“SEDUZISTE-ME, SENHOR E DEIXEI-ME SEDUZIR”
Evidentemente não poderia haver uma liturgia mais propícia do que esta que ouvimos nas celebrações desse domingo para encerrar o mês vocacional. Já no início da liturgia o profeta Jeremias (Jr 20, 7-9) fala belamente de como o Senhor o seduziu, foi mais forte do que ele e teve mais poder. É o Senhor quem seduz, quem convoca, quem chama, quem convida para estar com ele, para fazer uma caminhada de encontro e deixar-se seduzir.
É claro que não basta apenas a ação do Senhor na nossa vida, não basta apenas a semente vocacional que ele lança dentro de cada um de nós, mas é preciso o consentimento pessoal para que o Senhor habite em nós, seduza-nos para ele, convoque-nos para a sua missão. O chamado que é de Deus não tem plena eficácia sem a resposta que é do homem. Somos nós, cristãos e cristãs neste mundo tão carente de Deus, que somos responsáveis para responder ao apelo do Senhor para trabalhar na sua messe.
É justamente neste sentido que Jesus diz no Evangelho (MT 16, 21-27) que aquele que não tomar a sua cruz, não renunciar a si mesmo não pode segui-lo, não pode deixar-se seduzir. Por vezes pensamos que a escolha pelo projeto do Senhor pode ser pesada demais, pode ser exigente demais e pode até levar à infelicidade porque é renúncia inclusive de si mesmo, é tomar a cruz de cada dia, as dores, os sofrimentos, tudo que somos e assumir nossa condição para podermos seguir o Mestre.
O seguimento de Jesus é o seguimento radical. E, por isso, não é qualquer seguimento. É seguir para ganhar a vida porque a perde por causa do Reino. É ganhar a vida porque a perde para as atrações superficiais de uma sociedade que ainda escraviza, que ainda humilha, que ainda é injusta para com seus membros. É ganhar a vida porque capaz de deixar um bem em troca de um muito maior e incomparável, ou seja, por causa do Reino que não é meu nem seu, mas é de Deus. Seguir Jesus hoje é deixar-se seduzir por ele porque ele ainda continua sendo a maior força na qual podemos nos agarrar, onde podemos sentir paz, conforto, tranqüilidade, onde podemos encontrar alívio e esperança. É deixar-se seduzir porque acredita na promessa de Jesus de que estará conosco todos os dias até o fim dos tempos e porque foi ele mesmo quem por primeiro venceu o mundo, foi plenamente homem e Deus.
Seguir Jesus é abrir os olhos para a realidade porque é nela que estamos inseridos. Não é esconder-se dentro de nossas casas ou até mesmo de nossas igrejas. Não! É necessário sair, sair de si mesmo, renunciar a si mesmo e ir aonde as pessoas estão. Há algum tempo as pessoas ainda vinham onde estávamos. Hoje elas não vêm mais. Mais do que nunca é tempo de nós, cristãos e cristãs católicos, nos mobilizarmos e assumirmos a nossa vocação de missionários e de mensageiros de Deus levando-o em todos os lugares. Não podemos nos conformar com o mundo, mas precisamos continuamente transformá-lo (Rm 12,1-2), inserirmo-nos nele como pessoas que não simplesmente querem a mudança, mas que já são mudadas porque apostaram a sua própria vida, doaram-na pela causa do Evangelho.
É nesse desejo de transformar o mundo pela luz do Evangelho que celebramos hoje o dia da vocação leiga. Tantos e tantas são os homens e as mulheres que fazem o Reino acontecer nas nossas comunidades, nos nossos grupos, no trabalho, na escola e nos mais diferentes lugares. A todos eles a nossa confiante prece ao Senhor da Messe que recompense esses fiéis trabalhadores que não se cansam de labutar para que a colheita seja farta.
Também atenção especial merece hoje os nossos catequistas ao comemorarmos o seu dia. Como é bonito ver esses leigos engajados iluminando as nossas famílias, a nossa sociedade e a nossa Igreja. Sejam sempre fiéis e perseverantes na vocação à qual o Senhor os chamou e confiem sempre na oração contínua da Igreja por todos vocês.
Enfim, que o próprio Deus, que nos acompanha na nossa vida diária, inspire os nossos corações para que ao ouvirmos a sua Palavra consigamos assumir com responsabilidade os compromissos de levar a nossa fé no Ressuscitado a todos os lugares e a todas as pessoas com os quais convivemos.
Eduardo Moreira Guimarães
6º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR
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