11. INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objetivo resumir o livro
“Introdução à Eclesiologia” de Salvador Pié-Ninot. Evidentemente não é uma
tarefa simples, dado a complexidade do tema e, ao mesmo tempo, as discussões
polêmicas que o mesmo está envolvido. Por exemplo: Jesus fundou a Igreja ou ela
simplesmente foi aquilo que seus seguidores conseguiram oferecer? Essa e outras
questões polêmicas perpassam na mente de qualquer estudante de teologia.
Por isso, o resumo aqui apresentado fez questão de
ser fiel ao autor nas observações, nos apontamentos e, ao mesmo tempo, na
disposição dos capítulos que foram lidos e analisados. Para isso, no
desenvolvimento está elaboraram-se tópicos que correspondem aos capítulos em
número de 6 mais a conclusão. Assim, fala-se no estudo da história do Tratado
de Eclesiologia, dos conceitos fundamentais relacionados à Igreja, de Jesus à
Igreja, da Igreja primitiva e edificada pelos sacramentos, das dimensões da Igreja,
da missão da Igreja e, finalmente, de Maria como a Igreja realizada.
2. RESUMO
A Igreja é descrita na Lumen Gentium (LG) 8 como sinal e sacramento de salvação, ou seja,
torna visível na história uma realidade invisível: a íntima união com Deus e a
unidade de todo o gênero humano. Por isso, o autor – Salvador Pié-Ninot – faz
um percurso ao longo da história da eclesiologia.
2.1 –
Nota histórica sobre o Tratado de Eclesiologia
Esse tratado é estabelecido a partir da obra de
Tiago de Viterbo, De regime Christiano,
de 1301-1302. Nele nota-se que, nos primeiros séculos, a eclesiologia era mais
vida e consciência do que teologia sistemática. No centro, estava a realidade
da comunhão, uma consciência muito marcante da maternidade da Igreja como
portadora de salvação e geradora do homem novo no batismo, portanto existia um
sentido muito expressivo de sentire
ecclesiam, expressão que exemplifica a experiência real e a criteriologia
própria da confissão de fé sobre ela.
Era a visão da Igreja como corporação e membros –
corpo – cabeça e membros. Por isso, a Igreja penetrava de maneira espontânea a
vida e a mensagem cristãs. A eclesiologia estava assentada em três vias: a) A
via histórica que mostra que a Igreja católica romana é a Igreja cristã de
sempre; b) A via notarum que afirma que Jesus Cristo dotou a Igreja de quatro
notas distintas: unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade; e a c) Via
empírica que avalia a Igreja em si mesma como milagre moral, adotada pelo
Concílio Vaticano II.
Já a partir do Concílio Vaticano I, a eclesiologia
foi tomada pela via da infalibilidade pontifícia da constituição dogmática Pastor Aeternus. O primado está
vinculado à Igreja e tem como finalidade a preservação da unidade. Entre o
Vaticano I e o Vaticano II há uma verdadeira consolidação do Tratado de
Eclesiologia, sempre sobressaindo a vertente apologética. Quatro são as formas principais:
a) Apologética-teológico-fundamental: a necessidade natural do homem de
conhecer a verdade sobre si mesmo e sobre Deus. a Igreja satisfaz essa
necessidade. b) Criteriologia teológica: a partir do magistério, a Igreja é o
meio do autêntico conhecimento teológico. c) Teologia dogmática:
desenvolvimento dogmático da Igreja. d) Experiência eclesial litúrgica,
ecumênica, missionária e laical. Renovação da experiência litúrgica a partir do
movimento litúrgico que antecedeu o Concílio Vaticano II.
Nesse Concílio, pela primeira vez, a Igreja deu uma
definição de si mesma na Constituição Dogmática Lumen Gentium. Nesse documento privilegia-se o seu caráter de
mistério e uma concepção mais bíblica, com uma raiz litúrgica, atenta a uma
visão missionária, ecumênica e histórica, em que a Igreja é descrita como
sacramento da salvação. Retoma o conceito primordial da comunhão, ideia central
da definição de Igreja no Vaticano II (com Deus, pela Palavra e sacramentos,
que leva à unidade dos cristãos entre si e se realiza concretamente na comunhão
das Igrejas locais em comunhão hierárquica com o Bispo de Roma). É a tentativa
de encarar a Igreja a partir da perspectiva da credibilidade do testemunho
eclesial.
