Uma boa pergunta para aqueles que creêm. Esse é o tema do livro entrevista de Bento XVI (até então Cardeal Ratzinger - católico), Paolo Flores d'Arcais (ateu) e o entrevistador Gad Lerner (judeu). Por sinal, um debate muito interessante, dado que a diversidade de crenças e de pensamentos é extrema.
Foi com essa ideia que comecei a ler o livro que encontrei na Feira Internacional do Livro em Palmas - TO. Um título intrigante para quem crê, uma experiência fascinante para quem lê. É composto por dois artigos. O primeiro de Ratzinger que fala sobre a "PRETENSÃO DA VERDADE POSTA EM DÚVIDA: a crise do cristianismo no início do terceiro milênio" que discorre sobre a crise de verdade pela qual o mundo do terceiro milènio vem passando e da qual cada um que vive nesse tempo é testemunha. Nessa ótica, Card. Ratzinger fundamenta seu escrito na verdade que deve ser aceita e compreendia: Deus, o amor supremo. Só esse amor, esse pensamento único de um Deus que se revela como amor e, portanto, como Verdade pode salvar a humanidade dessa crise de sentido.
Num segundo momento, o livro traz o debate entre o purpurado católico e o escritor ateu. Debate interessantíssimo porque são abordados vários temas como a verdade, a crise do cristianismo, os direitos humanos, a história da Igreja e da humanidade, dentre outros. O que se percebe é a tonalidade e fineza do discurso, bem como as inteligentes respostas de quem se dispõe a falar sobre o que mais estuda e escreve.
Finalmente, o livro é encerrado com o artigo de Paolo Flores nomeado "ATEÍSMO E VERDADE", momento em que o autor vai discutir e apresentar a sua compreensão da Igreja como alguém que a olha de fora, bem como as percepções de pecado, divino, religiosidade protagonizando um discurso a favor da religião cristã católica enquanto tentativa de explicar a fe, de torná-la conhecida. Talvez aqui minha maior surpresa no sentido de ouvir de um ateu um discurso eminentemente católico, pelo menos penso eu. Uma defesa interessante sobre uma religião que busca compreender sua fé e não permanecer apenas numa religião do sentido, mas da razão, onde essa busca compreender o que se crê. Além disso, coloca a questão de Deus manter-se no silêncio dado que se ELE é o criador de tudo, o mais perfeito, por que não poderia ser plenamente conhecido pela razão? Por que é tão oculto?
Além disso, concorda que sobre o que não se sabe com propriedade é melhor calar-se e afirma que os crentes possuem maior sensibilidade para com os outros, concluindo seu escrito com a seguinte frase, "A pedra onde tropeçar é, para o cristão, a tentação de ditar lei - em nome de um pretensa 'lei natural' -, que coincide sempre, que coincidência com a palavra ex cathedra. A pedra onde tropeçar é, para o ateu, a incapacidade da caridade".
Excelente leitura...
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