Terminei, a pouco, de ler o livro "Sal da terra: o cristianismo e a Igreja Católica no limiar do terceiro milênio" de Joseph Ratzinger. Foi uma leitura bastante enriquecedora e, por isso, desejo aprtilhar alguns aspectos que mais refletiram na minha leitura e percepção pessoa.
O livro é uma entrevista, ou um diálogo, com Peter Seewald, onde o Cardeal, até então, reflete alguns assuntos interessantes e até polêmicos da fé cristã católica. Importante que começa fazendo um percurso na vida do entrevistado, no qual ele relata algumas experiências pessoas, familiares e da Igreja. Depois como padre, professor, Bispo, Cardeal e Prefeito da COngregação para a Doutrina da Fé.
Vou destacar apenas alguns elementos do livro que merecem alguma atenção, mas lembro que o mesmo merece uma leitura atenta e orante. São alguns momentos em que o Papa fala sobre a Igreja e os fiéis.
1) Cristianismo: experiência de novidade - sim, principalmente no nosso tempo, o Cristianismo deve ser uma novidade para os que conhecem Jesus mas não o seguem e para os que seguem, mas não assumem compromissos eclesiais e não assumem as atitudes de Jesus. o Cristianismo deve ser apresentado como uma nova descoberta da alegria e do sentido da vida que só tem definitiva realização em Deus, no Pai.
2) A identidade católica é uma experiência muito real - certamente, hoje, como no início da era cristã, o desafio de ser católico é muito maior, inclusive, podemos chegar a ser uma Igreja de minoria, como cita o cardeal. No entanto, isso também deve ser o nosso diferencial. Urge acolher e manifestar a nossa identidade católica, revelar ao mundo que o Deus no qual acreditamos, o Deus verdadeiro, veio até nós na fragilidade de uma criança para salvar a humanidade, para libertar da opressão e do pecado que só conduzem à morte.
3) O Cristianismo tem de ser feito na existência terrena do homem - claro, a vida acontece no hoje da história, em um tempo preciso, embora estejamos todos no grande tempo de Deus. Por isso, a vida do cristão deve manifestar a sua crença, o modo de ser desejado por Deus no qual transpareça claramente a proposta e a concretização, já aqui, do Reino de Deus. É ser cristão e testemunhar o caminho de Jesus no dia-a-dia da vida.
4) Expressar o que acreditamos e, assim, dizer algo às pessoas - faz-se necessário deixar de pensar somente em si mesmo, nos próprios sentimentos e abraçar também a vida comunitária, preocupar-se com o outro no sentido de fazê-lo feliz, de dar esperança, de mostrar que a morte não é a última palavra, mas a salvação que vem de Deus.
5) A Igreja é um elemento de liberdade - a Igreja não oprime as pessoas, não tira delas o bem mais precioso dado por Deus, a própria liberdade. Isso porque é comunitária é ser um com os outros. É transmitir valores como a partilha, a comunhão, o desejo de que, finalmente, sejamos todos um só rebanho com um só pastor que é o próprio Jesus Cristo. Nesse sentido, a Igreja é a Casa de Deus e Casa de irmãos, é o lugar onde todos se encontram e podem gozar das alegrias de fazer parte da família de Deus.
6) O amor fraterno tem de ser redimido, passar pela cruz para encontrar sua forma certa - vivemos em um mundo que o sofrimento e a dificuldade assustam demasiadamente as pessoas. Tem-se medo de sofrer, de encontrar barreiras e ostáculos a vida. No entanto, o nosso Deus encontrou no sofrimento, na humilhação a forma mais sublime de amar, a doação da própria vida para a remissão do mundo. Para nós, que somos cristãos, o sofrimento adquire uma dimensão diferente, especial, porque nele também se faz encontro com Deus, percebe-se a presença de Deus na vida e luta-se com esperança, na certeza de que existe alguém que caminha conosco. Este alguém não fez uma promessa em vão, mas cumpriu e realizou na certeza de estar conosco todos os dias até o fim dos tempos. Assim, o amor, o nosso amor, tem que ser redimido, precisa de alcançar outras pessoas, de alcançar (às vezes) nós mesmos que não nos sentimos amados, sequer por Deus. O Cristianismo é a experiência do amor, amor de quem se doa para que o outro tenha vida em abundânica.
7) É preciso transmitir a fé de outra maneira - a preocupação do Cardeal, continua a do Papa. Transmitir a fé de uma maneira totalmente nova, que encante, atraia e faça os corações arderem por Jesus. É descobrir o jeito de apresentar a verdade tão conhecida e sempre a mesma de uma forma nova, impactante. É colocar-se como Igreja verdadeira que caminha nos passos de Jesus, na acolhida, no amor, na fraternidade, na fração do pão e na comunhão com todos os irmãos, aprendendo sempre de Jesus a ser tudo para todos.
8) A Bíblia diz alguma coisa a cada um - esse é precisamente um ponto que o Cardela Ratzinger toca ao coração dos leitores. A Bílbia precisa ser redescoberta por nós, cristãos católicos. Assusta muito o fato de muitos católicos não saberem manusear a Palavra de Deus, não saberem econtrar os livros dos profetas, dos apóstolos. Tudo isso porque a Palavra de Deus precisa fazer-se mais real entre nós. A Palavra de Deus precisa ser lida, meditada, contemplada e vivida entre nós. É nela, na Tradição e no Magistério que estão a fonte da nossa fé.
Por fim, é preciso ser sempre sal da terra. Dar sabor ao mundo que recbemos de Deus e que precisamos cuidar porque é nosso, é nele que trilhamos nossos caminhos, fazemos nossa história, plantamos nossas sementes. É nele que começa o Reino de Deus que também é nosso, á medida que dele participamos. Poderemos até ser uma Igreja de minorias, da semente de mostarda, mas certamente, o desejo de dar sabor à esta terra continuará dentro de cada cristão porque seguimos Aquele que foi Luz das nações, de todos os povos. "A Igreja também adotará outras formas, já falamos disso. Parecer-se-á menos com as grandes sociedades para ser cada vez mais uma Igreja de minorias, para viver em pequenos círculos vivos de pessoas realmente convictas da sua fé e que atuem a partir dessa fé. Mas é precisamente assim que se tornará outra vez, para usar a expressão bíblica, o 'sal da terra'. Nessa mudança fundamental, a constante de que o Homem não é destruído na sua dimensão essencial volta a ser mais importante, e as forças que podem apoiá-lo como Homem tornam-se tanto mais necessárias".
Ser sal e nada mais...
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