de lucro e o salário é injusto.
3. Os direitos do trabalhador: um salário justo para cobrir as necessidades elementares do trabalhador, e que todos, também os trabalhadores, possam chegar a ser proprietários; dignidade do trabalho, direito de associação.
4. A causa maior é o capitalismo liberal [...].
5. Como consequência desta injustiça há conflito entre as duas classes: os patrões e os operários”.
p. 217 – “Leão XIII revela que há uma injustiça social, atingindo os operários, e denuncia a concentração do poder econômico em poucas mãos, originando a multidão infinita dos proletários”.
“A encíclica declara o uso comum dos bens criados ou seja, o destino universal dos bens que pertencem em comum e indistintamente a todo gênero humano”.
p. 218 – “Recordem-se o rico e o patrão de que explorar a pobreza e a miséria, e especular com a indigência são coisas igualmente reprovadas pelas leis divinas e humanas; que cometeria um crime de clamar vingança ao céu quem defraudasse a qualquer pessoa no preço dos seus labores [...]”.
p. 219 – “Leão XIII ressalta algumas orientações éticas:
*O trabalho não é uma mercadoria e a determinação do seu valor não pode ser entregue às forças livres do mercado.
*Existe uma justiça anterior e superior àquela meramente legal. Esta justiça natural ou superior será chamada, mais adiante, justiça social pelo Papa Pio XI.
*Não se trata de abolir a propriedade privada, mas de estendê-la, fazendo de cada homem um proprietário e alcançando, assim, a ‘desproletarização’ dos assalariados”.
“A solução do conflito de classe, segundo a RN, é aproximar as classes sociais por meio das associações de operários e patrões para conseguir um salário justo e para que também o trabalhador se torne proprietário”.
p. 219-220 - “A encíclica ‘Quadragesimo Anno’, de Pio XI celebrando os quarenta anos da RN, enfrenta as seguintes questões sociais: a situação de empobrecimento da classe operária; o capitalismo liberal que coloca nas mãos de poucos a riqueza, o conflito entre as classes e o socialismo. [...] Quadragesimo Anno quer acabar com o individualismo egoísta liberal, para alcançar a superação das tensões entre as classes sociais e proteger os indivíduos do autoritarismo estatal que contém o comunismo”.
p. 220 – “Segundo o pensamento de Pio XI, o salário é condição para que o operário possa transformar-se em proprietário. Por isso, deve ser um salário justo, e não de sobrevivência. O papa introduz também o salário familiar, ou seja, a remuneração do trabalho tem de se ajustar também segundo as responsabilidades familiares”.
“A justiça social é um princípio regulador de uma justa distribuição. É sinônimo de Bem Comum”.
“[...] a justiça social e a caridade social são os dois princípios mais elevados e nobres para regular o poder econômico descontrolado”.
p. 220-221 - “Com Pio XI aparece, pela primeira vez e uma encíclica, a expressão justiça social [...]. Justiça social é a justiça distributiva para o papa”.
p. 221 – “Pio XII foi o primeiro a usar a expressão ‘Doutrina Social da Igreja’ em sua rádio-mensagem de Pentecostes de 1941. [...] Pio XII estabeleceu o direito natural de todos os homens de fazer uso dos bens materiais para satisfazer as necessidades. [...] o papa reconhece que o direito de fazer uso dos bens comuns é anterior ao direito de possuir uma propriedade privada e é, então, natural”.
p. 222 – “João XXIII foi o primeiro Papa do século XX que assumiu com alegria os valores próprios do mundo moderno. O ensino social de João XXIII está contido em duas encíclicas, Mater et Magistra (1961), que se refere à sociedade econômica, e Pacem in Terris (1963) que é orientada para a sociedade política nacional e internacional”.
“A encíclica Mater et Magistra  [...] exige que o Estado possa ‘animar, estimular, coordenar, suprir e integrar’, sempre dentro do espírito do princípio de subsidiariedade e considerando todas as exigências do bem comum”.
p. 223 – “A encíclica Pacem in Terris  foi publicada em plena guerra fria [...] Por isso, trata das condições para uma paz duradoura, declarando que a paz entre as nações está fundada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade, valores que são constitutivos de uma ordem moral”.
p. 224 – “Por meio de João XXIII, o tema dos direitos humanos começa a atrair a atenção do magistério social da Igreja”.
