Tem-nos preocupado muito ultimamente a situação da família na sociedade atual. Não raras vezes, vemos testemunhos de pais que não conseguem mais lidar com seus filhos, escutá-los, compreendê-los e ajudá-los diante dos desafios dessa sociedade inteiramente nova, moderna, tecnológica e virtual. Ao mesmo tempo, vemos filhos que não compreendem seus pais, suas limitações e suas manifestações de amor e carinho, bem como a preocupação com seu futuro, sua vida.
Não raramente também, a Igreja é questionada por suas posições frente à família, sua constituição e função na sociedade. Alegrou-me imensamente a mensagem do Santo Padre aos participantes do encontro dos responsáveis das Comissões episcopais da América Latina e do Caribe para a família e a vida, realizada em Bogotá.
A Igreja, mais uma vez, demonstrou-se muito atual e presente na vida da família. Ela não fecha os olhos diante da realidade, mas busca enfrentá-la com coragem, esperança e fé. Conhece e sofre com as amarguras que sofrem muitos lares do nosso continente e busca meios para ajudar, para solidarizar-se. Como disse o Papa: “constata-se com amargura que os lares sofrem situações cada vez mais adversas, provocadas pelas rápidas mudanças culturais, pela instabilidade social, pelos fluxos migratórios, pela pobreza, por programas de educação que banalizam a sexualidade e por ideologias falsas”. Como notamos, a Igreja preocupa-se com a realidade e os desafios da família hoje.
Porém, não fica em silêncio, mas procura uma luz. E Bento XVI nos demonstra em sua carta: “Não podemos permanecer indiferentes diante desses desafios. [...] No Evangelho encontramos a luz para os enfrentar sem desânimo. Com a sua graça, Cristo impele-nos a trabalhar com diligência e entusiasmo, para acompanhar cada um dos membros das famílias na descoberta do projeto de amor que Deus tem para a pessoa humana”. Todos nós nascemos de e em uma família. Somos seres gerados no amor e para amar. E a família e sua preservação deve ser um primeiro amor nosso, um primeiro movimento de quem está em sintonia com Deus que é amor-família-Trindade.
Ao mesmo tempo, como afirma o Sumo Pontífice, é necessário “continuar animando os pais no seu direito e na sua obrigação fundamentais de educar as novas gerações na fé e nos valores que dignificam a existência humana”, afinal “cada família” deve “levar a cabo a sua missão de ser célula viva da sociedade, sementeira de virtudes, escola de convivência construtiva e pacífica, instrumento de concórdia e âmbito privilegiado em que, de forma jubilosa e responsável, a vida humana seja acolhida e protegida, desde o seu início até ao seu fim natural”, afirmou.
E a Igreja, então, convoca-nos a sermos missionários na família. Inicialmente em nosso próprio lar, construindo um lugar de encontro com Cristo na oração, na escuta da Palavra e na prática da caridade. Depois, nas famílias que mais necessitam de auxílio, de esperança, de conforto e da presença de Jesus Cristo numa palavra e presença amiga.
Eduardo Moreira Guimarães
5º Período de Filosofia
Diocese de Cornélio Procópio – PR
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