A vocação de Ezequiel é permeada ao
menos de três momentos: vocação, missão, dificuldades. É a vocação do profeta
que ao longo dos anos se identifica com a vocação de todos os que desejam
seguir mais radicalmente ao Senhor. No início há o chamado, como o foi com o
sacerdote Ezequiel: “Pousou sobre ele a mão do Senhor” (1, 3b). Da parte de
quem é chamado espera-se uma resposta que deve ser de acordo com o caminho
apontado a seguir, “[...] todos caminhavam para a frente (1, 9b) “[...]
seguindo a direção em que o espírito os conduzia” (1, 12). A todos os
escolhidos é mostrada a glória do Senhor, aquilo que ele quer de cada um,
porque Ele fala com o que convocou e elegeu: “[...] ouvi a voz de alguém que
falava comigo” (1, 28b. 2, 1). E o próprio espírito do Senhor entra naquele que
o escuta (2, 2). Um dia também nós, de alguma forma sentimos esse chamado e,
por isso, estamos no caminho!
No entanto, o chamado não é fechado em si. Há uma
razão de ser! Há uma missão: “[...] enviar-te-ei aos israelitas [...]” (2, 3). Aquele
que se dispõe a seguir o Senhor não deve ter medo do que vai encontrar, das
consequências do que vai desempenhar,“[...] não tenhas medo deles nem das suas
palavras” (2, 6. 3, 9b). Não há de temer porque não se fala em próprio nome,
mas transmite as palavras daquele que envia (2, 7. 3, 4). Nessas palavras podem
estar contidos“[...] ‘Lamentações, gemidos e prantos’” (2, 10b). No entanto,
certamente são palavras que tem uma mensagem, que realizam o que dizem e que
não desamparam nem o povo nem o que a transmite (2, 3c). Quantas vezes não
experimentamos a amargura dessas palavras, o quanto elas exigem de nós!
Na vocação-missão há
dificuldades, há momentos em que titubeamos e que o desânimo se aproxima. Não
poucas vezes o caminho é árduo e pesado. Há os que não escutam, desprezam o que
para nós é o essencial, o maravilhoso: “[...] a casa de Israel não quer
escutar, porque não quer escutar a mim” (2, 7). Mas da parte do vocacionado há
sempre a presença do Senhor que instruí, “[...] tudo que te disse, recolhe-o no
teu coração, ouve-o com toda atenção, e dirigi-te aos exilados [...]” (3,
10-11). Certamente na vida vocacional não se vai sozinho, mas é o espírito do
Senhor que conduz mesmo quando estamos amargurados, tristes ou desanimados (3,
14), porque a missão é de Deus, o povo é Povo de Deus.
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