“A encíclica indica o trilho da justiça social, declarando que a justiça social se constrói tendo os direitos humanos como base da convivência humana e que a paz é filha dos direitos humanos”.
p. 225 – “João XXIII estrutura toda a sua concepção da comunidade em torno de dois eixos: a autoridade e o bem comum”.
p. 226 – “o apelo final da encíclica revela como a justiça social acontece por meio da restauração das relações de convivência humana na base da verdade, justiça, amor e liberdade e seguindo o trilho dos direitos humanos”.
p. 226-227 - “Algumas conclusões importantes sobre este processo de reconciliação entre a Igreja e o mundo, culminando com o pontificado de João XXIII [...]:
*Houve uma conversão interior da Igreja [...].
*Houve uma verdadeira mutação cultural gerando um crescente compromisso social da parte de muitos setores católicos em todo o mundo”.
p. 227 – “João XXIII surpreendeu a Igreja e a humanidade quando no dia 25 de janeiro de 1959 manifestou o seu propósito de convocar um Concílio Ecumênico. A sua obra condensada numa só palavra é ‘aggiornamento’ (colocar em dia a Igreja) [...]”.
p. 228 – “Antes do Concílio Vaticano II, a Igreja esperava o mundo como se fosse o filho pródigo da parábola evangélica”.
“[...] o Papa destaca que a Igreja sente-se obrigada a ir ao encontro das necessidades e exigências dos povos”.
p. 228-229 – “A Constituição Pastoral Gaudium et Spes é o documento mais importante do Concílio sobre a justiça social. [...] a Igreja tem de sair de si mesma para:
a) ir ao encontro da pessoa sofrida e alegre de hoje e assumir toda a situação histórica e humana da pessoa humana [...];
b) ir ao encontro do mundo de hoje [...];
c) ir ao encontro da humanidade de hoje [...]”.
p. 229-232 – “Os pontos principais da Gaudium et Spes sobre a justiça social
1. Uma nova concepção do aspecto temporal [...]. A Gaudium et Spes 36 reconhece a autonomia das realidades temporais [...]. O lugar do mundo é o lugar da manifestação do Reino de Deus por meio da construção de uma sociedade justa e solidária. [...] Hoje a Igreja é uma autoridade profética e não mais política ou com poder de jurisdição. A Igreja faz-se presente no mundo para servi-lo, com o objetivo de transformar o mundo segundo os valores do Evangelho a partir do potencial positivo que já existe na realidade terrestre. O objetivo não é mais convertê-lo à Igreja, pois o novo horizonte é o Reino de Deus, e não mais a Igreja.
2. A dignidade da pessoa como centralidade. [...] A pessoa necessita absolutamente da vida social, mas ela é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais.
3. A vida econômico-social tem de estar a serviço da dignidade da pessoa e do bem comum, respeitando e promovendo a dignidade e a vocação integral da pessoa e o bem de toda a sociedade.
4. A prioridade do bem comum. [...] A justa distribuição dos bens é um dever de justiça, a caridade deverá estimular e acompanhar a justiça [...]. A Gaudium et Spes resgata o antigo princípio de Santo Tomás: ‘Na necessidade extrema, todas as coisas são comuns, isto é, todas as coisas devem ser tornadas comuns’.
5. A propriedade privada é de índole social, fundada na lei do destino comum dos bens porque ele assegura a cada membro os bens indispensáveis”.
p. 233 – “São três as vigas mestras da justiça social segundo Paulo VI:
1. A construção da Civilização do Amor. [...] Paulo VI entende por civilização aquele conjunto de condições morais, civis, econômicas, que permitem à vida humana uma possibilidade melhor de existência, uma plenitude racional e um feliz destino eterno.
