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A FORMAÇÃO INTELECTUAL: A INTELIGÊNCIA DA FÉ


“DAR-VOS-EI PASTORES segundo o meu coração”. (Jr 3, 15)

 

“A formação intelectual, como as demais dimensões da formação presbiteral, orienta-se para formar pastores do Povo de Deus, a exemplo de Jesus Cristo, os quais se caracterizam como discípulos, missionários, servidores cheios de misericórdia”[1]

 

            A formação intelectual liga-se profundamente à formação humano-afetiva, espiritual e pastoral-missionária como uma expressão necessária, uma exigência da inteligência pela qual o homem “[...] participa da luz da inteligência de Deus e procura adquirir uma sabedoria que, por sua vez, se abre e orienta para o conhecimento e a adesão a Deus”[2].
 

 

1.      FUNDAMENTAÇÃO E FINALIDADE

 

No contexto da formação presbiteral, o apreço pela dimensão intelectual é uma questão de fidelidade a Deus, fidelidade a seu povo, fidelidade a si mesmo e um modo singular de viver o discipulado. Não é uma dimensão isolada da vida, mas integrada num caminho espiritual marcado pela experiência pessoal de Deus que visa chegar àquela inteligência do coração que sabe ver, primeiro, o mistério de Deus, e depois é capaz de comunicá-lo aos irmãos.

A seriedade e o esforço em viver a dimensão intelectual impõem-se frente aos enormes e complexos desafios que se antepõem à missão da Igreja nos tempos atuais. Se cada cristão já é chamado a “[...] dar razão de sua esperança” (1Pd 3, 15), com muito maior razão os formandos e os presbíteros devem manifestar um zeloso cuidado pelo valor da formação intelectual na educação e na atividade pastoral[3]. 

Além disso, os fieis têm direito à competência, clareza e profundidade daqueles que assumem a responsabilidade de mestres na fé, no desempenho do ministério presbiteral. Portanto, toda a dimensão intelectual está estritamente ligada à dimensão pastoral no exercício de um ministério encarnado na pessoa de Jesus e na realidade dos dias atuais.

 

2.      OBJETIVO[4]

 

Levar o futuro presbítero a uma compreensão adequada da realidade humana em que vive, a sua integração à luz da fé pra discernir as linhas de ação do seu próprio ministério.

Proporcionar aos estudantes um bom conhecimento da Revelação divina, a Doutrina católica para viverem abertos a uma Igreja Missionária.

 

3.      METAS A SEREM ATINGIDAS EM CADA ETAPA DO PROCESSO FORMATIVO

 

A)    SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL

 

*Promover o discernimento vocacional através de palestras, dinâmicas, debates.

*Procurar que os candidatos ao seminário adquiram um nível excelente de formação intelectual, pois “[...] a obrigação do estudo para quem está pensando em se preparar para o sacerdócio, não pode ser apenas um componente exterior e secundário”[5].

 

B)    SEMINÁRIO PROPEDÊUTICO

 

*Capacitar os candidatos ao Seminário Maior a suprir suas deficiências de ensino, reforçando alguns aspectos da dimensão intelectual, propondo métodos de trabalho intelectual e amenizando o impacto que a filosofia frequentemente exerce sobre os iniciantes[6].

*Proporcionar uma boa formação cristã.

 

C)    SEMINÁRIO DE FILOSOFIA

 

*Aprofundar e amadurecer a fé; despertar para uma visão global e crítica da realidade sobre o mundo, sobre o homem e sobre Deus.

*Criar o hábito da reflexão e da sistematização da problemática filosófica; buscar síntese pessoal; renovar a certeza de que suas tensões e anseios não se dirigem para o vazio, mas para o Absoluto que precisa ser descoberto, interiorizado e vivido; formar-se um consagrado à busca da verdade.

*Interpretar a realidade à luz da fé. Preparar-se convenientemente para o diálogo com os homens e mulheres de hoje integrando fé e razão.

*Fundamentar um profundo e sério diálogo com o mundo, sobretudo na evangelização das culturas e da enculturação da mensagem da fé.

 

D)    SEMINÁRIO DE TEOLOGIA

 

*Procurar a renovação da formação presbiteral através do direcionamento pastoral para a formação intelectual.

*Perceber claramente as consequências da revelação divina com relação à missão da Igreja e ao compromisso dos cristãos pela transformação da sociedade[7].

*“Proporcionar uma teologia profundamente integrada à vida espiritual e ao ministério pastoral, empenhada no desenvolvimento e aprofundamento de uma fé cristã, participante do mundo e da história”[8].

*Responder aos apelos da realidade através da reflexão teológica mais participada, crítica, dialogal, ecumênica.

*”O teólogo é, antes de mais nada, um crente, um homem de fé. Mas é um crente que se interroga sobre a própria fé”[9].

 

4.      A DIMENSÃO INTELECTUAL NA VIDA DIOCESANA

 

A Diocese de Cornélio Procópio procura formar continuamente os seus leigos para uma maior compreensão da fé e atuação na comunidade. Por isso, está caminhando em consonância com seu IX Projeto de Ação Evangelizadora que parte de quatro urgências: a ação missionária permanente nas comunidades da Diocese, a iniciação à vida cristã – eixo fundamental da ação evangelizadora, a animação bíblica da vida e da pastoral e a ação sócio-transformadora.

Todas essas linhas de ação tem como fundamento a Palavra de Deus, a Tradição e a caminhada da Igreja no Brasil, no Regional Sul 2 e na Diocese. Para que elas sejam concretizadas existem diversas pastorais e movimentos que buscam realizar um trabalho de base na comunidades.

Todos esses trabalhos estão ligados à dimensão intelectual da formação presbiteral. Alguns exemplos: Grupos de reflexão (rezam, refletem e estudam a Palavra de Deus nas comunidades), Escola Teológica para leigos (oferecer aos leigos uma visão global e teológica da doutrina da Igreja), Escola Diocesana Bíblico-catequética Maria Evangelizadora (formar adequadamente os catequistas afim de se qualificarem melhor para o exercício de seu ministério), Escola do Setor Juventude (proporcionar uma formação integral aos jovens da Diocese), Escola de Evangelização Santo André (formar discípulos-missionários para a messe do Senhor).

 

5.      CONCLUSÃO

 

“A obrigação do estudo, que preenche uma grande parte da vida de quem se prepara para o sacerdócio, não constitui de modo algum uma componente exterior e secundária do crescimento humano, cristão, espiritual e vocacional: na realidade, por meio do estudo, particularmente da Teologia, o futuro sacerdote adere à palavra de Deu, cresce na sua vida espiritual e dispõe-se a desempenhar o seu ministério pastoral”[10].

 

6.      REFERÊNCIAS

 

 

CNBB. Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil. 2010.

 

______. Documento 55.

 

CELAM. Documento de Aparecida.

 

Diretrizes para a formação presbiteral da Arquidiocese de Londrina.

 

JOÃO PAULO II, Papa. Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis. 3.ed. São Paulo, Paulinas, 1992.



[1] Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil, n. 310.
[2] Pastores dabo vobis, n. 51.
[3] Pastores dabo vobis, n. 51.
[4] Diretrizes para a formação presbiteral da Arquidiocese de Londrina, p. 20.
[5] Documento 55, CNBB, n. 145.
[6] Diretrizes para a formação presbiteral da Arquidiocese de Londrina, p. 20.
[7] Documento de Aparecida, n. 325-327.
[8] Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil, n. 341.
[9] Pastores dabo vobis, n. 53.
[10] Pastores dabo vobis, n. 51.

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