No
Rio de Janeiro é visível a preocupação com a defesa da fé, mas, de certo modo
em Medellín essa preocupação também aparece, mas não de forma apologética. No
discurso do Papa, fichado acima, aparece, em vários momentos, conselhos,
apontamentos para que a fé da Igreja não seja confundida, nem contaminada com
ideologias, projetos etc.
A
grade inovação de Medellín é, justamente, a sua preocupação com o todo da
Igreja e do mundo. A Igreja latino-americana olha para a realidade de seu povo
que engloba todos os problemas que este grande continente enfrenta. Se no Rio
preocupava-se com os assuntos intra-eclesiásticos, em Medellín a grande
novidade trazida é a dimensão do Povo de Deus, da afirmação da base laical (não
necessariamente em plena submissão ao clero), uma bonita valorização colegial da
Igreja, espírito ecumênico, diálogo inter-reiligioso, uma nova relação da
Igreja com o mundo e com os fieis.
No
Rio já haviam sido dados passos interessantes como: atenção à formação dos
sacerdotes (retomado em Medellín), trabalho vocacional, certo interesse pelo
panorama social, sobretudo da industrialização. Apostolado dos leigos, cuidado
com a instrução religiosa, olhar especial para a questão indígena, catequistas,
imigração, justiça social.
Esses
assuntos foram trazidos desde a Conferência do Rio, tendo em vista que já
aconteciam vários movimentos de renovação como: catequético, litúrgico,
teológico. Medellín recebe todo o resultado de um grande trabalho e esforço de
renovação e de enfrentamento das mudanças da sociedade, da crise de fé, dos
paradigmas religiosos até então aceitos indiscutivelmente.
É
de citar também a crescente conscientização das riquezas do continente
americano e, ao mesmo tempo, o desejo de mudanças radicais em favor dos pobres,
dos oprimidos, excluídos. A dimensão política está com toda uma movimentação
popular, estudantil, sindical e busca, por meio de manifestações e revoluções,
uma mudança.
Finalmente,
Medellín tratou vários problemas já levantados na Conferência do Rio: a
industrialização, os trabalhadores do campo a realidade social, a categoria
‘sinais dos tempos’. Mas é preciso dizer também que rompeu com a teologia
apologética e clerical da primeira conferência. A temática da libertação contra
a opressão que sofriam os povos americanos foi a marca de Medellín.
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