2. O Papa constata a diversidade e a complexidade das situações em que se encontram os cristãos no mundo.
3. A convicção de que o anúncio do Evangelho está indissoluvelmente ligado à promoção e à defesa dos direitos das pessoas e dos povos, por meio da promoção de um desenvolvimento integral e não somente econômico dos povos”.
p. 234 – “Duas grandes questões fizeram o Papa sofrer: o subdesenvolvimento que atingiu países do terceiro mundo e a dependência destes países com os desenvolvidos”.
“A encíclica Populorum Progressio (1967) enfrenta a universalidade da questão social do empobrecimento e da exploração [...]. A encíclica apela para um desenvolvimento humano integral de todo o homem e de todos os homens. [...] Segundo a Populorum Progressio, para que seja verdadeiramente humano, o desenvolvimento tem de ser integral, quer dizer, não somente econômico, mas também cultural, social, político, espiritual, moral e religioso”.
p. 235 – “O Papa Pauli VI empregou termos severos para criticar o capitalismo como ‘sistema nefasto’”.
“O caminho da humanização para construir a justiça social era muito ressaltado por Paulo VI. De fato, ele assume a humanização ou humanismo total para delinear o rumo do desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens e chega até a falar de humanizar a fé”.
“[...] para a Populorum Progressio o desenvolvimento é o novo nome da paz e invoca uma justiça mais perfeita entre os homens porque o mundo está doente”.
p. 236 – “A solução para o Papa não é ter saudade da área rural, mas ‘construir a cidade, lugar da existência dos homens e de suas extensas comunidades, criar novos modos de proximidade e de relações, perceber uma aplicação original da justiça social, tomar o comando do futuro coletivo que se anuncia difícil [...]’”.
p. 237 “O documento do sínodo a Justiça no Mundo reconhece que a ação pela justiça é ‘uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho’’.
“A prática da justiça exige também o questionamento sobre os direitos na própria Igreja e sobre o uso do dinheiro e do poder dentro da Igreja”.
p. 238 – “O Papa João Paulo II tem empenho renovado e permanente para a evangelização da cultura”.
A preocupação maior da Doutrina Social de João Paulo II é uma profunda e irreversível transformação cultural, mais do que mudar as estruturas políticas, sociais e econômicas”.
p. 239-240 – “O Papa percebeu que o trabalho é a chave essencial de toda a questão social. Na encíclica Laborens Exercens, ele atualiza toda a Doutrina social sob o prisma privilegiado do trabalho. O trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência e da dignidade humana. [...] Trata-se de um bem para a pessoa humana, porque não apenas transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades, mas também porque o trabalho realiza a pessoa humana e até, em certo sentido, torna-a mais humana”.
p. 240-241 – “O homem é sujeito do trabalho e fim do processo econômico e não objeto como o sistema impõe através da mercadorização do trabalho [...]. O Papa ostra também seu interesse pelo sindicalismo, afirmando que os sindicatos são expoentes da luta pela justiça social, pelos justos direitos dos homens do trabalho”.
p. 241 – “[...] o Papa declara que o direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, ou seja, ao destino universal dos bens”.
p. 242 – “Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seus membros sem excluir nem privilegiar ninguém. Está aqui a raiz do destino universal dos bens da terra”.
p. 244 – “O caminho para a justiça social é, então, um verdadeiro desenvolvimento integral e solidário [...].
p. 245 – “Esta é uma importante contribuição da Centesimus Annus: a meta do desenvolvimento não é o hiperdesenvolvimento dos países ricos, mas a dignidade das pessoas e dos povos. [...] João Paulo II resgata o pensamento de Paulo VI, que, para superar os conflitos sociais, precisa-se de um desenvolvimento integral porque o desenvolvimento é o outro nome da paz”.
“A II Conferência Episcopal latino-americana, realizada em Medellín em 1968, conseguiu transformar a Igreja Católica da América Latina, que começou finalmente a ver a grande injustiça social que estava afetando o continente, ferindo a consciência cristã e oprimindo a maioria”.
