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24º DOMINGO DO TEMPO COMUM


“Ninguém dentre vós vive para si mesmo...”

Celebramos com grande alegria o 24º Domingo do Tempo Comum. Um tempo de graça, de esperança, mas, sobretudo, um tempo de muita responsabilidade e de muito compromisso da parte de cada um de nós porque tempo de levar adiante a missão de Jesus, de mostrar que aceitamos a sua proposta e que queremos contribuir para que o Reino possa acontecer entre nós, desde já. Nesse sentido, a liturgia desse domingo exige muito de nós. Exige muito porque deseja nos levar a compreender que a nossa vida não pertence a nós mesmos, mas deve sempre ter sua razão em Cristo Jesus, ou seja, não vivemos para nós mesmos, mas para o Senhor.
Assim, as leituras nos proporcionam uma belíssima reflexão sobre o perdão, sobre a capacidade de olhar para o amor e a misericórdia de Deus e pedi-lo a graça de também nós sermos amorosos e misericordiosos. Se assim pensarmos e pedirmos o perdão, maior manifestação de amor, não será um peso para nós; ao contrário será a maior manifestação da bondade de Deus que concede-nos a graça de entender que para relacionarmo-nos com Ele é preciso passar pelo irmão, pela comunidade. A nossa fé não é uma fé individualista, no sentido de que só eu me basto, mas o oposto: a minha fé é comunitária e preciso do outro para, juntos, seguirmos o caminho do Senhor vivendo o seu Reino.
Por isso é que aqueles que não exercerem a misericórdia, aqueles que não perdoarem seus irmãos, que ainda guardarem em si raiva, que não tiverem compaixão não encontrarão o perdão, mas a vingança do Senhor (Eclo 27,33-28,9). É preciso constantemente lembrarmo-nos do nosso fim e deixarmos de odiar. É preciso continuamente pensar e refletir os mandamentos para que não guardemos rancor do nosso próximo e possamos alcançar a misericórdia de Deus.
É justamente tendo essas atitudes que nos perceberemos como aqueles que não vivem para si mesmo, mas para o Senhor (Rm 14,7-9). Assim, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor porque Cristo morreu e ressuscitou para ser Senhor dos vivos e dos mortos. A nossa fé é uma fé que se realiza no presente, mas que antecipa as glórias futuras. Então é preciso começar aqui a conquistar o céu. É necessário aqui viver de acordo com a vontade do Senhor para que alcancemos a sua bondade, carinho e complacência para viver com Ele na eternidade. Dessa forma a nossa fé não é vazia, sem sentido, mas alicerça-se na certa esperança da nossa vida com Deus nos céus.
Todavia, o céu só é conquistado quando exercitamos aqui na terra as virtudes daqueles que confiam no Senhor, que escutam sua Palavra e a colocam em prática na sua vida. Assim, não importa quantas vezes devemos perdoar (Mt  18,21-35). Não há medida para o perdão como não há medida para o amor. É necessário amar e perdoar sempre. E como Deus nos perdoa devemos perdoar os outros. Não podemos pedir o perdão de Deus se não somos capazes ainda de exercer o perdão para com o outro. Assim, aquele empregado que pediu misericórdia ao rei e foi atendido deveria também ter sido misericordioso para com aquele que o devia. Mas ele ainda não tinha entendido a dimensão do amor e do perdão. Não queria entender.
Por isso, irmãos, é necessário exercitar-se na escuta da Palavra de Deus para que essa palavra possa nos converter, nos fazer entender que com a mesma medida que eu medir eu serei medido; com a mesma alegria que eu tenho de perdoar eu serei perdoado. Isso porque o Senhor é bom, misericordioso, mas é justo com seus filhos e todos têm a mesma dignidade, a mesma capacidade de receber e de dar o perdão, o amor.
Que o Senhor Jesus nos ajude nesta semana e sempre a exercitar em nós a capacidade de perdoar e ser perdoado, a capacidade de amar e deixar ser amado, a graça de perceber que o perdão é dom de Deus para ser vivido no hoje da nossa história e que, com ele, seremos uma comunidade mais unida e mais fiel ao mandamento de Jesus de amarmo-nos uns aos outros como ele mesmo fez.

Eduardo Moreira Guimarães
6º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR  

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