Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas a Igreja inicia sua caminhada penitencial em vista da conversão pessoal e comunitária para melhor viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. É, o tempo quaresmal, espaço privilegiado para penitenciar-se a si mesmo através das práticas de caridade, de amor, de jejum, esmola e oração. É momento em que o próprio Cristo acompanha cada cristão na luta contra o mal, os vícios e os pecados que acometem o ser humano na caminhada rumo à pátria definitiva.
Nesta primeira celebração da Quaresma, a Liturgia nos remete aos mistérios da bondade e compaixão de Deus por seu povo quando este ouve do profeta (Joel 2, 12-18) que é tempo de voltar para o Senhor com todo o coração. Mais do que isso, é necessário rasgar não as vestes, mas o próprio coração - ou seja - a própria alma, o interior para que volte-se ao Senhor Deus, que é vosso Deus.
Essa volta, inclusive o tempo quaresmal é essencialmente tempo de volta, repercute no que cada fiel torna-se quando assume o compromisso de estar com o Senhor, ora de ser embaixadores de Cristo (2Cor 5, 20-6, 2), de falar em nome d'Ele. Por isso, faz-se urgente a reconciliação com Deus e com os irmãos. Diz bem São João em sua carta que quem diz que ama a Deus que não vê e odeia o irmão que vê é mentiroso. O amor a Deus manifesta-se e revela-se, primordialmente, no amor ao próximo, a quem está do lado, sofre e caminha junto.
É nesse sentido que a Quaresma é o momento favorável, o instante da salvação, porque tempo de praticar a justiça não diante dos homens para ser elogiado e visto por eles, mas diante de Deus que vê o que está oculto e no silêncio do próprio coração. Nessa dimensão, adquire sentido, o mandato de Jesus (Mt 6, 1-6.16-18) de dar esmola, orar e jejuar da forma mais discreta e mais simples possível. Se preciso, de forma que os homens não percebam, mas somente Aquele que em tudo ama e acolhe. É a ele que deve chegar o louvor, o sacrifício, a atitude da volta e da retomada da caminhada.
Concomitante ao Tempo da Quaresma, acontece no Brasil - desde 1964 - a Campanha da Fraternidade. O objetivo principal desta é despertar na sociedade a preocupação em viver a caridade, o cuidado com o próximo, com as realidades que mais sofrem nos dias atuais. É assim, sob essa ótica, que são escolhidos os temas para as campanhas. Esse ano, a Igreja apresenta a inquietação quanto à saúde do povo brasileiro. Por isso, luta e profetiza para que o sistema de saúde público busque atender todas as necessidades dos cidadãos porque é a saúde é um direito de todos, assegurado, inclusive, pela Constituição de 1988.
Que na caminhada quaresmal cada um se desperte para a participação nas políticas públicas referentes às famílias e "que a saúde se difunda sobre a terra" (Eclo 38,8).
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