“Medellín manifesta uma Igreja que quer estar ao lado dos pobres: ‘Não temos soluções técnicas, nem remédios infalíveis. Queremos sentir os problemas, perceber as exigências, compartilhar as angústias, descobrir os caminhos e colaborar nas soluções’ [...]”.
p. 246 – “A missão da Igreja para superar a gritante injustiça social é contribuir para a promoção integral do homem e das comunidades do Continente”.
p. 246-247 – “Medellín revela que a justiça gera a paz porque a paz é fruto da justiça. A Igreja de Medellín fez dela o grito dos pobres e desceu no meio deles para libertá-los da opressão e para realizar uma libertação integral da pessoa humana e dos povos”.
p. 247 – “A evangelização é, por natureza, libertadora. [...] Puebla diz que a libertação pertence à íntima natureza da evangelização”.
“A libertação que se vai realizando na história, em nossos povos e em nossa vida pessoal, tem de abranger as diversas dimensões da existência: o social, o político, o econômico, o cultural etc., ou seja, o conjunto das relações humanas”.
p. 248 – “Os ensinamentos sociais da Igreja se enriquecem, por meio da contribuição da Igreja Latino-americana, com uma dimensão evangélica fundamental que é a libertação”.
“Puebla exige uma concepção libertadora e não mais desenvolvimentista da sociedade. Essa é a grande novidade”.
“Puebla retoma o princípio da destinação universal dos bens: os bens e as riquezas do mundo, por sua origem e natureza, segundo a vontade do Criador, são para servir efetivamente à utilidade e ao proveito de todos e para cada um dos homens e dos povos”.
p. 249 – “Medellín e Puebla introduzem a chamada ‘irrupção dos pobres’ na construção da justiça social por meio da opção preferencial pelos pobres. [...] Os pobres se tornam finalmente sujeitos da construção da justiça social, e não mais meros objetos”.
p. 250 – “A IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Santo Domingo 1992) não gera nada de novo, mas retoma o caminho da promoção humana quanto à construção da justiça social”.
p. 251 – “É a promoção humana que domina o pensamento de Santo Domingo. [...] Santo Domingo não afirma, como fez Puebla, que a evangelização é, por natureza, libertadora”.
p. 252 – “O Pontifício Conselho Cor Unum publicou em 1996 o importante documento ‘A Fome no mundo – um desafio para todos: o desenvolvimento solidário’, onde se declara que a questão da fome é uma questão de justiça social”.
p. 253 – “O documento resgata a destinação universal dos bens, pilar da doutrina social da Igreja, fundada a dimensão bíblica que revela como Deus destinou a terra e todos os seus bens a todos os seres humanos”.
p. 254 – “O Conselho Pontifício chega a proferir clara e feroz condenação do latifúndio, declarando que o latifúndio é intrinsecamente ilegítimo por três motivos: 1) contrasta nitidamente com o princípio da doutrina social da Igreja que ‘a terra foi dada para todos e não somente para os ricos’; 2) também porque o latifúndio nega a uma multidão de pessoas o direito de satisfazer as necessidades próprias, da família, da comunidade e da nação; 3P   os privilégios assegurados pelo latifúndio são causas de lutas escandalosas e de situações de dependência e de opressão, tanto à escala nacional quanto internacional’”.
“O Conselho Pontifício exige uma reforma agrária efetiva, justa e eficiente”.
p. 255-257 – “Conclusões sobre a Doutrina Social da Igreja
1. De Leão XIII a João Paulo II, o magistério da Igreja tem manifestado uma preocupação sempre crescente pelo problema da justiça social.
2. A destinação universal dos bens da terra é o fio condutor de toda a Doutrina Social da Igreja, que declara como os bens são comuns e ninguém pode ser excluído [...].
3. O resgate do bem comum como o referencial de todas as ações e o fim dos sistemas sociopolíticos e econômicos [...].
4. A propriedade privada tem forte hipoteca social, pois é subordinada ao bem comum e, por isso, pode ser expropriada quando prejudica a propriedade coletiva.
5. Os direitos humanos como trilho da justiça social.
6. A justiça social torna-se a justa distribuição dos bens da terra, assegurando os direitos de cada pessoa e de cada povo da terra, garantindo o acesso ao bem comum e as condições básicas para a realização da dignidade humana.
