Nesse final de semana celebramos o IV DOMINGO DO ADVENTO. Estamos encerrando esse Tempo litúrgico tão especial para a vida da Igreja. E a liturgia deste domingo nos faz um grande e inquietante convite repetido por São João Paulo II: "Abri as portas ao Redentor" (Bula de proclamação do Jubileu da Redenção - 1983). Ou, como diz o salmo 23: "Abri as portas para que Ele possa entrar".
Celebrar o Advento é celebrar a nossa disposição interior de preparar nosso coração, nossa casa, nossa família, nossa comunidade, a sociedade e a humanidade inteira para que o Senhor Jesus entre. Como diz Isaías "Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador!" (Is 45, 8 - Antífona de Entrada).
A vinda próxima do Senhor é, portanto, momento de abrir o coração e a mente para perceber o sinal de Deus: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel" (Is 7, 14). A encarnação do Filho de Deus cumpre as promessas de Deus a seu povo. Deus que outrora preparara o caminho para sua estada no meio de nós pela sua misericórdia para com Seu povo, pelos nossos pais na fé, pelos profetas, pelos reis, surge na nossa história, na nossa humilde humanidade: "A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo" (Mt 1, 18). É a divindade de Deus tocando nossa carne frágil, pecadora e desobediente. É o extraordinário de Deus entrando na ordinariedade do humano, do criado, do imperfeito.
Não foi fácil para Maria acolher o projeto de Deus em sua vida. "Como se dará isso?", ela diz em outra passagem (Lc 1, 26s). Também não foi simples para José ver Maria grávida. Mas os projetos de Deus são perfeitos. Ele mesmo envia Seu anjo para avisar José em sonho dos Seus desígnios. E José faz "como o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa" (Mt 1, 24).
As dúvidas, as indecisões elas podem ocorrer em nossa vida, mas quando estamos imersos em Deus, superamos, aceitamos de prontidão como Maria e José os planos de Deus para nós. Aquele que vai nascer tem um nome: "Emanuel" (Is 7, 14) - Deus está conosco! José mesmo é quem vai chamar-lhe "Jesus" - "pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados" (Mt 1, 21).
Não tenhais medo, antes, "procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!" (Papa João Paulo II no discurso inaugural de seu pontificado, 22 de outubro de 1978). Não tenhamos medo de Jesus Cristo. Ele vem para nos salvar, Ele vem para nos libertar.
Salvos, libertos, somos escolhidos por Ele para o Evangelho, d'Ele recebemos "a graça da vocação para o apostolado" (Rm 1, 7). Sejamos missionários! Ajudemos o mundo a acolher Jesus, a deixá-lo nascer em nós! Deixemos Ele falar em nós.
Ainda, como lembrou São João Paulo II: "Hoje em dia muito frequentemente o homem
não sabe o que traz no interior de si mesmo, no profundo do seu ânimo e
do seu coração, muito frequentemente se encontra incerto acerca do
sentido da sua vida sobre esta terra. E sucede que é invadido pela
dúvida que se transmuta em desespero. Permiti, pois — peço-vos e vo-lo
imploro com humildade e com confiança — permiti a Cristo falar ao homem.
Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna" ( Discurso inaugural de seu pontificado, 22 de outubro de 1978).
No dia 17 iniciamos a preparação próxima para o Natal, como que a "Semana Santa" que nos prepara para celebrar a chegada de Deus no meio de nós. Permitamo-nos estar com Jesus Cristo, estar com o Emanuel, porque Ele é a resposta concreta de Deus aos nossos clamores!
Pe. Eduardo Moreira Guimarães
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