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SACERDOTE: HOMEM QUE PERTENCE SOMENTE A DEUS


DO PROFUNDO DO NOSSO CORAÇÃO[1]
O Cardeal Robert Sarah com a colaboração do Papa Emérito Bento XVI escreveu um livro intitulado “Do profundo do nosso coração” que reflete sobre “o tema mais difícil para a Igreja: o futuro dos padres, a justa definição do sacerdócio católico e o respeito ao celibato”. A partir da leitura desse escrito, apresento alguns pontos fundamentais da vida dos sacerdotes para que compreendamos, sempre mais, a vida desses homens escolhidos e chamados por Deus.
SACERDOTE: HOMEM QUE PERTENCE SOMENTE A DEUS
No Antigo Testamento vemos que “o sacerdócio do Templo era hereditário: alguém que não houvesse saído de uma família de sacerdotes não poderia se tornar sacerdote”. Para nós, “um problema, que continua crucial até hoje, emerge do fato de que os novos ministérios não repousam sobre uma descendência familiar, mas sobre uma eleição e uma vocação divinas”.

A Igreja tem, portanto, como missão, encontrar os que são chamados: acolhê-los, animá-los, acompanhá-los e mostrar-lhes o caminho que se apresenta para a realização do sacerdócio. Um compromisso de capital importância é o celibato sacerdotal. Vemos que no povo de Israel “a relação entre a abstinência sexual e o culto divino foi absolutamente clara na sua consciência comum”. Hoje, “em razão da celebração eucarística regular e mesmo cotidiana, a situação dos sacerdotes da Igreja de Jesus Cristo é radicalmente diversa”.
“Agora, toda sua vida está em contato com o mistério divino. Isso exige de sua parte a exclusividade para com Deus e exclui, em consequência, os outros vínculos que, como o casamento, implicam toda a vida. Da celebração cotidiana da Eucaristia, que implica um estado permanente de serviço a Deus, nasce espontaneamente a impossibilidade de um vínculo matrimonial. Pode-se dizer que a abstinência sexual, que era funcional, transformou-se por si mesma em uma abstinência ontológica. Assim, sua motivação e sua significação transformaram-se do interior e em profundidade”.
Os sacerdotes, radicalmente consagrados a Deus, renunciam ao casamento e à família. Por isso, “entrar no estado clerical significa renunciar a seu próprio centro vital e aceitar somente a Deus como sustento e garantia da própria vida. O verdadeiro fundamento da vida do sacerdote, a marca de sua existência, a terra de sua vida é o próprio Deus. O celibato somente pode ser compreendido e vivido de modo definitivo sobre esse fundamento”.

Na verdade, “o que há de fundamental no sacerdócio é uma situação similar à do levita, não possuidor de uma terra, mas projetado em Deus - Eles deixaram tudo e o seguiram” (Lc 5,11). Sem a renúncia aos bens materiais não pode haver sacerdócio. Creio que o celibato comporta uma grande significação como abandono de um possível domínio terreno e de um círculo de vida familiar: o celibato torna-se verdadeiramente indispensável para que nosso itinerário para Deus possa continuar sendo o fundamento de nossa vida e se expressar concretamente”.
O celibato deve penetrar com suas exigências todas as atitudes da existência, porque a estabilidade da nossa vida e do exercício do sacerdócio tem como fundamento nossa união com Deus como centro de nossa vida.



[1] SARAH, Cardeal Robert. Do profundo do nosso coração. Tradução de Maurício Pagotto Marsola. 1.ed. São Paulo: Edições Fons Sapientiae, 2020. p. 31-37.

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