Criei, há alguns dias, este blog. Comecei a postar vários artigos. Poucos eram de minha autoria. Um dia desses, em sala de aula, um amigo disse-me: “Assim é muito fácil criar um blog, você só pega coisas no Google e coloca aí!” Sabe que eu concordei bastante com ele, além de ficar com uma vergonha enorme. Resolvi, a partir dessa crítica, muito construtiva por sinal, “arregaçar as mangas” e produzir algo meu. Bem, pensando nisso, estava lendo (sob orientação do Prof. da disciplina de Filosofia Contemporânea) o texto: ‘Onde está o “latino” da América’ de Orlando Albani de Carvalho e publicado na Revista Mundo Jovem em agosto de 2001. Resolvi compartilhar com vocês minhas opiniões acerca do assunto.
O autor centraliza as discussões nas múltiplas identidades do Continente, além de propor um resgate do valor das diversas comunidades autóctones na formação das sociedades atuais. Nesse sentido, faz um apanhado histórico relatando que o termo “América Latina” começa a ser falado na Europa em 1861 em Paris, França. O intuito era criar uma identidade bem comum entre os países americanos situados de um lado e outro do Atlântico, ou seja, algo que seria útil aos interesses imperialistas europeus, principalmente os franceses.
O termo “América Latina” ganhou força também como uma forma de produzir “um outro” entre os de língua não-inglesa e ao expansionismo dos Estados Unidos. É nesta conjuntura que os países ao sul dos EUA passam a ser chamados de “Latinos”. Enquanto os Estados Unidos ficam com nossa “americanidade”!!!
Esta parte da América ficou sendo “Latina” para desfazer-se de tudo que identificasse com nosso passado ibérico, afirma Manuel Cambeses Jr, segundo o autor. Mesmo que fosse por rejeitar esse iberismo, caímos numa outra influência, provavelmente bem pior: a estadunidense. Esse processo todo não tinha outro objetivo, pelo que parece, a não ser o de negar e inferiorizar os nossos aspectos culturais antes da chegada do europeu entre nós.
Mas refletindo sobra as identidades da América percebemos sua heterogeneidade, que não se encaixam com o conceito de “latinos”, porque indivíduos claramente autóctones, somos vistos como os que são subdesenvolvidos, “cidadãos” de segunda ou terceira classe.
Entretanto, não foram todos que aceitaram essa subjugação e procuraram o reconhecimento de suas identidades. Prova disso são várias rebeliões e revoluções conhecidas por nós. É, devemos muito a esses que sequer são lembrados, inclusive em nosso pacatos livros didáticos!
Durante toda a nossa história fomos contemplados com a posição daqueles que sempre venceram, que nunca olharam para nossas realidades, mas para o ‘bem’ ou o ‘lucro’ que poderíamos oferecer. Até quando vamos aceitar todo esse aparato teórico, econômico, social, de exploração e humilhação que colocaram sobre nós? Onde está, como diz o autor, o latino da América? Quem somos nós, de fato? Onde está nossa identidade? Precisamos, mais do que nunca, transformarmo-nos em sujeitos ativos e transformadores, buscando juntos, a identidade de nossa América, que necessita ser olhada e descrita por nós mesmos. Não os supostos “americanos” estadunidenses, que jogaram sobre si o que era nosso e deixaram-nos sem história, sem valor, sem afirmação e até sem disposição para nos auto-reconhecermos. É a nossa hora! A nossa vez, chega de opressão e ideologias falsas. Nós também pensamos, nós também somos... nós também existimos...
Eduardo Moreira Guimarães
5 Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR
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