Tenho sido, como se percebe, um leitor assíduo da Folha de São Paulo. Gosto particularmente dos textos e matérias que encontro na primeira página. São interessantíssimos, críticos, inteligentes e tentam ser revolucionários, no sentido de expressar a revolta dos que os escrevem, com muitas coisas que acontecem em nosso país.
Vladimir Safatle escreveu um artigo intitulado “Um equívoco” (10/05/2011) sobre as últimas possíveis decisões do Ministério da Educação. Parece que na semana passada o Conselho Nacional de Educação aprovou diretrizes dando flexibilidade às escolas para compor as grades curriculares dos alunos de acordo com quatro eixos temáticos: trabalho, cultura, técnica e ciência.
Essa decisão possibilita que as escolas privilegiem as particularidades das regiões em que estão inseridas. Até aqui tudo bem. Que bom! Mais emprego, mais salários, mais oportunidades! Porém, num tempo em que falamos tanto de globalização, de oportunidades no mercado de trabalho tão exigente e numa sociedade em que é necessário saber posicionar-se, expressar-se e debater sobre variados assuntos, como um aluno vai se comportar? Como vai enfrentar a realidade?
Ainda estamos muito aquém de uma educação de qualidade. Nós devemos inicialmente formar cidadãos competentes para enfrentarem as diversas realidades que hoje se impõem à sociedade. Ao mesmo tempo devemos incentivar nossos estudantes a procurar uma formação ampla, com leituras diversas, produções científicas e muitas pesquisas. Não ficar preso a uma pequena realidade de esquina, como apresenta o autor.
É inegável a necessidade de bons homens e mulheres que melhorem o cenário educacional brasileiro, que enriqueçam sua área de pesquisa e que não precisem sair do Brasil para poder ter uma formação adequada. Se assim não for, continuaremos a exportar nossas melhores mentes para outras nações que saberão dar-lhes devido valor.
Precisamos sim de trabalhadores específicos nas diferentes áreas, mas isso não pode se tornar uma preparação adequada de mão-de-obra qualificada como ocorreu várias vezes na nossa história. E o resultado nós já conhecemos e não é os melhores!
As reformas na educação brasileira são urgentes já! Isso é inquestionável. No entanto, precisam ser mudanças que elevem nosso nível educacional, não nossa capacidade de retroceder na história. Precisam ser reformas que tornem nossos alunos mais interessados pelas diversas áreas do conhecimento. Urge a necessidade de instigá-los à descobrir e estudar variados e novos assuntos e a participarem da vida intelectual, política, social, econômica e religiosa desse país. Ou então como vai ser o futuro? A quem recorrer? O Brasil precisa continuar crescendo e francamente, precisamos de muito mais pensadores e estudiosos brasileiros, sem os quais vamos permanecer por muitos anos longe dos grandes rankings educacionais internacionais. Não estudamos simplesmente para ocupar um lugar numa escala que mede nossos índices na educação, mas estudamos para fazer nosso país mais justo, fraterno e igualitário. E isso ainda parece uma utopia. Mas se pararmos de sonhar onde apostaremos nossas esperanças?
Fico feliz em ver que muitos são os que ainda expressam suas opiniões nesse país e que não se deixam abater por medidas como estas, mas estão a serviço do bem comum!
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio PR
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