2º DOMINGO DA QUARESMA - "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64, 4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1Cor 2, 9)

"Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64, 4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1Cor 2, 9)

Nesse domingo a liturgia da Igreja celebra o 2º Domingo da Quaresma com o texto bíblico da Transfiguração do Senhor. Jesus toma três de seus discípulos (os seus mais próximos, talvez) Pedro, Tiago e João e leva-os a um lugar à parte, sobre uma alta montanha (Mt 17, 1). 

De início percebe-se que não é a montanha que o maligno leva Jesus para oferecer-lhe poder e glória, "[...] mas a montanha na qual os seus mais íntimos vão poder descobrir o caminho que leva à glória da ressurreição" (Pagola). 

Nisso aparecem Moisés e Elias conversando com Jesus e a proposta de Pedro que prontifica-se a construir três tendas e a permanecer naquele lugar (Mt 17, 4). Nota-se a incompreensão de Pedro que não percebe que Moisés e Elias, que representam a lei e os profetas, estão orientados e subordinados a Jesus. Não importa o lugar, importa,aqui ou ali, estar sempre com Jesus. 

De repente, aparece uma voz do céu que diz: "Este é meu Filho amado no qual pus o meu agrado' (Mt 17, 5b). Ou seja, escutai ao Filho de Deus e a mais ninguém. Escutai somente Aquele que é o enviado, o perfeito legislador, o perfeito cumpridor da Lei. Com isso, os discípulos caem com o rosto por terra (Mt 17, 6-7) e Jesus mesmo toca neles. Levantam-se e não veêm mais ninguém a não ser Jesus. "Só veêm o Senhor: o Jesus de sempre, que por vezes sente fome, que se cansa, que se esforça por ser compreendido" (Carvajal). 

Nesse gesto de ver somente a Jesus também o cristão e a cristã deste tempo precisam encontrar a Jesus na vida corrente, no dia-a-dia, no trabalho, na rua, nos que estão à volta, na oração, no sacramento da Penitência, na Eucaristia (Cf. Carvajal). Jesus se faz presente hoje, agora, na vida de cada um!

O mesmo Jesus que esteve no Tabor com os discípulos está hoje na história, ao lado de cada pessoa, dos que vivem, dos que trabalham, dos que sofrem, dos que são felizes. O relato da Transfiguração leva a compreender que Jesus sempre atuam assim com os que o seguem: "no meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar" (Carvajal). 

Diante das vicissitudes da vida o olhar de cada ser humano deve dirigir-se para o que  está reservado para aqueles que Deus ama: "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64, 4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1Cor 2, 9)". É Jesus mesmo que dá aos discípulos uma pequena demonstração de toda glória, bondade e misericórdia que há nos céus. Por isso, "nada vale tanto como ganhar o Céu"' (Carvajal). 

No entanto, para ganhar o céu são necessárias algumas atitudes. A Primeira Leitura pode ajudar nesse sentido. "Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar" (Gn 12, 1). É um grande convite para o desinstalar-se, abrir-se à novidade do Reino que acontece na história, no hoje. 

Tudo isso, tendo em vista a causa do Evangelho, aceitar a recomendação do apóstolo Paulo para sofrer pela causa do Evangelho (2Tm 1, 8), sofrer no sentido de deixar o Senhor falar, o Senhor guiar a vida e os rumos, os caminhos que devem ser percorridos por cada homem e mulher. Desse modo, a vocação à santidade será o mais importante e correr-se-á para ver brilhar a luz da vida que o Senhor concede por meio da sua Palavra.

Que o Senhor Jesus ajude a todos a buscar a sua face e a nunca separamo-nos d'Ele. Amém!