Aprecio muito os textos de Bento XVI. Acredito que é um Papa para o nosso tempo, para os grandes intelectuais da modernidade e para o povo simples - no jeito próprio que o Sumo Pontífice tem de tocar o mais íntimo dos corações. O fato é que comecei a ler o livro "O sal da terra", e estou encantado com as palavras do então Cardeal Joseph Ratzinger. O assunto que mais desperta atenção, entre tantos, é o tema desse escrito: "Cristianismo como experiência de novidade".
Nos nossos dias, parece que a Igreja, o Cristianismo tem perdido, cada vez mais, a credibilidade, ou melhor, deixa (aos poucos) de ser aquela Igreja de maioria, de grandes espetáculos, de reunião de grandes massas. Isso é fato. No entanto, com algumas crises que a Igreja enfrenta atualmente e não só ela, mas a sociedade de modo geral (a violência, a depreciação e descrédito dos valores, a desvalorização e relativização da família, as drogas, os vícios, a corrupção política, dentre tantos outros) o Cristianismo não se apresenta como outrora. Parece não responder aos anseios humanos deste tempo.
O fato, entretanto, é que o Cristianismo, segundo Bento XVI, oferecerá de um modo totalmente novo modelos de vida e se apresentará, mediante o caos da humanidade, como um lugar de verdadeira humanidade. Nesse sentido, o Cristianismo encontra-se como experiência de novidade. Como a certeza de um viver e de poder viver neste nosso século. O Cristianismo será, se já não o for, aquela experiência diferente e contagiante das primeiras comunidades cristãs onde todos se amavam, se reuniam para celebrar os sacramentos e viviam como irmãos, na oração, na partilha, na escuta atenta dos ensinamentos da Palavra de Deus e dos Apóstolos.
Pensando assim, "a função pública da Igreja não será a mesma que tinha sido na forma de fusão da Igreja e da sociedade que prevaleceu antes, mas ainda será visível publicamente como uma oportunidade para o Homem" (J. Ratzinger). A Igreja não assumirá um papel dominante, de grande visualização, mas em contrapartida, será a oportunidade para o homem viver feliz, viver em contato com Deus, viver em paz e em união com os seus semelhantes. Sendo assim, os valores que, desde criança, se aprendem na Igreja, nos lares cristãos, na família devem ser retomados porque eles preparam o ser humano para a sobrevivência, para a vida neste mundo e neste tempo.
O Cristianismo merece, e já acontece, ser apresentado de uma forma totalmente nova. Jesus Cristo, o Deus-Trindade criador e renovador de todas as coisas, continua sempre o mesmo, desde todos os séculos, mas a forma, o jeito de anunciá-lo à humanidade deve ser totalmente novo, contagiante, empolgante a fim de levá-Lo a todos os lugares onde se viva, onde a vida corre perigo, sofre. É assim que tem significado a vida e a missão de cada cristão, de cada homem e mulher que continuamente se encontra com Jesus. Ele ainda continua enviando pessoas para O anunciar ao mundo. De um jeito novo, mas com a proposta que permanece sempre a mesma. É preciso fazer com que a missão da Igreja, missão de cada batizado, torne-se realidade no hoje da história, no dia-a-dia da vida.
A fé necessita ser anunciada, porque revela e se assenta, essencialmente, em aceitar ser amado por Deus, em não perder a esperança, mas em garantir a vida que não tem fim, a vida eterna. Nesse sentido, o Cristianismo pode ser entendido como experiência de novidade, porque para o cristão existe algo a mais. A vida não se encerra aqui, neste mundo, mas ela quer, deseja e espera transcendência, um abrir-se ao infinito e à eternidade - a Deus. Viver não pode ser uma experiência qualquer, mas um desejo de transforma-se, de ir além, de fazer a vida acontecer na mais perfeita harmonia consigo mesmo, com o outro, com o mundo e com Deus. Afinal, a vida é única e eterna para todo aquele que crer e que permanecer fiel até o fim. Cristianismo: experiência de novidade! Faça essa experiência, partilhe-a, compartilhe-a, viva-a!!!
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