7. O dever de justiça, chamado também de solidariedade, é resgatado depois de vários séculos de silêncio e torna-se um compromisso não somente ético do cristão, mas também evangélico.
8. A justiça social precisa ser alimentada pela dimensão religiosa [...].
9. A opção preferencial pelos pobres [...].
10. O desenvolvimento não pode reduzir-se a uma mera questão econômica, mas tem de envolver todas as dimensões da vida.
11. A libertação integral como caminho da justiça social pertence mais ao Magistério da Igreja latino-americana, enquanto o Magistério Pontifício adota mais a promoção humana.
12. Os dois sistemas sociopolíticos e econômicos, o capitalismo e o comunismo, não conseguem realizar a justiça social”.
3.      O COMPROMISSO PELA JUSTIÇA E PELA PAZ, PELA LIBERTAÇÃO INTEGRAL E PELA DIMENSÃO SOCIOTRANSFORMADORA: DIMENSÃO CONSTITUTIVA OU INTEGRANTE DA EVANGELIZAÇÃO?
P. 259 – “O Concílio Vaticano II desencadeou [...] um processo revolucionário na Igreja Católica, invertendo os papéis e resgatando a eclesiologia bíblica: de uma Igreja fechada dentro dos muros religiosos e protegida por meio de uma fortaleza de normas e regras se passou a uma Igreja missionária, fora da muralha eclesiástica e no meio do mundo como fermento de libertação e sacramento de salvação. [...] passou-se a uma Igreja que saiu da sacristia e foi ao encontro dos irmãos, com uma atenção especial aos pobres sendo os prediletos de Jesus Cristo”.
p. 264 – “[...] o Sínodo Episcopal, é que o conceito bíblico de libertação entrou, pela primeira vez, no magistério da Igreja”.
p. 264-265 – “São laços intrínsecos entre a evangelização e promoção humana que revelam como não há uma evangelização cristã sem o compromisso pela transformação da sociedade, construindo justiça, paz e libertação integral”.
p. 265 – “[...] o compromisso pelos direitos humanos está intimamente ligado com a missão da Igreja no mundo contemporâneo. Ainda mais, a missão da Igreja está profundamente ligada ao homem e, por isso, declarou que o homem e a principal e fundamental via da Igreja”.
p. 266 – “Efetivamente, para a Igreja, ensinar e difundir a doutrina social pertence à sua missão evangelizadora e faz parte essencial da mensagem cristã, porque essa doutrina propõe as suas consequências diretas na vida da sociedade e enquadra o trabalho diário e as lutas pela justiça no testemunho de Cristo Salvador”.
p. 268 – “Segundo Puebla, a justiça no mundo acontece por meio de um processo de libertação integral da humanidade e do mundo [...]”.
p. 269 – “[...] Puebla foi, sem dúvida, o ápice do caminho de assimilação do espírito e do conteúdo da mensagem do Sínodo dos Bispos de 1971: A Justiça no Mundo”.
“[...] o documento de Santo Domingo revelou que a grande preocupação dos Bispos latino-americanos não foi uma evangelização libertadora, mas uma evangelização inculturada”.
p. 270 – “O episcopado brasileiro, o maior e mais influente da América Latina, endossou a conquista do Sínodo de 1971, fazendo sua a intrínseca união entre evangelização e o compromisso pela justiça”.
p. 272 – “[...] a Igreja não pode, sob pena de trair a missão de Jesus, separar a salvação da promoção da justiça e da libertação. [...] Com esta explicitação, a Igreja Católica brasileira revela a íntima união entre o compromisso de transformação da sociedade, chamado ‘a dimensão sócio-transformadora’, e a missão evangelizadora. Ou seja, a evangelização é por natureza libertadora e comprometida com a justiça social”.
p. 273 – “[...] ou a evangelização da Igreja é compromisso pela justiça e pela libertação ou não é missão de Jesus Cristo [...]”.
