“Glorioso São Caetano, em virtude singular. Pedi a Deus que nos faça a vossa vida imitar”
É esse o canto que se ouve em Cipotânea-MG durante os dez dias da festa do venerável padroeiro São Caetano. Neste ano de 2011 com um ‘tom’ todo especial, afinal celebra-se o cinqüentenário da festa religiosa mais famosa de toda a região, o Jubileu de São Caetano. É bonito estar na cidade durante os dias da festa. Ela fica toda alegre, reverente a Deus e ao seu padroeiro. O povo de Cipotânea é um povo que se identifica com aquele que soube reconhecer Deus na singeleza do presépio, aquele que não duvidou da graça e bondade de Deus mesmo quando nada tinha para comer, aquele que distribuiu o que tinha para os pobres, nosso querido São Caetano. Santo por vezes desconhecido neste imenso Brasil, mas que em Cipotânea encontrou morada. É o santo do nosso povo. É o nosso santo! Quantas e quantas pessoas acorrem à Cipotânea todo dia 7 de agosto para venerar o santo de sua devoção.
É verdade que, segundo Dr. Geraldo Barroso[1], a devoção a São Caetano foi mais incentivada e promovida a partir do Pe. José Geraldo das Mercês, homem santo que viveu entre os cipotaneanos (aquele que nasce em Cipotãnea) e, que dentre outras coisas, ensinou-lhes além da fé, a trabalhar com a palha do milho produzindo maravilhosos artesanatos. Este padre começou a devoção ao santo padroeiro do lugar, vindo aumentar tal devoção com os párocos que o precederam. Destaque merecido deve receber o Pe. Argemiro Benigno de Carvalho que esteve à frente da paróquia por 18 anos e criou em 1961 o Jubileu de São Caetano. Também merece reconhecimento o Pe. Rogério Venâncio de Resende que está na paróquia desde 1970 e que acompanhou a maioria das festas realizadas até o momento.
Caetano nasceu em Vicenza no ano 1480. Estudou direito em Pádua e, depois de ter sido ordenado padre, fundou em Roma a Congregação dos Clérigos Regulares (mais conhecidos como Padres Teatinos) com o fim de promover o apostolado, e propagou-a no território de Vicenza e no reino de Nápoles. Distinguiu-se por sua vida de oração e pela prática da caridade. Morreu em 1547[2]. Como se percebe Caetano foi um padre dedicado à causa do Reino, à Igreja e às pessoas, especialmente aos pobres. Talvez seja isso que tenha feito com que o povo xopotoense (antes da emancipação – 1953, Cipotânea chamava-se São Caetano do Xopotó) tenha se identificado tanto com São Caetano.
Cipotânea, apesar de ser uma pequenina cidade no interior de Minas Gerais é grande aos olhos de Deus e aos olhos de quem nasceu naquele torrão querido. Cidade simples, humilde, mas de um povo muito justo, honesto, bom, acolhedor e de muita fé em Deus por meio de São Caetano. Durante o jubileu que ocorre de 29 de julho a 7 de agosto todos os anos é fácil perceber a devoção do povo. Todos os dias na Matriz às três da tarde acontece a tradicional Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro instaurada pelo Pe. José Nogueira CSsR que sempre participava como pregador do Jubileu. À noite todos os dias acontecem as procissões que têm início nos bairros da cidade. É bonito ver durante o dia os moradores enfeitando as ruas, as frentes de suas casas porque a procissão vai passar naquele lugar. É bonito ver a empolgação, a união e a ajuda mútua, afinal quem já terminou vai ajudar quem ainda está trabalhando. Como é gostoso acompanhar a procissão e ouvir a Banda Santa Cecília executando seus dobrados! Como é bom rezar com esse povo que é tão de Deus!
Ao chegar à Matriz acontece a Missa e a Novena a São Caetano. A Igreja todos os dias fica repleta de fiéis, chegando a permanecerem várias pessoas em pé tomando todos os corredores do templo. Talvez seja por causa desta grande fé do povo xopotoense e da intercessão de tão valioso padroeiro que Cipotânea seja tão agraciada com tantas vocações sacerdotais e religiosas. Lá certamente foi ouvido o pedido de Jesus ao Pai para que enviasse trabalhadores para o seu serviço. E à messe nunca faltou operários zelosos que vieram de Cipotânea. A cidade se orgulha dos cinco Bispos que ofereceu à Igreja (Dom José Nicomedes Grossi, Dom Antônio Afonso de Miranda, Dom José Heleno, Dom Hélio Heleno e Dom Getúlio Teixeira Guimarães SVD) e dos mais de 50 padres e inúmeras religiosas. Cipotânea parece ser ‘a terra de onde corre leite e mel’.
Não é ‘à toa’ que Cipotânea não está preocupada com as grandes coisas do mundo, com a correria e a agitação do dia-a-dia da cidade grande. Talvez seja por isso que quando se participa do Jubileu de São Caetano parece que se ouve ele mesmo dizer: “Não tenhas dúvida de que somos peregrinos e caminheiros aqui na terra: nossa pátria é o céu” [1]. É essa a sensação de quem é de Cipotânea e está longe. Ao retornar para casa a primeira coisa que quer ver é a Igreja Matriz e São Caetano. É ele que entende os sofrimentos e as agruras da vida e os leva até o Pai do céu suplicando por cada um de nós. É ele ainda que ensina a viver aqui na terra como se já estivéssemos no céu.
Comemorando os cinqüenta anos do Jubileu de São Caetano a mim e a todos aqueles que não podem estar em Cipotânea, resta pedir que o nosso santo padroeiro estenda sobre todos os cipotaneanos a sua proteção e o seu auxílio junto de Deus. Ao mesmo tempo pedir que ele interceda por cada um de nós que nascemos nesta terra querida e que de lá não esqueceremos jamais. Como bem disse o Pe. Arlindo Dias, SVD: “Cipotânea, minha doce Cipotânea”. É em ti, Cipotânea, que aprendi a viver. É em ti que aprendi a viver a minha fé. Em ti aprendi a ser gente! Por isso em todos os lugares que estiver de ti não me esquecerei.
Parabéns Cipotânea pela sua fé, pela sua devoção a São Caetano. Que a seu exemplo possas buscar continuamente o Reino de Deus que já está em teu meio.
Eduardo Moreira Guimarães
6º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR
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