“Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro”
Nosso coração se enche de alegria porque celebramos hoje a Solenidade de Todos os Santos. Celebrar todos os santos é reconhecer que existem muitos homens e mulheres que souberam ouvir a Palavra de Deus, deixaram com que ela ganhasse força e espaço dentro de si mesmo, meditaram-na, e transmitiram essa Palavra de diversas maneiras. Uns anunciando em terras distantes, outros vivendo-a na solidão, outros ainda nos espaços de trabalho, de estudo, de lazer, de convivência. O fato é que houve um encontro definitivo que marcou suas vidas: o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja (Bento XVI, Porta Fidei, n. 11), com Jesus Cristo.
Nesse sentido, lembramos todos aqueles que receberam a glória dos altares, mas lembramos e rezamos por todos aqueles que viveram a sua vida na simplicidade e na humildade de cada dia, mas que foram santos e santas aos olhos de Deus. Diante do mundo pareciam não ter nenhum valor, nenhuma importância, mas diante de Deus fizeram a diferença, foram relevantes porque souberam amar na simplicidade, doar-se nas pequenas coisas diárias.
Todos esses são aqueles que vieram da grande tribulação (AP 7, 2-4.9-14). Foram pessoas como nós que também viveram, sofreram, mas souberam – sobretudo – amar e deixarem-se ser amados. Foram homens e mulheres de seu tempo, viveram neste nosso mundo, mas não se conformaram com a realidade que encontraram e lançaram-se à transformá-la. Doaram tudo o que tinham, de uma forma ou de outra, para ver a Palavra de Deus frutificar em si mesmos. Alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro. Perceberam que sozinhas nada poderiam fazer, mas com o Mestre nada é impossível.
Por isso, celebrar a Solenidade de Todos os Santos é voltar o olhar para nós que ainda estamos no mundo. Somos nós os convidados para esta mesma vida de santidade. A meta da santidade não pode ser algo longe de nós e nem devemos nos esquecer que o nosso desejo primeiro é ser santos como o Pai dos céus é santo. A Igreja nos apresenta caminhos de santidade, mas a opção por ela no dia-a-dia é de cada um. A santidade é pessoal e comunitária. Sou santo à medida que contribuo para que as pessoas que estão ao meu redor também sejam santas.
Ser santo não é ser passivo diante das situações da vida, mas é saber enfrentá-las com a serenidade daqueles que são os filhos de Deus – e nós o somos (1Jo 3, 1-3)! É porque somos filhos de Deus que podemos nos purificar, nos tornar mais após a lidar com as circunstâncias da vida que são, por vezes, dolorosas, pesadas e difíceis. É assim que nós, cristãos e cristãs, devemos entender que as palavras de Jesus no Evangelho de hoje são primeiramente para nós (Mt 5, 1-12a). Nós é que devemos ser os bem-aventurados. Os pobres em espírito. Os aflitos. Os mansos. Os que têm sede e fome de justiça. Os misericordiosos. Os puros de coração. Os que promovem a paz. Os que são perseguidos por causa da justiça. Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim.
Bem aventurados somos cada um de nós quando nos dispomos a confiar inteiramente neste que nos fala e que é a razão da nossa fé e da nossa esperança. Recordando hoje tantos e tantas que passaram por esses caminhos do mundo e souberam viver conforme os ensinamentos do Senhor Jesus, peçamos a intercessão de todos e de cada um deles para que a Igreja, neste tempo tão difícil e desafiador, continue a mostrar e fazer reluzir na sociedade a santidade que se encontra nela. Amém.
Eduardo Moreira Guimarães
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