“Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar”
Neste instante histórico em que vivemos parece-nos necessário parar, sair de nós mesmos, das nossas múltiplas atividades cotidianas e permanecer sobre o monte do Senhor porque Ele vai passar. É interessante também notar que o Senhor não passa de qualquer maneira, não passa sem que seja percebido. No entanto, só percebe este Senhor quem está apto para saborear as coisas mais simples da vida porque ser de Deus é ser simples, é amar na simplicidade.
É justamente esta idéia que perpassa toda a vida do cristão neste tempo em que vivemos. Queremos estar diante daquele que nos dá a razão e a esperança da nossa vida. O Cristo, a quem nós seguimos após um encontro, aparece-nos como o homem das coisas simples. Por isso, Elias ao colocar-se diante do monte percebe que o Senhor irá passar, mas não de qualquer modo, não por acaso. É preciso perceber também que o Senhor não passa promovendo eventos grandiosos, não passa no vento impetuoso e forte, nem no terremoto ou no fogo, mas no murmúrio simples da leve brisa. Ou seja, só é capaz de ver o Senhor que passa aquele que está a caminho das coisas simples onde o Reino acontece. Ele não é feito em grandes obras, nas grandes coisas, mas na humildade da brisa leve, na simplicidade e na normalidade da vida.
É por isso que o salmo 84 deve ilustrar bem o desejo de todos que se dirigem para o encontro com o Senhor neste domingo quando diz: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar”. É preciso querer, antes de mais nada. Querer estar com Jesus. Querer estar com o Ressuscitado. Querer estar com a razão da nossa esperança. Mas este Jesus é o Filho de Deus, do Deus simples, pai de amor e de bondade, que recebe seus filhos do jeito que são, ou seja, com as alegrias e tristezas que carregam. É a esses que o Senhor vai mostrar a sua face. É a esses que o Senhor quer revelar-se para que esses mesmos possam anunciar as maravilhas simples de Deus.
Da mesma forma que Elias saiu para ver o Senhor que iria passar, os discípulos à noite viram o Senhor Jesus que caminhava sobre as águas. Inicialmente também não o reconheceram, ficaram espantados. Mas Jesus foi se aproximando e começa a falar com eles, a acalmá-los: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”. Percebamos que a reação de Deus é sempre a mesma. Ficai tranqüilos porque sou eu. Sou eu aquele que passou naquela leve brisa e sou eu quem passo andando sobre as águas. É o Senhor que se faz presente constantemente na história dos homens e mulheres que se dispõem a caminhar com Ele.
Porém, é preciso entender também a atitude de Pedro. É ele que pede que Jesus o faça andar sobre as águas ao seu encontro. Mas ainda teve medo. Não confiou totalmente na palavra de Jesus: “Vem!”. A fé de Pedro ainda era fraca, titubeava. Isso parece ocorrer hoje, como no tempo dos discípulos. Quantos de nós ainda vivemos no medo, na escuridão, na tempestade, no vento impetuoso e forte, no terremoto, no fogo. É preciso deixar que a palavra de Deus ressoe dentro de nós: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar”. É necessário entregar-se ao Senhor sem reservas, com tudo aquilo que temos e somos. Com a nossa disposição de amá-lo, de ter coragem de seguir a sua voz, de não ter medo.
Ao mesmo tempo, é preciso ainda pedir a força e a coragem de Jesus para vencer tudo aquilo que ainda nos aprisiona, nos amedronta, nos entristece e faz chorar. É preciso ainda abrir o coração para aquele que pode curar nossas feridas e pode dar-nos a paz, a verdadeira fé. É preciso que peçamos ao Senhor a graça de sairmos para vê-lo passar, mas vê-lo passar na simplicidade da nossa vida, na humildade da nossa casa e daqueles que amamos. É preciso olhar para Maria, mulher simples e humilde, e com ela aprender a singeleza de ser de Deus, de esperar com paciência a passagem do Senhor Jesus, porque é ele quem pode iluminar a nossa razão para que professemos como aqueles que estavam no barco: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”.
Eduardo Moreira Guimarães
6º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR
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