Na disciplina de História da Filosofia Contemporânea somos, volta e meia, instigados a pensar a nossa realidade, o nosso jeito de ser e como ao longo da nossa história fomos tratados por quem nos “achou”, por quem conviveu conosco e por quem nos roubou muito de nós mesmos, inclusive quase levaram o que de mais precioso temos: nossa identidade e dignidade.
Justamente por esse fato, chegou-me às mãos alguns textos muito interessantes que venho, vez ou outra, compartilhando com vocês neste nosso espaço. Na última aula, recebi o seguinte texto: “Onde estão os filósofos brasileiros?” da autora Ivana Guimarães Lodi que foi publicado em 18 de agosto de 2009 no jornal MUNDO JOVEM.
A minha primeira reação ao olhar para as palavras provocativas foi de muita rejeição: “imagina se temos filósofos no Brasil?”, “como não me vem nenhum nome à mente?”, dentre outras questões. Comecei, então, meio duvidoso, como bom mineiro, a minha leitura. Já no início do texto a autora nos surpreende dizendo que quando falamos em filosofia no Brasil pensamos sempre em homens como Descartes, Marx, Sartre, Nietzsche e outros. E, aliás, demorou muito para que nós, brasileiros, deixássemos de acreditar que somos indiferentes à meditação filosófica.
Isso porque o nosso querido passado histórico nos legou uma rejeição tremenda à filosofia. Por que será? Talvez porque filósofo é amigo da sabedoria, que busca o saber, que pensa, reflete, interroga e procura intervir no mundo em que vive transformando-o. Com isso, frequentemente pensamos que filosofia no Brasil era apenas aquela das influências recebidas de fora.
Ivana faz uma interessante recapitulação histórica apontando que foi em meados do século XX que se começou a reagir sobre essa tendência, participando de maneira mais criativa no processo do pensar e fazer filosófico, em diversos campos da ciência, inclusive em debates, pesquisas e coisas do gênero.
Para que isso ocorresse reconhecemos que foi necessário um processo árduo e gradativo, apregoando a necessidade de uma revisão histórica e observação que leva a perceber como somos influenciados e o que podemos influenciar no sentido da construção de uma identidade para o país. Em 1949 deu-se a criação do Instituto Brasileiro de Filosofia, momento em que se passou a falar não só de filosofia no Brasil, mas de filosofia do Brasil.
É conhecido a nós que em filosofia não se pode falar em originalidade total. Somos, por vezes, influenciados por grandes pensadores que edificaram a filosofia ocidental. Porém, a originalidade filosófica, segundo a autora, deve ser criada nas peculiares condições histórico-culturais que influenciam a forma como cada pensador reflete.
Nesse sentido, o viver da filosofia brasileira é um constante ver-se vivendo. Assim temos vários e grandes pensadores da atualidade que estão vendo e vivendo a nossa realidade. Eles não estão calados, mas estão analisando e descrevendo nossas realidades numa atitude bastante filosófica. Alguns deles: Miguel Reale, Leonardo Boff, Paulo Freire, Maria Lúcia de Arruda Aranha, Marilena Chauí, dentre outros. Portanto, já é perceptível uma filosofia nacional quando nos encontramos frente a investigações inovadoras, que superam influências externas, sedimentando a própria singularidade.
Colocamos em questão nossa identidade, o que somos enquanto povo no aqui e agora de nossa existência, no presente de nossa vida. Somos nação que reconhece a necessidade exterior, principalmente dos bons pensadores e exemplos, mas também nação que se vê necessitada de rejeitar toda opressão e influências negativas recebidas. Nação que quer construir sua história, que quer viver, mas quer também contar e participar de sua vida. Portanto, qual a importância e força da filosofia brasileira? Afirmar a nossa identidade enquanto povo e enquanto país chamado Brasil.
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio - PR
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