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A LITURGIA NA VIDA DA IGREJA APÓS O VATICANO II



“[...] a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força”.

    O grande diferencial do Concílio Vaticano II (1962-1965) é que ele renovou e abriu o pensar e agir da Igreja para o diálogo com o mundo. Isso aconteceu também no aspecto litúrgico como se vê na Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia.
    A grande preocupação dessa Constituição é favorecer tudo o que possa contribuir para a união daqueles que crêem em Cristo, ou seja, chamar e reunir todos os que acreditam em Jesus para, juntos, viverem e proclamarem a fé (cf. n. 1). Por isso, a Liturgia manifesta a presença de Jesus Cristo na Sua Igreja (cf. n. 7). Ela deve fazer penetrar no coração de cada cristão o desejo ardente de abrir-se à graça de Deus que se apresenta na Igreja. Deve motivar a resposta do homem a realizar sua vocação no mundo na construção e testemunho do Reino inaugurado por Jesus Cristo.
    Por isso, na Liturgia que se celebra já acontece no momento presente a antecipação da glória futura, ou seja, na Liturgia terrena participa-se da celeste para a qual nos dirigimos enquanto peregrinos nesta terra. Assim, a Liturgia é o ponto mais alto de toda a vida da Igreja e a fonte de onde sai toda a força para o serviço eclesial (cf. n.10), porque reanima as forças para o trabalho a serviço do Reino de Deus na expectativa de já vivê-lo no presente.
    Assim, a Liturgia é, sobretudo, trazer na vida o mistério da Morte e Ressurreição de Jesus que se faz presença na vida de cada homem e mulher, na sua história. Desse modo, é essencial para o católico participar ativamente da vida de fé de sua paróquia, porque é do encontro com Jesus na comunidade reunida que surgem as motivações para vencer as dificuldades e tropeços da vida diária.
    Como disse o Santo Padre Bento XVI, “[...] o culto cristão não é somente uma comemoração de eventos passados, e nem mesmo uma particular experiência mística, interior, mas essencialmente um encontro com o Senhor ressuscitado, que vive na dimensão de Deus, além do tempo e do espaço, e, contudo se faz realmente presente na comunidade, nos fala nas Sagradas Escrituras e parte para nós o Pão da vida eterna”.
    É na Liturgia, portanto, que Deus fala ao Seu povo, ouve suas súplicas e dá-lhe a certeza de que não está sozinho, mas Ele mesmo caminha com a humanidade inteira. Isso é perceptível na realização dos sacramentos, sobremaneira na Eucaristia, momento no qual Jesus faz-se presença viva e real em cada comunidade. Por isso, a valorização do Domingo como Dia do Senhor é objetivo central na prática cristã. É nesse dia, primeiro da semana, que Jesus Cristo ressuscita e os apóstolos recebem o Espírito Santo para continuarem a missão deixada pelo Mestre.
    A Liturgia, portanto, não é simplesmente o cumprimento de um ritual, mas a vivência do encontro com Aquele que dá sentido à vida, ao existir; o encontro com uma Pessoa, Jesus Cristo que transforma a vida (Deus caritas est, n. 1).  E a ressurreição de Jesus nos proporciona esse encontro, porque Jesus “[...] é alguém de quem nos podemos absolutamente fiar, confiando não apenas na sua mensagem mas n’Ele mesmo, porque o Ressuscitado não pertence ao passado, mas está presente e vivo hoje” (Bento XVI).

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