Estava lendo a Folha de São Paulo de sexta-feira (30 de setembro de 2011) e qual não foi minha curiosidade quando li no editorial: “Mais matemática”. Interessei-me pelo assunto e fui verificar do que se tratava. Pois bem, o artigo falava da possível redução da carga horária das disciplinas de português e matemática nas escolas do estado de São Paulo. Até aí tudo bem. Durante a leitura fui percebendo os argumentos utilizados e fui acompanhando o raciocínio da matéria. Inclusive concordei com muita coisa que ali estava dito.
No entanto, as duas últimas frases motivaram-me a escrever essa crítica. Eis: “Menos ‘sociologia’ e ‘filosofia’. Mais matemática e português”. Nossa, como estudante de filosofia, fiquei extremamente indignado e como cidadão mais ainda. Todos nós sabemos que a filosofia foi extinta da grade curricular no tempo da ditadura e que só com muito esforço ela e a sociologia puderam voltar aos currículos dos alunos. Como é possível que uma coisa como essa que li possa ser escrita!?
A filosofia não é simplesmente uma matéria que quer ‘roubar’ a aula que seria de matemática e português. Ela é muito mais que isso. É o próprio amor à sabedoria, ao conhecimento. Ela é a possibilidade de uma interpretação do mundo diferenciada daquela como muitos o vêem. Ela é, acima de tudo, uma disciplina que pode levar o aluno à uma escolha mais consciente e acertada na sua vida e, por isso, é de extrema importância dado que visa a autonomia do próprio educando. Além disso, possibilita a cada indivíduo sentir-se participante da sociedade na qual está inserido porque o faz refletir sobre o seu tempo, a sua realidade, a sua vida e história.
Ah, talvez seja por isso que a filosofia esteja sendo criticada. Talvez seja por isso que, mais uma vez, querem bani-la (ou desvalorizá-la) da escola. Porque ela consegue enxergar os problemas sociais, econômicos, culturais existentes e exigir que sejam pensados, que possíveis soluções sejam apontadas. Que pena! Com uma crítica dessas à filosofia corremos o risco de continuarmos um país com cidadãos medíocres, sem participação popular e política, sem homens e mulheres que conhecem e lutam por seus direitos.
Evidentemente, tal crítica à filosofia e sociologia repercute o interesse de alguém. Infelizmente ainda não entenderam o valor da FILOSOFIA...
Eduardo Moreira Guimarães
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