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DEVOLVE-TE, POIS, A TI MESMO!

Estava estudando para uma avaliação de Antropologia filosófica e, como comumente, temos ouvido tanta notícia ruim, que resolvi partilhar com vocês um texto bem bacana! Lemos um jornal, vemos um noticiário na TV, vemos alguma coisa na internet. O fato é que estamos imersos em um meio com muitas informações tristes e violentas a todo momento. Então, nada como ouvir e ler algo que edifique a nossa alma e o nosso corpo. É um texto de um autor desconhecido da Idade Média citado no livro: ‘O espírito da filosofia medieval’ de Gilson Étienne com tradução de Eduardo Brandão, do ano de 2006 da Editora Martins Fontes. Na página 290 está o fragmento:


“Devolve-te pois a ti mesmo, senão sempre ou nem mesmo com freqüência, pelo menos de vez em quando. Põe-te sempre diante de ti, como se diante do outro, e chora a ti mesmo. Chora tuas iniqüidades e teus pecados, com o quais ofendeste a Deus, indica-lhe tuas misérias, mostra-lhe a malícia dos teus adversários e, enquanto te consomes assim em lágrimas, eu te rogo, lembra-te de mim. Porque eu, desde que te conheci, eu te amo em Cristo. Menciono a ti, quando todo pensamento ilícito merece castigo e todo bom pensamento, recompensa. Estando eu diante do altar de Deus, pecador mas padre, tua lembrança me acompanha. Tu me retribuirás por isso, amando-me e fazendo-me participar das tuas preces. É nelas que desejo estar presente contigo pela lembrança, quando tu vertes diante de Deus tuas preces por ti e por todos os que te rodeiam. Se eu digo presente, não te surpreendas, porque, se tu me amas eu sou tão presente a ti quanto tu o és a ti mesmo. Quicquid enim tu es substancialiter, hoc ego sum: tudo o que é substancialmente, eu sou. Sim, toda alma racional é uma imagem de Deus. Assim, aquele que busca em si a imagem de Deus, busca tanto seu próximo como a si mesmo, e quem a encontra em si, por aí tê-la procurado, conhece-a tal qual ele é em todo homem. porque a visão do homem é sua inteligência. Por isso, se tu vês, tu vês a mim, que não sou outro diferente de ti, e se tu amas a imagem de Deus, é a mim como imagem de Deus que tu amas; e eu, amando a Deus, te amo. Assim, buscando uma mesma coisa, estamos sempre presentes um ao outro, e presentes estamos em Deus, em quem nós nos amamos.”

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