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VIOLÊNCIA

Todos nós brasileiros nos sentimos, de alguma forma, abalados diante da cena de violência daquele jovem de 23 anos ao matar 12 crianças em uma escola no Rio de Janeiro. Esses atos brutais e terríveis nos assustam porque somos um povo pacífico, "gente boa" e muito acolhedor. Somos bons de coração e de atitude. Basta que alguém bata em nossa porta pedindo algo que, mesmo sabendo do perigo em ajudar alguém desconheciso, nos compadecemos e sempre recorremos aqueles que vêm até nós. E quando somos surpreendidos por tragédias como essa ficamos perplexos, espantados, tristes e horrorizados. O certo é que o atirador feriu a vida e a dignidade de muitas pessoas e não pensou ou teve consciência do mal que fazia a si mesmo e aos outros. Podemos condená-lo, crucificá-lo e não matá-lo porque ele já está morto. Mas tudo indica que ele não estava bem mentalmente, que sofria de algum distúrbio ou que algo o levou a praticar esse ato terrível. Devemos condená-lo, claro. Podemos sentir raiva dele, odiá-lo. Nesses momentos nossos instintos ficam à "flor da pele" e acabamos extrapolando e com razão, por vezes. É muito terrível tudo isso. Não temos palavras para expressar nossos sentimentos num momento desses. Vemos os familiares sofrerem por seus filhos que foram mortos, que saíram de casa de manhã num dia normal, foram à escola e voltaram mortos. Esse deve ser, para os pais, um choque horrível, talvez uma vontade de morte. E nós, amigos e brasileiros, temos que chorar com eles e confortá-los, confotando a nós mesmos. Hoje, pela manhã, já foram enterrados sete dos doze mortos. É muito triste, é horrível, mas é a realidade que vivemos e que temos que "engolir mais uma vez". Toda essa situação choa muito a mim e a todos, mas temos que perceber que, muitas vezes, a nossa sociedade toma rumos que favorecem esse tipo de acontecimento. Estamos desprovidos de referenciais, de valores bons. Vamos falar de Deus em algum lugar, somos tachados como caretas, beatos, isso quando nos ouvem. Falamos de paz, temos belos discursos, mas não somos capazes de perdoar quem convive ao nosso lado. Falamos muito, reclamamos muito, mas por vezes, fazemos pouco. Precisamos dizer: BASTA. Não queremos mais corrupção na polítia, não queremos mais vioência, não queremos ficar "engaiolados" em nossas casas enquanto a violência está solta nas ruas, não queremos ver pais que deixam seus filhos na maternidade, não queremos ver abortos que matam a vida inocente, não queremos ver preconceito e racismo, não queremos ver desigualdade, injustiça e tantos outros males que a sociedade atual favorece de acontecerem. Muito interessante foram as palavras do Arcebispo do Rio: "pedindo a Deus que tal não volte a acontecer em nossa cidade". Muito profundo o que ele disse. Precisamos recorrer a Deus, porque aqui na terra está muito difícil de ser ouvido. Ao mesmo tempo pedir a Deus é se comprometer com os valores que edificam a vida e não que a destroem. Não podemos admitir que tais fatos violentos aconteçam em nosso país. Já está na hora de alguém tomar providências. Precisamos de comida, de transporte, de moradia, de escola e de dignidade, mas precisamos também de segurança, de ter assegurado nosso direito de ir e vir, de viver. Meu grande medo é que também situações como essa se normalizem. Que torne-se comum entre nós como tornou-se a corrupção política, os jeitinhos de sempre resolver as coisas com mais facilidade e sempre em vista de meus interesses, de ideias que legitimem a morte, o desrespeito e tantos outros males. Meu medo é que o certo vire errado, a virtude torne-se vício e nossas aspirações mais profundas de paz e segurança, de felicidade transformem-se em sonhos irrealizãveis. O Santo Padre também nos escreveu um telegrama onde "convida todos os cariocas, diante desta tragédia, a dizer não à violência que constitui caminho sem futuro, procurando construir uma sociedade fundada sobre a justiça e o respeito pelas pessoas, sobretudo os mais fracos e indefesos". Que todas essas mensagens de conforto e esperança encontrem lugar em nossos corações e em nossas ações em vista de um Brasil cada vez mais de paz e harmonia, onde todos convivam como irmãos! Às famílias das vítimas nossas orações e mais sinceros sentimentos de pesar. Também sofremos com vocês.


Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR

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