2.2 –
A Igreja: conceitos fundamentais
O termo grego “ekklesía”,
no latim “ecclesia”, do qual “Igreja”, significa aviso de convocação,
assembleia reunida. Surgiu já no tempo do Deuteronômio como “O dia da
assembleia”. Por isso, se diz hoje, a Igreja gera constantemente a Igreja. O
Vaticano II definiu a Igreja como sacramento, porque ela brotou do lado aberto
de Cristo na Cruz (LG 3). É apresentada também como comunhão, com Deus entre
si. É o povo de Deus formado por todos os batizados, portanto, ícone da
Trindade. É povo de Deus porque realiza a vocação universal de
sacramentalidade.
É o corpo de Cristo pensado como um organismo vivo e
hierarquicamente organizado que envolve todos os seus membros. É tradição viva,
porque a natureza da própria tradição viva da Igreja consiste precisamente na
sua conaturalidade com a revelação, realizada mediante palavras e gestos unidos
(Dei Verbum 2). Tradição em dois
sentidos: de um lado para descrever o que não está escrito na Escritura e tem
origem apostólica e, por outro, para exprimir todo o processo de transmissão
viva da revelação através dos tempos. A Igreja é também compreendida como
sociedade, conceito de São Belarmino contra os reformadores afirmando que
existe uma só Igreja – a católica.
E finalmente, a Igreja como instituição, conceito da
sociologia moderna. Mas na Igreja, a instituição aparece como um sinal
identificador do Espírito, ele a governa, a conduz. É sinal de força
integradora do Espírito que incorpora cada crente e as diversas Igrejas na
unidade originária da Igreja universal. A instituição é sinal da força
libertadora do Espírito.
2.3 –
De Jesus à Igreja
Tendo como pressuposto a relação de Jesus com a
Igreja, será possível ver a Igreja apostólica como norma e fundamento da Igreja
de todos os tempos devido ao caráter definitivo da revelação de Jesus Cristo. O
lugar do desenvolvimento da Igreja é o acontecimento de Pentecostes, como
também a função protagonista dos apóstolos, Pedro e Paulo (portadores do
desenvolvimento e da formação da Igreja). Mas será somente na patrística que o
tema da fundação da Igreja gerará questionamentos teológicos.
A partir dos Padres, a formação da Igreja é
apresentada na imagem mistérica do nascimento da Igreja do lado ferido do
Crucificado. Já o Vaticano I declara que Cristo decidiu edificar a santa
Igreja, afirmando que a Igreja foi instituída imediata e diretamente pelo
próprio Cristo, verdadeiro e histórico, enquanto vivia entre nós. Começam a
surgir expressões para designar a relação de Cristo e da igreja: instituir,
fundar, edificar. E são enumerados os principais atos fundadores de Jesus: a
vocação e a missão dos doze, o primado de Pedro, a transmissão do tríplice
poder de Cristo aos apóstolos e a eucaristia. Nos números 2-5 de LG estão
empregados pela primeira e única vez os termos “fundação” e “fundador”.
A abordagem canônica da fundação da Igreja se dá no
conceito “jus divinum” que significa
que a Igreja está permanentemente ligada ao Evangelho que lhe foi confiado de
maneira inalienável.
Embora o tema da fundação da Igreja tenha causado,
ontem e hoje, inúmeras controvérsias, a pesquisa atual diz que só se pode falar
de Igreja depois da glorificação de Jesus e de Pentecostes. No entanto,
ressalta-se que a manifestação da Igreja depois da Páscoa está em continuidade
com Jesus e com suas obras e palavras. Fala-se ainda de uma eclesiologia
implícita, na qual Deus leva adiante o Reino iniciado pro Jesus e que permanece
fiel a esse início quando o confia, depois da Páscoa, a uma Igreja, ligada ao
mesmo tempo a esse início. Cristo seria entendido como o salvador de Israel,
não como o fundador, que reuniu o verdadeiro Israel: a Igreja.
O Vaticano II fala do povo reunido na unidade do Pai,
do Filho e do Espírito Santo (LG 2-5). E o mistério de sua fundação está
relacionado aos atos fundadores, ou seja, uma fundação durante toda a atividade
de Jesus, vestígios, portanto, pré-pascais. Assim, a fundação da Igreja deve
ser entendida como um processo histórico, como o devir da Igreja no interior da
história da Revelação. É preciso afirmar, portanto, que Jesus quis fundar a
Igreja, a partir da eclesiologia implícita.
Sendo assim, a relação de Jesus e da Igreja pode ser
assim iluminada: a) a sua instituição por parte de Jesus – ligada às questões
relativas à pessoa e consciência de Jesus, eclesiologia implícita e processual;
b) o sinal exterior – analogia ao Verbo Encarnado; c) o efeito interno da graça
– Jesus Cristo como fundamento da Igreja.
