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“Lázaro, vem para fora!”


Reflexões de um iniciante...

Estamos terminando nossa caminhada quaresmal. Mais uma vez, colocamos diante do Senhor Jesus nosso sofrimento e esperança, nossas alegrias e tristezas. O tempo da quaresma é esse momento que temos de, pela graça e misericórdia do Senhor, deixar as coisas das trevas e abraçar a luz verdadeira, Jesus Cristo, O Ressuscitado.
Nesse sentido, nessa quinta semana da quaresma meditamos sobre a luz, sobre a vida que vence e domina a morte. Ezequiel (37,12-14) remete-nos às palavras do Senhor que se dispõe a “abrir as nossas sepulturas para conduzir-nos à terra de Israel”. É Deus mesmo quem nos propõe um caminho de renovação, de mudança, de vida longe das trevas, mas de vida no Espírito, que vive em nós e nos ensinar a viver.
Concomitante ao texto de Ezequiel, São João (11,1-45) apresenta-nos a narração do “despertar” de Lázaro mediante o poder de Jesus. A quaresma é esse momento de passar da morte para a vida, cujo escopo é o encontro com o Senhor ressuscitado, vivo e presente na Igreja e em todos nós. Interessante o Evangelho porque podemos perceber que Jesus, mesmo sendo Deus, pôde provar das nossas angústias e aflições, chorando a morte de um amigo, pôde ver a dor de suas amigas chorando a morte do irmão. É graças também à amizade daquelas mulheres e de Lázaro com Jesus que Ele realizou aquele milagre, aquele sinal para os judeus e o povo que lá estavam. Hoje, parece-nos que o Senhor ainda realiza muitos milagres diariamente em nossa vida, e é por isso, que devemos, sempre mais, aproximarmo-nos d’Ele como amigos.
Curioso também que tanto Marta como Maria acreditavam na ressurreição de Lázaro no último dia, como de todos aqueles que com Cristo adormeceram. A fé delas na ressurreição e na Palavra de Jesus que é capaz de curar e de trazer vida foi fundamental para o relacionamento com Aquele que era amigo, mas que era ainda o Salvador, esperado desde todos os tempos. É o próprio Cristo a ressurreição e a vida e todos aqueles que nele crerem não perecerão, mas ganharão a vida eterna. Essa é a via a ser percorrida por cada um de nós. Via de dores, de sofrimentos, de angústias, de medo, desespero e tantos outros males, mas via também de alegrias, de esperanças e de certeza que, um dia, com Cristo, estaremos no Céu. Desse modo, é preciso sempre viver no Espírito como nos admoesta São Paulo quando escreve aos Romanos (8,8-11). Para aqueles que vivem e agradam a Deus, mesmo que o corpo esteja ferido, é o Cristo mesmo que concede ao espírito vida e graça. Que o mesmo Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, vivifique também os nossos corpos por meio do seu Espírito que mora em nós! Que este espírito nos ajude a levar a bom termo os propósitos que colocamos como meta neste tempo de penitência e de oração. Que o mesmo Espírito santifique, cada vez mais, nossas atitudes, palavras, ações e pensamentos e que o este mesmo Espírito habite sempre em nós e nas relações que estabelecemos com nossos irmãos e irmãs, com nossas comunidades.
Nesta última semana da quaresma, semana que antecede a Grande e Santa Semana, que o nosso coração possa encher-se de esperança naquele que veio para nos salvar, que venceu a morte e que nos deu a vida. Assim como Jesus, possamos nós também, dizer: “Eis que venho ó Pai, para fazer vossa vontade!”


Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR

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