Pular para o conteúdo principal

A ATIVIDADE MISSIONÁRIA DA IGREJA

Eduardo Moreira Guimarães[1]

O Concílio Vaticano II foi um grande evento eclesial de renovação da Igreja e um momento de diálogo com o mundo. Os padres conciliares, pensando na missão de evangelizar segundo o mandato de Jesus (Mt 28, 19), aprovaram, no dia 07 de dezembro de 1965, o Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja.
Esse decreto conciliar quer lembrar a todos os cristãos que a Igreja foi enviada a todos os povos para pregar a Boa Nova (n. 1). Então, tem como objetivo apontar os “[...] princípios da atividade missionária e drenar as forças de todos os fieis para que o povo de Deus [...] difunda por toda parte o reino do Cristo Senhor [...] e prepare a sua derradeira vinda” (n. 1c).
Nesse sentido, Ad Gentes faz uma bonita abordagem doutrinária da missão eclesial afirmando que “A Igreja peregrina é por natureza missionária” (n. 2). Isso evidencia que a atividade missionária é constitutivo da Igreja porque é a extensão do desígnio do Pai, da missão do Filho e do Espírito Santo. O fundamento da missão é o desejo de Deus de salvar a todos os seres humanos (n. 7).
Por isso, a missão é tarefa da Igreja. Mas a tarefa da Igreja é tarefa de cada batizado. Todos são missionários em sua essência cristã e devem contribuir para a difusão do nome de Jesus em todos os lugares da Terra. A atividade missionária supõe, nessa perspectiva, o testemunho. Onde se está, onde se vive, em terras longínquas aí é o lugar de ser missionário.
Assim, em cada cristão existe uma vocação missionária plantada pelo Espírito Santo. É seguir o Mestre Jesus fazendo o que Ele fez e dando ressonância à Sua Palavra de vida e de amor, de fraternidade e de comunhão. Portanto, ninguém está isento do dever da evangelização, mas chamado a ele como à sua mais alta e nobre vocação.
O decreto faz questão de sublinhar: “Todos os filhos da Igreja tenham consciência clara de sua responsabilidade para com o mundo, alimentem um espírito verdadeiramente católico e se empenhem generosamente no trabalho de evangelização” (n. 36b). Para essa responsabilidade é necessário estar com o Senhor, fazer a experiência d’Ele e aprender com Ele a agir com toda paciência, persistência e amor (n. 24b).
Cabe a cada missionário e missionária renovar todos os dias o espírito que os anima para partilharem com generosidade a graça que receberam e que desejam que atinja a todos os irmãos e irmãs. São inúmeros os trabalhos missionário da Igreja. Distribuídos sob a responsabilidade de Congregações religiosas, de equipes missionárias leigas, de sacerdotes, de Dioceses fazem o Reino chegar a terras distantes.
A missão é divina. No entanto, “a messe é grande, mas os operários são poucos” (Lc 10, 2). O que sustenta a missão é a oração. É preciso rezar pela messe, é preciso rezar pelos que vão trabalhar na messe, é preciso rezar pelos que são os destinatários do trabalho na messe. Afinal, é Jesus mesmo quem orienta: “Pedi, pois ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (lc 10, 2).
A missão é um convite a lançar-se nos braços de Deus e do mundo. Foi esse o chamado do Vaticano II: um novo tempo, um novo diálogo, um momento de “abrir as janelas” e sair ao encontro daqueles que estão longe, que desconhecem a Boa notícia do Reino ou que não se deixam mais encantar por ela. Que seja a opção missionária a opção de vida, de seguimento de Jesus Cristo de cada batizado.



[1] Seminarista da Diocese de Cornélio Procópio-PR. Licenciado em Filosofia pela PUCPR e, atualmente, cursa Bacharelado em Teologia pela mesma universidade. http://edumguimaraes.blogspot.com.br/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO: Introdução à eclesiologia

11.        INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo resumir o livro “Introdução à Eclesiologia” de Salvador Pié-Ninot. Evidentemente não é uma tarefa simples, dado a complexidade do tema e, ao mesmo tempo, as discussões polêmicas que o mesmo está envolvido. Por exemplo: Jesus fundou a Igreja ou ela simplesmente foi aquilo que seus seguidores conseguiram oferecer? Essa e outras questões polêmicas perpassam na mente de qualquer estudante de teologia. Por isso, o resumo aqui apresentado fez questão de ser fiel ao autor nas observações, nos apontamentos e, ao mesmo tempo, na disposição dos capítulos que foram lidos e analisados. Para isso, no desenvolvimento está elaboraram-se tópicos que correspondem aos capítulos em número de 6 mais a conclusão. Assim, fala-se no estudo da história do Tratado de Eclesiologia, dos conceitos fundamentais relacionados à Igreja, de Jesus à Igreja, da Igreja primitiva e edificada pelos sacramentos, das dimensões da Igreja, da missão da Igreja e, final

ESSÊNCIA, PESSOA E SUBSTÂNCIA

I – INTRODUÇÃO             O presente trabalho apresenta uma breve definição das palavras ESSÊNCIA, PESSOA e SUBSTÂNCIA. A ordem de apresentação foi estabelecida a partir da ordem alfabética. Ao longo do texto notar-se-á que se buscou apresentar a origem do termo pesquisado, bem como a sua evolução e o que ele significa no campo teológico, mais especificamente em relação à Trindade. II – ESSÊNCIA, PESSOA, SUBSTÂNCIA             O problema inicial que permeia a definição de essência, pessoa e substância começa pelo fato de os gregos falarem de uma essência e três substâncias e os latinos de uma substância e três pessoas [1] . Sendo assim, corre-se o risco de confundir os termos e seus significados. Por isso, estudou-se apenas a concepção latina sem fazer as devidas comparações com a grega. a)       ESSÊNCIA Por esse termo é entendido, em geral, a resposta à pergunta “o quê?” [2] , por exemplo, na pergunta: ‘o que é o homem?’. A resposta, em geral, exprime a essên

A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)

RESUMO: A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE (Bruno Forte)   1.       INTRODUÇÃO   O presente trabalho é um resumo da obra de Bruno Forte “A Igreja ícone da Trindade”. A leitura foi realizada de forma atenta e interessada tendo em vista a importância do tema. Divindade em três grandes partes, o livro apresenta a “ ECCLESIA DE TRINITATE – de onde vem a Igreja?”, a “ ECCLESIA INTER TEMPORA – o que é a Igreja? A forma trinitária da Igreja” e a “ ECCLESIA VIATORUM – para onde vai a Igreja?”. Dessa maneira, a apresentação desse resumo seguiu o mesmo esquema apresentado pelo autor. No entanto, no livro ele faz divisão de capítulos ao apresentar cada uma das três partes. Aqui, no entanto, pensou-se em apresentar em um único texto corrido a reflexão de Bruno Forte no intuito de elaborar um pensamento único que faça a conexão dos assuntos entre si, dado que todos estão inter-relacionados.   2.       A IGREJA ÍCONE DA TRINDADE   Bruno Forte escreve este