Nos evangelhos aparecem duas vezes a menção à
Igreja: Mt 18, 17 e Mt 16, 18. A primeira refere-se à Igreja local ao tratar da
correção fraterna. A segunda, recorda o que Jesus falou da Igreja em sentido
amplo: sobre esta pedra edificarei. Em Ef 5, 25 também aparece menção à Igreja
a partir do amor de Cristo por ela.
A Igreja foi definida ao longo de sua história por
muitos termos: os discípulos, os santos, os cristãos e, por último, a Igreja. O
modelo dessa comunidade que surgia está em At 2, 42: oração, fração do pão,
ensinamento dos apóstolos e comunhão dos bens.
A partir de 66 d.C. as três figuras mais conhecidas
da Igreja são: Pedro, Paulo e Tiago. Na verdade, no primeiro – segundo século,
os homens da Igreja ficaram como que sob o “manto dos apóstolos’, por isso,
período denominado ‘subapostólico’. Período caracterizado por um testemunho
cristão menos missionário e móvel e mais pastoral e estável para consolidar as
Igrejas estabelecidas no período apostólico.
À medida que conquistava novos membros, o cristianismo
surge como uma nova religião e seus seguidores eram expulsos da sinagoga. A
missão é uma marca. E a Igreja vai tomando forma, sobretudo com as cartas
paulinas que manifestam o início de certa institucionalização que constrói
comunidade, estabiliza e protege definitivamente a comunidade. Passa-se, aos
poucos, de um apostolado missionário ao episcopado local. O último escrito do
Novo Testamento 2Pd encerra a época apostólica da Igreja primitiva.
2.4 –
A Igreja edificada pelos sacramentos
Na interpretação patrística de Jo 19, 34 é
tradicional a forma que vê nessa cena a edificação da Igreja a partir dos dois
sacramentos: batismo e eucaristia. Nessa perspectiva, a condição sacramental do
cristão na eclesia é aquela que o torna membro já a partir do batismo,
partícipe do sacerdócio batismal ou comum. O batizado é configurado à imagem de
Cristo e da sua missão tríplice salvífica: configurativo do sacramento:
constituído fiel cristão, membro da Igreja; sinal distintivo: exige o
testemunho como sinal que obriga e prepara apar a salvação definitiva, sinal
dispositivo.
Esses três elementos da missão de Cristo apontam
também para os três elementos constitutivos do leigo: a) o fundamental –
pertença à Igreja pelo batismo; b) o negativo – o fato de não ser clérigo; e c)
o positivo e distintivo – relação peculiar com o mundo secular. Portanto, o
sujeito da missão é todo o povo de Deus. Participam de modo diferente,
evidentemente, mas todos exercem uma função: a primeira é a sacerdotal e dela o
leigo participar de acordo com o sacerdócio comum. A segunda é a função
profética que trata do sentido sobrenatural da fé e dos carismas. E, em
terceiro, a participação dos leigos na missão régia.
Com isso, nota-se que os leigos deixaram de ser
simples objetos de atenção dos pastores para serem participantes da missão
apostólica até chegar a ser sujeitos por excelência da própria comunidade
eclesial. A LG do Vaticano II faz essa bonita relação entre o sacerdócio comum
dos fieis relacionando-o com o sacerdócio ministerial.
Além dos presbíteros e dos leigos, na eclesiologia –
vista a partir da hierarquia - há ainda a plenitude da ordem, ou seja, os
epíscopos. Esses também têm três dimensões de seu ministério: a) pessoal-local:
o Bispo age como pastor, guia e mestre do povo, origem do sagrado ministério e
centro da caridade. b) colegial-supralocal: membro do colégio episcopal que
continua e prolonga na Igreja a presença do colégio apostólico e c)
pessoal-universal: reservado ao sucessor de Pedro.
Lugar merecido na LG têm os religiosos. São chamados
alguns fieis por Deus, afirma a constituição n. 43, afim de desfrutar esse
peculiar dom na vida da Igreja, procurando cada qual a seu modo ser útil à sua
missão salvífica.
2.5
– As dimensões da Igreja
Uma, santa, católica e apostólica. Presentes no
símbolo do Concílio de Constantinopla, 381, a origem dessas definições
encontram-se em S, Cirilo de Alexandria. Inerentes ao ser íntimo da Igreja, não
separáveis entre si graças à mútua interioridade de cada uma delas e de todas
unidas. Permitem conhecer a Igreja revelando sua íntima relação com o mistério
de Cristo.
