Hoje a Igreja celebra o XXVIII Domingo do Tempo Comum. A Liturgia deste domingo convida à adesão à fé, a confiar na misericórdia do Senhor e à gratidão para com tudo que Deus sempre realiza em nossas vidas.
A primeira Leitura recorda a cura de Naamã, o sírio, curado de sua lepra por obra do profeta Eliseu (2Rs 5, 14-17). O que aprendemos com essa passagem bíblica? Dentre outras coisas, que Deus não cura apenas
por curar, mas que de um milagre em nossa vida Ele quer atrair-nos a Ele, quer nos fazer o convite da fé, da adesão a Si. Ou seja, o Senhor serviu-Se do milagre de Naamã para conduzi-lo à fé.
O Evangelho desse domingo relata fato parecido. Jesus que, no caminho para Jerusalém, passa entre a Samaria e a Galiléia (Lc 17, 11-19). Nesse percurso, dez leprosos o procuram implorando compaixão. Esses leprosos nos ensinam que é preciso confiar na misericórdia do Senhor, confiar que Ele pode nos curar! Além disso, eles nos mostram o caminho da cura, "seja qual for a lepra que tenhamos na alma: ter fé e sermos dóceis àqueles que, em nome do Mestre, nos indicam o que devemos fazer. A voz do Senhor repousa com especial força e clareza nos conselhos que recebemos na direção espiritual" (F. Fernandez-Carvajal).
Outro dado interessante relatado no Evangelho é que, "enquanto caminhavam", ficaram curados, limpos. Quando estamos parados em nós mesmos, nas nossas angústias e dificuldades, dificilmente ficaremos curados. É necessário acorrer ao Mestre Jesus e fazer o que Ele pede a nós, ir até àqueles que Ele mesmo nos indica.
Nestes dois relatos de cura, sentimos a presença de Deus de modo admirável, miraculoso, que transforma uma realidade de sofrimento na vida. O que Deus quer com essa entrada surpreendente na realidade humana é nos fazer acreditar que, depois de toda dor, de todo sofrimento, há a alegria eterna, sem fim. "O milagre tem a finalidade de nos fazer acreditar numa promessa tão inaudita; nós cremos que Deus verdadeiramente enxugará um dia cada lágrima de nossos olhos e que nos dará a vida eterna, porque, enquanto estamos ainda na carne e enquanto caminhamos na fé, o temos visto já enxugando uma lágrima e fazendo reflorescer uma vida apagada" (R. Cantalamessa).
Imaginemos, portanto, que com a cura os leprosos foram tomados por uma grande alegria. No entanto, diante de tanta alegria, esqueceram-se de Jesus. Somente um, o samaritano, voltou para agradecer. Possivelmente voltou pulando de felicidade, glorificando a Deus, como conta Lucas, e prostrou-se aos pés de Jesus.
Mas Jesus esperava não só o samaritano. Esperava os outros nove também. Onde estão os outros?, pergunta. o episódio narrado no Evangelho de hoje nos ajuda a lembrar que Jesus também espera por nós, por todos nós! Temos de sempre agradecer ao Senhor por todas as maravilhas que Ele realiza em nossa vida. Com frequência temos melhor memória para as nossas necessidades e carências do que para agradecer, para louvar por tudo aquilo que recebemos de Deus e dos irmãos e irmãs.
Às vezes ficamos muito preocupados com aquilo que nos falta e esquecemos de tudo o que possuímos, de todo o bem que nos fazem diariamente. Por isso, precisamos fazer um grande exercício na nossa vida: aprender a agradecer sempre. Toda a nossa vida deve ser uma grande ação de graças a Deus. "Em tudo dai graças a Deus" (1Ts 5, 18).
O samaritano também foi agraciado com o dom da fé. "Levanta-te e vai; a tua fé te salvou". A quem é dado, será dado ainda mais, a quem não é dado, ainda o que tem será tirado, lembra-nos o próprio Jesus (Mt 13, 12). Tenhamos uma memória agradecida ao Senhor. Cantemos sem cessar a Ele, porque realiza em nós grandes coisas.
Nós, que vivemos pela fé, temos constantemente vários motivos para agradecer ao Senhor. Como afirma São Bernardo, "Não há ninguém que, por pouco que reflita, não encontre facilmente motivos que o obrigam a ser agradecidos com Deus [...]. Ao conhecermos o que Ele nos deu, encontraremos muitíssimos dons pelos quais devemos dar graças continuamente".
E agradecer a Deus é reconhecer que Ele coloca pessoas na nossa vida para nos ajudar, para rezar por nós, para nos estender a mão ou nos ouvir. A nossa ação de graças contempla também esses irmãos e irmãs que estão sempre unidos a nós nos fazendo o bem. Na verdade, "não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular e extraordinária. Não deixemos passar o exame de consciência de cada noite sem dizer ao Senhor: 'Obrigado, Senhor, por tudo'" (F. Fernandez-Carvajal).
A Liturgia desse final de semana ensina que o milagre maior pelo qual devemos dar graças sempre é o máximo dos milagres de Deus: Ele ressuscitou Jesus da morte! O nosso Deus é o Deus da vida. Por isso, o milagre que ele realizou em Jesus, Ele realizará em cada um de nós. "Se com ele morremos, com ele viveremos" (2Tm 2, 11). Desse modo, o agradecimento ao Senhor não é somente pessoal, mas é o "Obrigado" da Igreja inteira que em cada celebração rende graças ao Senhor pela salvação concedida a todos nós em Jesus Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Muito bonito. Palavra de vida.
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