OUTUBRO: MÊS MISSIONÁRIO

Iniciando o mês de outubro sempre me vêm à mente duas lembranças muito bonitas: a reza do ‘terço’ todos os dias na Igreja Matriz em Cipotânea e o tema das Missões. Tradicionalmente este mês é o mês dedicado à Virgem do Rosário e às Missões. De certa forma, uma dimensão está ligada à outra. De um lado, Maria – a grande missionária do Pai - que desde a sua gravidez exerceu sua missionariedade visitando Isabel. De outro, o Dia Mundial das Missões que evoca o nosso pensamento e as nossas orações para todos aqueles que se dedicam ao serviço missionário na Igreja e por todos aqueles e aquelas que ainda não conhecem a mensagem salvífica de Jesus ou que abandonaram esta mensagem durante a sua vida.

Como afirma o Papa Bento XVI na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano: “[...] a dimensão missionária da Igreja é essencial e, portanto, deve estar sempre presente. É importante que tanto cada batizado como as comunidades eclesiais se interessem pela missão não de modo esporádico e irregular, mas de maneira constante, como forma de vida cristã”. De fato, a vida missionária é inerente ao nosso ser cristão. A nossa Igreja é missionária, o próprio Cristo “percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando todas as enfermidades e doenças” (Mt 9, 35). Portanto, a tarefa de evangelizar pertence a todos. A cada um em particular e à comunidade em geral.

Neste mês missionário cumpre a cada um de nós rezar por todos aqueles que estão longe de suas casas, família, pátria, amigos, para empreenderem um serviço missionário em nome da Igreja. São vários homens e mulheres que diariamente gastam sua vida em nome do Evangelho, que vivem exclusivamente para que outras pessoas tenham vida e para que o amor de Deus, a sua Palavra cheguem em todos os cantos da terra. Quantos padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, dedicam-se a esse trabalho bonito na Igreja.

É também preciso rezar por todos aqueles que recebem de coração aberto a Palavra do Senhor anunciada por esses diversos evangelizadores espalhados pelo mundo inteiro. Quantas almas são salvas porque se abriram ao chamado do Senhor para segui-lo, porque andavam em caminhos tortuosos, mas souberam reorientar a própria caminhada e, de novo, estar ao lado de Jesus que vai à procura das ovelhas perdidas.

Devemos também elevar continuamente as nossas preces a Deus por todos os que ainda não foram evangelizados. Por todos aqueles que neste nosso século ainda não ouviram falar de Jesus Cristo e da sua Boa Nova. Para que todos eles possam viver continuamente, mesmo sem conhecer, os preceitos evangélicos e possam herdar a salvação. Que eles nos lugares onde estiverem possam sentir-se amados e acolhidos por Deus e possam receber dele as bênçãos e as graças necessárias para uma vida feliz e em paz.

Rezemos também neste mês por todas as pessoas que foram evangelizadas pela Igreja, mas que se perderam na caminhada. Por todos os que desanimaram frente às dificuldades da vida. Por todos os que deixaram de acreditar na mensagem de Jesus de vida e libertação, de amor. Que eles recuperem o vigor do primeiro anúncio, que recuperem o ‘primeiro amor’; aquele que os levou a abraçar com fé a pessoa de Jesus e a viver conforme seus ensinamentos. Que mais uma vez possam se sentir amados e acolhidos na Igreja, mãe de todos os filhos de Deus.

Que possamos rezar ainda por todos nós. A missão é tarefa da Igreja, portanto de cada batizado. “A missão universal envolve todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas é um dom a partilhar, uma boa notícia a comunicar. E este dom-empenho está confiado não só a algumas pessoas, mas a todos os batizados [...]”, diz o Santo Padre. Peçamos ao bom Deus que a nossa vida seja um constante exemplo missionário para que nos lugares onde formos, com as pessoas com quem estivermos, o Evangelho seja a base das nossas relações, das nossas vidas e do nosso serviço ao Reino e aos irmãos.

Ainda neste mês temos a Campanha Missionária. Evidentemente, outubro é um mês dedicado à visibilidade do trabalho missionário da Igreja, dado que este trabalho é realizado todos os dias da nossa vida. Nesse sentido, a Igreja neste ano preocupa-se com a ecologia tendo em vista a Campanha da Fraternidade. Conforme Dom Sérgio, Presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária, “A Campanha Missionária deste ano nos conscientiza de que é preciso cuidar do planeta que Deus deixou a todos nós. A ligação ‘Missão na Ecologia’ vem justamente reafirmar a importância de cuidar da mãe terra para a sobrevivência da humanidade”.

É preciso cuidar da terra, da natureza, lugar de onde retiramos nosso sustento, o pão de cada dia. É necessário cuidar da nossa casa, do nosso habitat, da nossa morada. É preciso respeito para com o ambiente que Deus nos deu de presente e que nós, homens, temos destruído tão violentamente. O respeito com a natureza é também um exercício missionário, dado que é a terra que sofre e que vai se tornando incapaz de gerar recursos para que nós mesmos vivamos tranquilamente, sem desastres e catástrofes naturais.

Que essa campanha, juntamente com todas as iniciativas da Igreja possa produzir muitos frutos e que nosso espírito missionário possa nos empenhar a também nos lançarmos à missão seja em nossa comunidade, paróquia, diocese ou além fronteiras; afinal, como bem nos disse Bento XVI, o serviço missionário “É o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa que está em busca das razões profundas para viver em plenitude a própria existência. Por isso, o mesmo convite ressoa todos os anos na celebração do Dia Missionário Mundial. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor, o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais a fim de que sejam cada vez mais apropriados às novas situações — inclusive as que exigem uma nova evangelização [...]”.

Que Maria, a Senhora do Rosário, nos ensine a contemplar o rosto sofrido de seu Filho nos rostos de tantos irmãos e irmãs que sofrem por esse mundo afora e que a seu exemplo possamos nos empenhar em realizar a nossa missão de cristãos na sociedade em que estamos inseridos e/ou onde houver necessidade do nosso trabalho. Estejamos sempre dispostos ao chamado de Deus, às necessidades dos irmãos!