A Igreja é una e única porque Deus é uno e único em
si mesmo. Esta condição terrena é caracterizada por um ‘já’ e um ‘ainda não’. A
Igreja é ‘já’ aquilo que é chamada a ser por isso os seus filhos já são filhos
de Deus (1Jo 3,1). A fé é o princípio de união entre as pessoas na Igreja
porque todas creêm na mesma coisa, é princípio de unidade. Os sacramentos
exprimem essa unidade sobretudo na Eucaristia e no batismo que significa e
realiza a Igreja. Por isso, segundo os padres, a ‘Eucaristia faz a Igreja”, o corpo
eucarístico faz o corpo eclesial. Tudo isso radicado no serviço aos irmãos e
irmãs, na diaconia.
A denominação ‘santa’ surgiu no século II com Santo
Inácio e aprece também no Pastor de Hermas. A importância de qualificar a
Igreja como santa aparece também na fórmula da comunhão dos santos; é a
comunhão dos santos santificados, tanto daqueles já glorificados, como daqueles
que ainda são peregrinos. Por isso, já na terra a Igreja é assinalada com a
verdadeira santidade, embora imperfeita (LG 48). O Vaticano II, nessa linha,
não deixa de expor que é santa, mas sempre com a necessidade de purificar-se, o
caráter peregrinante da Igreja.
A Igreja é católica. Aparece pela primeira vez em
Inácio de Antioquia. Assume duplo significado: universalidade e autenticidade.
Impõe-se (no sentido positivo do termo) a todos pela sua veracidade e está
difundida por toda parte pela sua universalidade. Foram, ao longo do tempo,
duas formas de viver a catolicidade: no primeiro século predominou o regime de
comunhão das Igrejas locais que se mantém na eclesiologia oriental; no segundo
século, um regime de organização unitária de uma Igreja que constitui um só
corpo com uma estrutura até visível, de povo único, para o qual se inclinou
progressivamente o papado. Na verdade, existe entre as Igrejas locais e a
Igreja universal uma interioridade recíproca, uma “[...] espécie de osmose”.
A ideia de apostolicidade foi elaborada
primeiramente por Irineu que reivindica a tradição que provém dos apóstolos e
que se conserva nas Igrejas pelas sucessões dos presbíteros. É órgão essencial
na Igreja e, ao mesmo tempo, é critério de verdade. A sucessão apostólica
aspira precisamente perpetuar este ser vigários de Cristo. O fato de vicariato
expresso em dois modos: a participação nos poderes que Cristo confiou aos seus
e também a continuidade do vicariato no tempo, ora a herança dos doze – a
sucessão apostólica. Apostolicidade coincide, portanto, com autenticidade e
assume vários aspectos: doutrinal, existencial, missionário e ministerial que são
características próprias da Igreja desde sua origem no tempo.
O verdadeiro magistério apostólico está ligado à
palavra do Senhor. Nada na Igreja escapa à mediação apostólica. Isso porque os
apóstolos cumpriram bem uma dupla missão: a de ser testemunhas especiais da
ressurreição e, como tais, fundadores de Igrejas, missão única e intransferível
e a de ser mestres e pastores das Igrejas por eles fundadas, missão para a qual
são seus sucessores os Bispos. Nesse sentido, tanto o apostolado como o
episcopado têm uma missão comum: realizar a presença ativa do Senhor ausente.
Quando se fala na apostolicidade da Igreja se vem à
mente a questão do primado. O texto de Mt 16, 16-19 de provável origem
pós-pascal é de muita importância. Recorda o primado de Pedro. Esse texto nos
revela o mistério da Igreja em sua natureza, fundamento e condição terrena.
Quanto à sua natureza, a Igreja de Jesus Cristo é construída por ele. No que
fala de seu fundamento, está edificada sobre Pedro, confessor da fé. Na sua
condição terrena, a Igreja está exposta aos ataques do inferno, mas Jesus
garante que as forças do inferno não prevalecerão.
São Leão Magno ajuda a compreender a questão do
primado de Pedro dizendo que Pedro perpetua o exercício da sua autoridade na
Igreja. “[...] lá do céu Pedro continua a orar pela Igreja e governa-la por
intermédio do seu vigário, o bispo de Roma”. No século XVI os reformadores
também levantaram a questão do primado. Um cardeal de nome Caetano em um de
seus escritos, De divina institutione
pontificatus romani pontificis, apresenta três questões que tornam-se o
eixo central da discussão teológica posterior: a primazia petrina (no colégio
apostólico), a sucessão petrina (sucessor do ministério petrino) e o ministério
petrino romano (o bispo de Roma como legítimo sucessor de Pedro).