4.      A JUSTIÇA SOCIAL COMO HORIZONTE DO TERCEIRO MILÊNIO E CRITÉRIO PARA SER IGREJA NO NOVO MILÊNIO
p. 274 – “A Teologia Moral tradicionalmente costumava distinguir a justiça em comutativa e legal”.
“Hoje há um consenso se se fala de justiça social, pois se tornou a busca comum dos vários agentes sociais: o político, o cientista, o religioso, o lutador. [...] ‘A expressão justiça social foi criada oficialmente por Pio XI e empregada nos documentos posteriores do magistério eclesiástico para expressar o ideal ético da ordem econômico-social’ [...]”.
p. 274-275 – “No âmago da justiça social estão três pilares:
1. A igualdade de todos os seres viventes [...].
2. A alteridade nas diferenças entre os seres viventes, assegurando o direitos que cada um tem em todos os níveis para construir a dignidade humana e cósmica.
3. A mudança social, questionando a ordem estabelecida e desabrochando uma força dinamizadora de mudança [...]”.
p. 276 – “A modernidade produziu o vírus do individualismo e da livre iniciativa.
p. 277 – “É inacreditável e surpreendente a virada planetária que está dando o Fórum Social Mundial por meio da ousadia dos indignados e revoltados contra o sistema neoliberal e contra o imperialismo do capital internacional”.
p. 278 – “A justiça social é e deve ser a porta de entrada para o novo milênio se queremos, de verdade, o outro mundo possível [...]”.
p. 279 – “A justiça social tem de abranger não somente a dimensão humana, mas também a cósmica”.
p. 280 – “Precisamos retomar a visão cristã quanto a outra pessoa: como algo de importante e sagrado que não se pode usar e descartar segundo o próprio desejo. [...] A relação neoliberal é intrinsecamente anticristã, porque o outro é considerado como ameaça que pode prejudicar o meu proveito e, então, tenho de destruí-lo”.
p. 280-281 – “[...] a essência da vida é a relação e a da vida cristã, especificamente, é a comunidade”.
p. 281 – “Construir novas relações, hoje em nível global e cósmico, permeadas pelo novo paradigma, implica duas dimensões interdependentes: pessoal e comunitária. [...] Precisamos das pessoas e das estruturas do bem comum, para combater as nefastas atitudes pessoais e as estruturas do mal”.
p. 282 – “[...] o âmago da justiça social é, então, o amor, além de ser o seu ápice”.
“Esta mudança global de relações é um grande desafio da pós-modernidade, que necessita, de maneira irrenunciável, de duas dimensões: a luta e a mística. A luta é o compromisso de mudança e de construção do outro mundo que é possível [...]. Mas tudo isso comporta muito sacrifício [...]. Aqui entra a mística como alguém que nos leva à fonte da vida para alimentar a caminhada [...]. A mística é o encontro com a fonte da vida: o Deus Amor”.
p. 283 – “São os pobres os detentores da mudança social. Mas os pobres na linha evangélica. Isto é, os pobres libertados de todas as opressões e com o anseio da alteridade, conscientes da necessidade comunitária dos outros e do Outro (Deus)”.
p. 284-285 – “[...] os pobres são a única perspectiva de mudança porque do outro lado vem somente a acirrada ação para segurar a situação atual. Opção preferencial pelos pobres significa, então, abraçar a mudança e encaminhar a história rumo a um futuro de justiça social”.
p. 285 – “A justiça social é a mediação histórica para fazer acontecer hoje o Reino de Deus. É a maneira pós-moderna para tentar concretizar a vontade e o plano de Deus sobre a ordem planetária e cósmica”.
p. 286 – “[...] evangelizar é suscitar a esperança de um novo milênio de justiça e de paz”.
“O profundamente humano é também o profundamente cristão”.
p. 288-289 – “Homens e mulheres do planeta Terra, deixem-se infectar pelo vírus da justiça, pois é o único vírus que não mata, mas que faz erguer nossas cabeças e arregaçar as mangas para mudar o modelo único do neoliberalismo que continua sacrificando todos os excluídos sobre o altar do capital”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SELLA, Adriano. Ética da justiça. p. 187-288.

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