“... dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo coração.”
Mais uma vez nos reunimos, em comunidade para celebrar a páscoa do Senhor, a nossa páscoa também enquanto viva e firme esperança na glória dos céus, de viver eternamente com Deus. Neste final de semana em que vivemos o 29º Domingo Comum, novamente é o Senhor mesmo quem nos acolhe em seu meio, em sua casa, em seu amor. A liturgia da Palavra nos mostra que é preciso estar sempre a serviço de Deus, assumindo as nossas responsabilidades terrenas, mas vivendo como se o céu fosse nossa única realidade. É saber viver na terra, vivendo no próprio céu, vivendo e fazendo acontecer o Reino de Deus.
É nesse sentido que na Primeira Leitura (Is 45,1.4-6) é o Senhor mesmo quem diz a Ciro: tomei-te pela mão, chamei-te pelo nome, reservei-te para que todos saibam que fora de mim não há outro Deus. É o Senhor quem nos escolhe, quem nos chama, nos motiva para ser seu escolhido e ungido, para dar testemunho da sua bondade, da sua fidelidade e, mais ainda, para comprovar a todos que há somente um Deus, e esse Deus é o Senhor do Oriente e do Ocidente, de todos os confins da terra.
Essa leitura está muito relacionada com o Evangelho desse domingo (Mt 22, 15-21). Os fariseus fizeram uma armadilha para pegar Jesus. Perguntaram se é lícito ou não pagar a César o imposto. Jesus dá uma resposta que nos faz pensar e refletir muito. “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Essa resposta de Jesus quer nos indicar que não pode haver, entre nós, confusão entre a autoridade de Deus e o poder terreno. Como na Primeira Leitura, o Senhor é o único Deus. Só quem sabe dar a Deus o que é de Deus sabe dar a César o que é de César. Só quem sabe dar a Deus a sua vida, sua liberdade, seu amor, sua submissão, sua escuta da Palavra, seu respeito aos mandamentos – somente este saberá dar a César o que é dele. Não pode haver nenhum equívoco nesse sentido. O Reino de Deus é muito diferente do reino do mundo. Neste só existe o poder temporal, muitas vezes, a injustiça, mentira, falsidade, pecado, infidelidade – naquele sempre a autoridade divina, o amor, a paz, a justiça, a misericórdia.
Tudo é de Deus, mas o cristão sabe que é preciso também respeitar o poder terreno, civil. No entanto, busca para este os valores daquele. Busca para o poder terreno os valores que agradam a Deus, que nos fazem estar mais próximos Dele.
Somente dessa maneira, sabendo diferenciar o que é de Deus e o que é de César que poderemos sempre ser lembrados pela atuação da nossa fé (1Ts 1,1-5b). Somente dessa forma, o esforço da nossa caridade e a firmeza da nossa esperança poderão, de fato, estar em Jesus Cristo porque não haverá mais dúvida de que nós somos totalmente, inteiramente de Deus.
Que o Senhor Jesus nos ajude, nos tome pela mão para que durante a nossa vida possamos perceber que tudo que somos e temos é de Deus e que é a Ele que devemos servir de todo coração. Amém.
Eduardo Moreira Guimarães
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