O Vaticano I, por sua vez, definirá o poder e a
natureza do primado romano como pleno e supremo poder de jurisdição sobre a
Igreja universal e o seu magistério infalível quando fala como pastor universal
“ex cátedra”, referindo-se à fé e aos
costumes. O Vaticano II repete as afirmações o concílio anterior em relação ao
ministério petrino mantendo em relevância uma significativa relação entre o
colégio episcopal e o seu chefe.
2.6
– A Igreja radicada na missão
A missão de Jesus se prolonga na missão de seus
próprios enviados. Missão de pregar o evangelho e curar os enfermos (Lc 9, 1s).
Os apóstolos cumprem essa missão não por sua própria força, mas graças à força
do Espírito Santo que lhes foi dado (Jo 14, 26). E onde se deve fazer missão?
Em toda a situação do mundo que surge como desafio à catolicidade da Igreja.
Nessa ótica, quando a Igreja toma consciência da necessidade de diálogo com o
mundo, com a cultura, ela toma consciência dessa missão, especificamente no
contexto do Vaticano II.
Vários foram os documentos, portanto, que
apresentaram a Igreja como missionária na sua essência e a necessidade da
missão. No Concílio de 1962-1965 tem-se a Constituição Pastoral Gaudium et Spes que abre espaço para um
diálogo e presença da Igreja na sociedade moderna. No mesmo evento, o decreto Ad Gentes que definiu a Igreja peregrina
de natureza missionária (AG 2). Em seguida, a exortação apostólica de Paulo VI Evangelii Nuntiandi que apresenta um
novo conceito de evangelização, a relação entre evangelização e promoção ou
libertação humana, o tema da Igreja local/particular, a união entre Espírito e
evangelização. Mostra uma visão integral da evangelização, processo global;
além de ver evangelização e missão como sinônimos. Para Paulo VI não existe
verdadeira evangelização se o nome, o ensinamento, a vida, o reino, o mistério
de Jesus de Nazaré não são proclamados. Isso porque a mensagem trazida pela
evangelização envolve toda a vida.
O Papa João Paulo II também se envolveu com a missão
quando escreve a encíclica Redemptoris
Missio momento em que acontece como que um relançamento do decreto Ad gentes, um incentivo ainda maior para
que a missão aconteça.
Mas a missão não acontece senão fundamentada na
pessoa de Jesus, no encontro com Ele e, a partir de, no lançar-se ao mundo
proclamando a boa notícia. Para isso, a teologia missionária parte de alguns
eixos de ação: a) eixo cristológico: trata-se da teologia da cruz e do mistério
pascal; b) eixo antropológico: a atenção ao homem, à sua história, à sua
cultura em uma atividade de constante atualização e uma necessidade de
enculturação que levem em conta os valores realmente humanos tendo em vista uma
evangelização da própria cultura, ou mais exatamente, das diversas culturas, a
partir da boa nova; c) eixo dialogal: as religiões não-cristãs e com os
não-crentes. Necessidade de ter presente que a Divina Providência não nega os
auxílios necessários à salvação àqueles que sem culpa ainda não chegaram ao
conhecimento expresso de Deus e se esforçam, não sem a divina graça, por levar
uma vida reta (LG 16); d) eixo diaconal: consciência e ação em vista da opção
preferencial pelos pobres, oprimidos, marginalizados. Nessa opção preferencial
resplandece o verdadeiro espírito do Evangelho.
2.7
– Maria, a Igreja realizada
É em Maria que a Igreja e o Reino encontram a sua
mais elevada realização. A Igreja já alcançou, de algum modo, na Virgem Maria,
a perfeição que a torna sem mácula e sem ruga. A Mãe de Jesus é a imagem e as
primícias da Igreja.
3. CONCLUSÃO
Ao concluir o trabalho nota-se uma melhor
compreensão dos temas estudados. Felizmente a leitura de “Introdução à
Eclesiologia” abordou assuntos que foram também tratados em sala de aula. Isso
facilitou ainda mais na compreensão de conceitos e de temas relevantes para a
compreensão da Igreja na sua totalidade, na sua beleza e na sua santidade.
Ficou claro ainda que Jesus é aquele que poo seus
gestos, atos e palavras funda a Igreja que está assentada na confissão e na fé
de Pedro. Além disso, a compreensão da grande missão da Igreja de ser sinal e
sacramento da presença de Deus no mundo amparada pela sua presença na história
e pelo seu desdobramento como aquela que tem o encargo de continuar o Reino de
Deus no hoje, no futuro, sempre!
4. REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
PIÉ-NINOT, Salvador. Introdução à eclesiologia. Tradução de João
Paixão Netto. 2.ed. São Paulo: Loyola, 2002.
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