VIRTUDES
FUNDAMENTAIS – VIRTUDES CARDEAIS - PRUDÊNCIA
A fé cristã nos ensina
que devemos nos esforçar diariamente para viver uma vida virtuosa. Desse modo,
somos convidados a fugir de todo e qualquer vício e nos dedicarmos à
compreensão e vivência das virtudes. Josef Pieper, filósofo católico alemão,
trabalha a partir dos escritos de São Tomás de Aquino as “Virtudes
fundamentais: as virtudes cardeais e teologais”[1] – título de sua obra.
Meu desejo, enquanto
sacerdote, é partilhar com os amigos, em pequenos textos, o fichamento dessa
obra e, dessa maneira uma contribuição com cada um na sua busca pessoal de
vivência conformada à vontade do Senhor. Ao mesmo tempo, eu, primeiramente, sou
aquele que está a caminho. Espero que esses abreviados artigos nos ajudem a
aproximarmo-nos de Cristo, o modelo perfeito de virtude.
A PRUDÊNCIA II
A virtude da prudência se
opõe a todo irracionalismo e voluntarismo. Por isso, o ato livre e responsável
recebe a sua forma quando é reto e bom. Esse processo se realiza a partir do
conhecimento. “Conhecer, porém, quer dizer que a realidade se torna clara e
nítida no espírito humano”, não nas trevas, mas na claridade.
É bom lembrar que “a razão
do cristão abrange também as realidades da fé. Desse modo, se houver temperança
nos apetites e não houver prudência na razão, a temperança nesse caso não será
virtude. São Gregório Magno afirma: ‘Se não é com a prudência que as outras virtudes
realizam o seu fim, então não podem de maneira alguma ser virtudes’”.
“Não se modifica o fim
último do agir humano e a sua direção fundamental. Em qualquer ‘condição’ do
homem subsiste, sempre e acima de tudo, o dever de ser justo, corajoso e temperado.
Nesse sentido, o perigo de se desumanizar é necessariamente tanto maior e mais
ameaçador quanto mais diretamente a ânsia de certeza se aplicar aos meios de
decisão da pessoa espiritual”.
“Só o homem real que se
decide tem (ou pelo menos pode ter) a
experiência da concreta situação do agir concreto. [...] Só o amigo, só o amigo
prudente pode penetrar na decisão do amigo, decisão que no amor se torna como
que propriamente sua e não é portanto ‘de fora’ que ele a vê. É possível ao
amigo – mas só ao amigo, só ao prudente
amigo – ‘indicar’ consultivamente a decisão conveniente, ou ainda ‘reconstitui-la’
depois, de um ponto de vista por assim dizer judicial. Este prudente amor de
amizade (amor amiticiae) – é condição
imprescindível da verdadeira direção espiritual”.
“O agir humano tem duas
formas fundamentais: a ação (agere) e
a operação (facere), porque os atos
morais do homem não são operações de forma técnica mais ou menos fixável. São passos
no caminho da autorrealização. [...] Não existe nenhuma ‘técnica’ do bem e do
aperfeiçoamento”.
Por isso, a importância
de educar para a prudência. “Para a prudência quer dizer; para a avaliação
objetiva da concreta situação do agir concreto, e para a capacidade de tirar
desta avaliação uma decisão concreta. [...] A primeira das virtudes cardeais
não é apenas o índice da maioridade moral; é também, e precisamente por isso, o
índice da liberdade”.
[1]
PIEPER, Josef. Virtudes fundamentais: as virtudes
cardeais e teologais. Tradução de Paulo Roberto de Andrada Pacheco. São Paulo:
Cultor de Livros, 2018. p. 37-49.
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