“É esta percepção do homem e da mulher como seres “programados, mas para aprender” e, portanto, para ensinar, para conhecer, para intervir, que me faz entender a prática educativa como um exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos.”
Na disciplina de Estágio Supervisionado III do 5º período do curso de Licenciatura em Filosofia fui instigado a ler e fichar o referido livro do grande educador brasileiro Paulo Freire. Aparentemente uma leitura tranqüila e de fácil compreensão. De fato, é fácil entender o que o autor propõe, o difícil mesmo é assumir com toda responsabilidade o que é apresentado neste pequeno livro de 146 páginas.
Paulo Freire apresenta um novo jeito de conceber a educação, ou seja, a relação educador – aluno. Diferentemente daquele modelo tradicional de “eu falo você escuta e responde, se necessário”, o autor sugere um caminho de autonomia do educando e do educador. A novidade está em que cada participante do processo educacional não deixa de ser o que é, mas traz para a escola e para as relações estabelecidas nela toda a sua experiência de vida e de mundo.
Então qual o papel do docente neste processo? Talvez o mais difícil: mostrar para o estudante que ele é capaz de saber. Que docência e discência caminham juntas e que ninguém sabe tudo e, ao mesmo tempo, que ninguém sabe nada. É um modelo de educação que visa a autonomia do educador que luta por sua dignidade, seus direitos e do educando que entende-se como ser no mundo capaz de transformá-lo.
É um ensino que exige responsabilidade, ética, curiosidade, exemplo e não apenas meras palavras. É um ensino diferenciado porque não está preocupado em transferir conhecimentos, mas em fazer com que o que busca conhecer veja-se como parte do processo de conhecer que começa e está alicerçado em sua realidade, em suas alegrias, afetos, emoções, raivas e luta por uma sociedade mais justa e solidária.
É uma educação “pé no chão” como diríamos. Capaz de perceber que a realidade não é tão simples como algumas (para não dizer infinitas) ideologias nos propõem. É um ensino que se sabe inacabado, condicionado, mas, por isso mesmo, se vê capaz de mudar, de transformar e de superar o estágio em que se está.
É, enfim, saber que a autoridade não impede a liberdade e vice-versa, que a alegria, o querer bem e o diálogo não são empecilhos para a educação, mas caminhos que demonstram o comprometimento de quem assume essa postura de “educador progressista”. Este é compromissado com a sua realidade, com o seu dever ser participante da educação vital de cada ser humano que se apresenta como sujeito de sua própria história e não mero expectador.
Para muitos, Freire possivelmente tenha sido um sonhador. A mim, parece que não. Ele sabia que lidava com gente, que se não podia “de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar”. É, parece que precisamos acreditar mais em nós e naqueles que se dispõem a acreditar numa humanidade mais serena, mais justa, igualitária, e quem sabe... mais sonhadora. “No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia.”
Essa leitura “vale a pena!”.
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR
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