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É POSSÍVEL VIVER SEM CONTRADIÇÕES?



Vivemos em um tempo diferente daquele que viveram nossos pais no momento de sua juventude. Refiro-me ao Brasil nos idos de 1970-1980, ou seja, no tempo da Ditadura Militar e, respectivamente, do processo de redemocratização do país. Quero acenar para as contradições que existiam naquele momento histórico, para as possibilidades de perceber por que e para que se iniciava uma luta, uma greve, uma manifestação; a favor ou contra quem se lutava. Por vezes parece-me que atualmente, em nosso tempo, vivemos sem contradições. Não sabemos o que queremos, por que devemos lutar e como reivindicar nossos direitos e realizar nossos deveres. Tenho a impressão de que não acreditamos mais necessitar lutar pelos nossos ideais coletivos e até pessoais, mas ao contrário, os entregamos para que outros resolvam para nós.
Isso é um problema da nossa sociedade. Não sabemos de que lado estamos e nem sabemos se existe um lado! É verdade que timidamente acontece uma manifestação ‘de cá’ outra ‘de lá’, mas dizer que vivemos em um país que tem claro os seus objetivos, as suas lutas, isso parece não ser verdade. O fenômeno da normalização atingiu-nos de uma forma incrível. Tudo está bom, tudo é normal, nada precisa mudar. Isso dá a impressão de que nos satisfazemos com muito pouco ou até mesmo que alguns (como eu que escrevo esse texto) são ou insatisfeitos ou sonhadores demais porque não estão satisfeitos. O fato é que uma sociedade é repleta de contradições, mas quando os seus cidadãos não se dão conta disso é sinal que existe algum problema.
Comecei a perceber isso com uma notícia/crítica sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O perfil desse movimento mudou desde que as pessoas estão com mais condições econômicas e sociais de viver. Exemplo disso são as aposentadorias rurais e os auxílios que o governo dirige àqueles que são mais carentes. Com isso o MST perdeu muitos adeptos porque quem antes precisava de ajuda agora sente-se bem com aquilo que adquiriu. Isso de um lado é muito bom porque mostra que o país tem a capacidade de oferecer melhores condições de vida para os seus habitantes. Ao mesmo tempo é perigoso porque pode tornar-nos passivos demais frente as situações políticas, econômicas e sociais que somos chamados a intervir porque vão incidir primeiramente sobre nós.
Que os índices de crescimento que vemos todos os dias nos noticiários possam intervir na nossa capacidade de querer e fazer do Brasil um país cada dia melhor para nós mesmos, os brasileiros.

Eduardo Moreira Guimarães
6º Período da Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR

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