Pular para o conteúdo principal

Saudemos com hosanas o Filho de Davi!


Durante cinco semanas nos preparamos para a celebração mais importante da nossa fé: a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Hoje nos reunimos para celebrar a entrada solene e triunfal de Jesus em Jerusalém, lugar da ressurreição, da vitória sobre o pecado e a morte, mas lugar do sofrimento, das dores, da agonia, da morte.
Esta é uma celebração forte neste tempo quaresmal porque nos insere no mistério salvífico de Jesus e nos impele a acolher o nosso rei, o rei da nossa fé. Não como outrora, o acolheram em Jerusalém e o crucificaram em seguida, mas como cristãos comprometidos com a sua fé e com seu Salvador, que reconhecem no Mestre Jesus aquele que veio dar a vida par nos salvar. Por isso, é que hoje bradamos em alta voz: “Saudemos com hosanas o Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Jesus, rei de Israel, hosana nas alturas” (MT 21,9)!
No início da celebração de ramos, já somos mergulhados no sentido de toda liturgia: “durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de Nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida”. Essas primeiras palavras do rito da Missa de Ramos nos colocam no mistério da Páscoa, mas explicitam que, para celebra o mistério central de nossa fé, é necessário passar antes pela dor e sofrimento que o próprio Cristo enfrentou. É abraçar a cruz para ser vitorioso na ressurreição.
A liturgia da Palavra deste dia é muito rica de significados e de conteúdos de fé. A primeira leitura (Is 50,4-7) nos mostra a confiança e a liberdade de entregar-se ao projeto do Pai. É o Senhor quem dá língua adestrada e palavras certas para confortarmos aqueles que estão abatidos e precisam de conforto. É Ele mesmo quem abre nossos ouvidos para que não resistamos à sua Palavra e não voltemos atrás em nossos propósitos e do que temos que passar e até mesmo sofrer. Mas é também este Senhor que é nosso Auxiliador, que não desampara e que está ao nosso lado em qualquer perigo. Confiemo-nos ao Senhor!
A segunda leitura (Fl 2,6-11) nos introduz no mistério cristológico da nossa fé. Jesus Cristo, mesmo em condição divina não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se de si mesmo e tornou-se igual aos homens, menos no pecado. Paulo mostra-nos que Jesus assumiu o projeto do Pai em sua plenitude com tudo que Ele era e que lhe cabia fazer. Não escolheu a melhor parte, ou a parte que mais lhe convinha, mas entregou-se por completo e por inteiro. Foi todo do Pai e do seu plano de amor. Por isso, mesmo aparentemente humilhado, ele foi exaltado e agora é o Senhor para a glória de Deus pai.
Já o Evangelho (MT 26,14-27,66) narra-nos a paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo. “No domingo anterior ao Domingo da Ressurreição, antigamente as comunidades cristãs do ocidente celebravam um Domingo da Paixão. Ao contrário, em Jerusalém, os cristãos celebravam de maneira festiva a entrada de Jesus na cidade, aclamado pelo povo com ramos nas mãos e recebido pelos pobres como Rei e Messias. Mais tarde, a liturgia romana juntou em uma só celebração as duas tradições: a comemoração festiva de Jesus em Jerusalém e missa do Domingo da Paixão. Este aspecto duplo da mesma celebração dá ao dia de hoje caráter de antecipação figurada da Páscoa: aclama-se o Cristo vencedor em sua Paixão. Unimos a esta alegria da nossa fé que vence o mundo, a vitória da resistência e fidelidade dos oprimidos de hoje, que, em sua luta e paixão, vivem a confiança e a alegria da vitória”. Esse sentido da celebração do Domingo de Ramos coloca-nos diante da nossa fé e do compromisso de assumirmos, também entre nós, a caminhada de Jesus ao Calvário que começa com sua aclamação como Rei em Jerusalém. Que esta festa seja a festa do reconhecimento do reinado de Jesus como nosso único Rei e como Senhor da nossa vida e da nossa história. Peçamos ao Pai, por Jesus, no Espírito que possamos fazer uma bonita caminhada rumo à Ressurreição de Cristo e à nossa também! Hosana ao Filho de Davi!
Boa semana a todos nós!

Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR

Comentários: SEMANA SANTA: anos A,B,C. 4.ed. São Paulo: Paulus, 1989.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO: Introdução à eclesiologia

11.        INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo resumir o livro “Introdução à Eclesiologia” de Salvador Pié-Ninot. Evidentemente não é uma tarefa simples, dado a complexidade do tema e, ao mesmo tempo, as discussões polêmicas que o mesmo está envolvido. Por exemplo: Jesus fundou a Igreja ou ela simplesmente foi aquilo que seus seguidores conseguiram oferecer? Essa e outras questões polêmicas perpassam na mente de qualquer estudante de teologia. Por isso, o resumo aqui apresentado fez questão de ser fiel ao autor nas observações, nos apontamentos e, ao mesmo tempo, na disposição dos capítulos que foram lidos e analisados. Para isso, no desenvolvimento está elaboraram-se tópicos que correspondem aos capítulos em número de 6 mais a conclusão. Assim, fala-se no estudo da história do Tratado de Eclesiologia, dos conceitos fundamentais relacionados à Igreja, de Jesus à Igreja, da Igreja primitiva e edificada pelos sacramentos, das dimensões da Igreja, da missão da Igreja e, final

ESSÊNCIA, PESSOA E SUBSTÂNCIA

I – INTRODUÇÃO             O presente trabalho apresenta uma breve definição das palavras ESSÊNCIA, PESSOA e SUBSTÂNCIA. A ordem de apresentação foi estabelecida a partir da ordem alfabética. Ao longo do texto notar-se-á que se buscou apresentar a origem do termo pesquisado, bem como a sua evolução e o que ele significa no campo teológico, mais especificamente em relação à Trindade. II – ESSÊNCIA, PESSOA, SUBSTÂNCIA             O problema inicial que permeia a definição de essência, pessoa e substância começa pelo fato de os gregos falarem de uma essência e três substâncias e os latinos de uma substância e três pessoas [1] . Sendo assim, corre-se o risco de confundir os termos e seus significados. Por isso, estudou-se apenas a concepção latina sem fazer as devidas comparações com a grega. a)       ESSÊNCIA Por esse termo é entendido, em geral, a resposta à pergunta “o quê?” [2] , por exemplo, na pergunta: ‘o que é o homem?’. A resposta, em geral, exprime a essên

A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)

RESUMO: A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)   1.       INTRODUÇÃO   O presente trabalho é um resumo da obra de Bruno Forte “A Igreja ícone da Trindade”. A leitura foi realizada de forma atenta e interessada tendo em vista a importância do tema. Divindade em três grandes partes, o livro apresenta a “ ECCLESIA DE TRINITATE – de onde vem a Igreja?”, a “ ECCLESIA INTER TEMPORA – o que é a Igreja? A forma trinitária da Igreja” e a “ ECCLESIA VIATORUM – para onde vai a Igreja?”. Dessa maneira, a apresentação desse resumo seguiu o mesmo esquema apresentado pelo autor. No entanto, no livro ele faz divisão de capítulos ao apresentar cada uma das três partes. Aqui, no entanto, pensou-se em apresentar em um único texto corrido a reflexão de Bruno Forte no intuito de elaborar um pensamento único que faça a conexão dos assuntos entre si, dado que todos estão inter-relacionados.   2.       A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE   Bruno Forte escreve este