Há alguns meses um amigo
apresentou-me um texto do Arcebispo Fulton J. Sheen. Eu não conhecia sua
biografia nem sua obra. À primeira vista, interessei-me muito pelo texto que
falava da importância da Adoração Eucarística para a vida ministerial do
Sacerdote. Mais tarde, encontrei-me com um pequeno livro do mesmo autor “O
Calvário e a Missa: reflexões sobre o Calvário e Santa Missa” [1]
e tive a oportunidade de, mais uma vez, saborear as belas e profundas palavras
desse Arcebispo que está em processo de beatificação. Após essa última leitura,
compartilho com os amigos algumas ideias colhidas no escrito pelo meu
fichamento.
A tradução que tenho em
mãos lança já na ‘folha de rosto’ do livro essa frase de São Francisco de Sales
- “O monte Calvário é o monte dos amantes”. Essa afirmação é muito verdadeira
dado que identificamos na vida dos santos um amor incondicional ao Crucificado
e, muitas vezes, a total identificação com Seu sofrimento na Cruz.
Fulton Sheen diz que “o ato
mais sublime da história de Cristo foi a Sua Morte. [...] Ela foi também a
única coisa pela qual Ele quis ser lembrado. Pediu que os homens recordassem a
Sua morte – ‘Fazei isto em memória de Mim’.
O Seu sangue foi derramado pela redenção do mundo. A Missa é, para nós, o ato
culminante da amizade cristã”.
“Na Igreja Católica é,
pois, o altar, e não o púlpito, ou o coro, ou o órgão, que representa o centro
de amizade, pois é ali que se renova a memória da Paixão. O valor do ato não
depende daquele que o celebra, mas sim, e apenas, do Sumo Sacerdote e Vítima,
Nosso Senhor Jesus Cristo”.
“A Missa é o maior
acontecimento da história da humanidade: o único Ato sagrado que afasta a ira
de Deus de um mundo pecador, porque eleva a Cruz entre a terra e o Céu,
renovando aquele decisivo momento em que a nossa triste e trágica humanidade
viu desenrolar-se na sua frente o caminho para a plenitude da vida
sobrenatural. [...] O Calvário pertence a todos os tempos e a todos os lugares”.
“E foi por isso que
Jesus, quando subiu ao alto do Calvário, estava praticamente despojado das Suas
vestes. [...] Ele poderia ter salvo o mundo sem ter se revestido dos enfeites
de um mundo transitório. A Sua túnica pertencia ao tempo, e localizava, fixava
Jesus como um habitante da Galileia. [...] Agora, porém, despojado das Suas
vestes e completamente desapossado das cosias terrenas, Ele não pertencia à
Galileia, nem a qualquer província romana, mas sim ao mundo”.
É importante lembrar que “nós estivemos
lá, nas pessoas dos nossos representantes e que, o que atualmente fazemos ao
Cristo Místico fizeram-no eles ao Cristo histórico, em nosso nome. Nós não
tínhamos a consciência de havermos estado presentes no Calvário, naquele dia,
mas Jesus tinha a consciência da nossa presença. [...] Enquanto o pecado
existir no mundo, a crucifixão é uma realidade”.
“Todos nós vemos a Cruz,
quer para abraçá-la, para nos salvarmos, quer fugindo dela para nos perdermos. Como
e, porém, que a cruz se torna visível? Como se perpetuou e renovou o cenário do
Calvário? No Santo Sacrifício da Missa, porque, quer no Calvário, quer durante
o Santo Sacrifício, o Sacerdote e a Vítima são os mesmos”.
“As setes palavras
derradeiras são idênticas às sete partes da Missa. [...] A primeira “Perdoa-lhes”,
representa o Confiteor; a segunda, “Hoje estarás comigo no paraíso”, é o
Ofertório; a terceira, “Mulher, eis aqui o teu filho”, é o Sanctus; a quarta, “Por
que me abandonaste?”, é a Consagração; a quinta, “Tenho sede”, é a Santa Comunhão;
a sexta, “Tudo está consumado”, é o “It missa est”; a sétima, “Pai, nas Vossas mãos
entrego o Meu espírito”, é o Último Evangelho”.
“Representai, pois, na
vossa imaginação, o Sumo Sacerdote, Cristo, saindo da sacristia do Céu para o
altar do Calvário. Ele já se revestiu da nossa natureza humana, colocou no
braço o manípulo do nosso sofrimento, a estola do sacerdote, a casula da Cruz. O
Calvário é a Sua Catedral; a rocha do Calvário é a pedra do altar; o rubor do
sol poente a lâmpada do Santuário; Maria e João são as imagens vivas dos
altares laterais; a Hóstia é o Corpo de Jesus; o vinho o Seu Sangue. Ele está
de pé, como sacerdote, e prostrado como vítima”.
“A Sua Missa vai começar”.
Aproveitemos a
oportunidade de beber desse manancial espiritual sobre a Santa Missa e
participemos mais ativamente e verdadeiramente do Santo Sacrifício do Senhor.
[1]
SHEEN, Fulton J. O Calvário e a Missa: reflexões sobre o
Calvário e a Santa Missa. Santa Maria (RS): Gráfica Pallotti, s/d. p. 5-13.
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